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terça-feira, 25 de março de 2014

Como os Ianques não tem “coragem” de enfrentar militarmente Putin, as sanções econômicas dos EUA e UE contra a Rússia acabarão reforçando os BRICs


Os Estados Unidos são covardes e oportunistas que se assemelham aos homens que batem nos fracos e em mulheres. Enfrentar a Russia? Nunca! Teriam pela frente um número infindável de misseis balísticos intercontinentais com ogivas nucleares múltiplas e outras dezenas em submarinos nucleares a "meio" metro da costa ianque. Sem contar o seu arsenal militar que é desconhecido pelo ocidente desde a muito tempo. Estatísticas de especialista acadêmicos de universidades ou de jornais do blá blá blá, não conferem com a realidade militar da ex União Soviética. Ademais, os canalhas não dispõem mais de aeronaves espaciais, até porque, esta tarefa de levar e trazer os seus astronautas para a SSI (Estação Espacial internacional) cabe unicamente a Russia e a China que, aliás, são os únicos países do mundo com esta capacidade. Para os Russos, os Estados Unidos da América não passa de um tigre de papel... Vale lembrar que os russos e os chineses estão no melhor momento de seu relacionamento.
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Por Liga Bolchevique Internacionalista

O Imperialismo ianque dispõe sem sombra de dúvida do maior e mais avançado aparato bélico do planeta, são capazes de devastar as forças militares de um país sem sequer precisar “sujar” as botas de seus Marines em solo inimigo, como aconteceu recentemente na Líbia. A capacidade de atacar com absoluta precisão alvos muito remotos e até mesmo “neutralizar” eletronicamente equipamentos militares adversários é uma característica muito particular da “extraordinária” máquina de guerra dos EUA, isto é claro sem mencionar seu colossal arsenal nuclear. Mas outra característica marcante das tropas ianques é a sua extrema covardia, própria de um corpo militar composto hoje majoritariamente por elementos mercenários, sem uma “bandeira” para lutar, que ingressam nas forças armadas através de um contrato comercial (temporário) de trabalho, no caso de cidadãos norte-americanos, ou de vantagens jurídicas como vistos de permanência (Green Card) no caso de imigrantes. A rotunda derrota militar do imperialismo na guerra do Vietnã, convulsionando internamente os EUA, impôs todo um reordenamento de seu exército e marinha, chegando mesmo a ter que separar a legendária corporação de “vanguarda” dos Marines de uma de suas armas militares regular, transformando-a institucionalmente em um corpo de mercenários como foi a Legião Estrangeira da França que atuava em suas colônias na África. Estas características atuais do aparato militar ianque explicam em grande parte a covardia do governo Obama em enfrentar adversários de real potencial de resistência, como Coreia do Norte, Irã, Síria e o mais “perigoso” a Rússia. Os “falcões” do Pentágono se mostram muito “valentes” quando se trata de atacar países quase indefesos militarmente, quando uma primeira investida aérea de seus caças já consegue destruir completamente as defesas da nação oprimida. Por isso, na crise internacional deflagrada pela separação da Crimeia do governo fascista instalado em Kiev, os chefes militares dos EUA “aconselharam” Obama a usar o peso econômico do Império e refugar qualquer “aposta” em uma aventura bélica contra a Rússia. O Secretário de Defesa ianque, Chuck Hagel, que parece não querer “imitar” os papéis de seu homônimo belicoso Chuck Norris, em uma longa ligação telefônica com o ministro russo Sergei Shoigu, afirmou que os EUA descarta qualquer possibilidade de confronto com as forças do antigo Exército Vermelho. Restou a Obama coordenar com seus “colegas” imperialistas, como Merkel e Hollande, uma retaliação econômica a Rússia, no sentido de uma gradual retração das importações de gás e commodities agrícolas por parte do continente europeu. Para Putin e seu staff restauracionista na medida em que estas sanções entrarem em vigor restará a Rússia intensificar seu comércio com os mercados da China e Índia, levando objetivamente a um reforço de conjunto das relações financeiras no interior do bloco dos BRICs, o que poderá colocar o Brasil como um novo parceiro preferencial de Moscou.

Na Ucrânia Putin colocou novamente o governo Obama em situação extremamente delicada e que está deixando às claras a covardia do império em enfrentar inimigos com pelo menos alguma capacidade de “resposta” militar. Primeiro foi o recuo na Síria, logo após a Casa Branca anunciar que iria atacar o país em poucos dias a Rússia anunciou que apoiaria Assad em caso de uma agressão externa, Obama vergonhosamente desistiu do bombardeio abrindo um precedente muito perigoso para a nação mais “poderosa do planeta”. Novamente as bravatas do imperialismo ameaçando Moscou no caso da “anexação” da Crimeia caíram como um castelo de cartas, deixando como opção “militar” para o Pentágono a humilhante via de armar bandos fascistas em Kiev, além de tentar organizar uma oposição fundamentalista islâmica entre o povo tártaro que habita a península do Mar Negro. Esta tem sido a “tática” preferencial do imperialismo ianque diante dos regimes nacionalistas burgueses que busca derrocar em todo mundo, ou seja, impulsionar hordas neofascistas e grupos muçulmanos raivosos contra o comunismo, que consideram como o satã na terra. Por mais inacreditável que possa parecer são estes setores alimentados pelos EUA, ultrarreacionários e de extrema-direita, os que são considerados como “revolucionários” pelos revisionistas da LIT/ PSTU.

Os seguidos refugos da Casa Branca diante de Putin tem incrementado com muita força o retorno do nacionalismo russo, que neste momento tenta novamente delinear sua “zona de influência” como nos tempos soviéticos. Desde a destruição contra-revolucionária das conquistas operárias na antiga URSS, o bando restauracionista, inaugurado por Yeltsin, vinha desestimulando qualquer atrito político ou militar com o imperialismo europeu e ianque, neste sentido as parcas manifestações nacionalistas russa eram duramente reprimidas pelo Kremlin. Mas a chamada “revolução laranja” ocorrida em 2004 na Ucrânia ascendeu o “alerta vermelho” para os restauracionistas, era necessário parar de se “agachar” perante os EUA ou se transformariam em mais um “quintal” do imperialismo ianque. Neste período este setor estatal já convertido em burguesia russa (a restauração capitalista havia terminado por completo) era comandado por Putin, um ex-dirigente da KGB e simpatizante distante do velho stalinismo. Com o fortalecimento econômico da Rússia no final da década passada, produto das exportações de Gás e Petróleo para a Europa, os projetos da poderosa indústria bélica foram reiniciados, tendo como marco o lançamento do moderno caça Sukhoi, único supersônico do planeta com capacidade de enfrentar os F-18 norte-americanos.

Ainda é muito cedo para fechar uma caracterização rigorosa sobre a dinâmica política que vem assumindo o “novo” nacionalismo russo, sob a égide de Putin, mas já podemos afirmar que se trata de um fenômeno radicalmente distinto do nacionalismo neofascista ucraniano, por exemplo. Também seria uma completa tolice para o marxismo caracterizar este vetor nacionalista como uma expressão do “neo-imperialismo russo”. A Rússia, desde sua “reconstrução” capitalista (favor não confundir com a destruição da URSS), vem se configurando como uma semicolônia do imperialismo europeu, fornecedora de commodities agrominerais de baixo valor agregado. Sua avançada indústria bélica (herança do Estado operário soviético) sofre um duro bloqueio comercial dos EUA, sendo que poucos países tem a “ousadia” para comprar as armas russas, Venezuela e Síria fazem parte deste “seleto” grupo. Como não pode se basear na venda de equipamentos bélicos para acumular divisas cambiais, a Rússia tem organizado sua economia em torno da Gazprom, principal empresa exportadora do país. Seria tão estúpido, do ângulo científico do Leninismo, considerar a Rússia imperialista tanto como qualificar politicamente seu atual curso nacionalista burguês de enfrentamento com o imperialismo como “reacionário”. A história mundial tem demonstrado que a movimentação social de setores das burguesias nacionais podem oscilar politicamente de acordo com a etapa da luta de classes. Podemos citar o exemplo do nacionalismo “getulista” no Brasil, que transitou da aberta simpatia do fascismo a um tímido anti-imperialismo latino americano, o que lhe custou o segundo governo e a própria vida.

Não seria nenhum absurdo teórico prognosticar que no atual período histórico, de profunda ofensiva neoliberal do imperialismo, venha a ocorrer o deslocamento de setores da burguesia nacional em alguns países, para o campo político do anti-imperialismo. Este foi o caso da Venezuela do coronel Chávez e poderá ser também uma possibilidade para a Rússia do ex-agente da KGB Putin, somente a evolução da luta de classes dará a última palavra. Por hora o certo mesmo é que na medida em que o imperialismo ianque decida como punição a sua “intervenção” política na Crimeia cercar comercialmente a Rússia, reduzindo seu mercado de exportações para a Europa, o bloco do BRIC surja como uma forte alternativa econômica, até então secundarizada pelo governo de Moscou.

quarta-feira, 19 de março de 2014

ALTAS DOSES DE RANCOR E SADISMO INATO


Por Celso Lungaretti 
Jornalista e escritor

ignóbil matéria-de-capa da edição 2365 da veja continua despertando a indignação dos justos.

Do ponto de vista jornalístico, a palavra final foi dada pelo grande Alberto Dines, lenda viva da imprensa brasileira, que afirmou (vide íntegra do artigo aqui):
"José Dirceu, a Vida na Cadeia não é reportagem, é pura cascata: altas doses de rancor combinadas a igual quantidade de velhacaria em oito páginas artificialmente esticadas e marombadas. As duas únicas fotos de Dirceu (na capa e na abertura), feitas certamente com microcâmera, não comprovam regalia alguma.
Ao contrário: magro, rosto vincado, fortes olheiras, cabelo aparado, de branco como exige o regulamento carcerário, não parece um privilegiado. Se as picanhas, peixadas e hambúrgueres do McDonald’s supostamente servidos ao detento fossem reais, Dirceu estaria reluzente, redondo, corado. Um preso em regime semiaberto pode frequentar a biblioteca do presídio, não há crime algum".
Os defensores dos direitos humanos, estranhamente, têm permanecido à margem da discussão e, que eu saiba, nenhum se indignou com a tom zombeteiro adotado tanto pela revista quanto por seu principal blogueiro, ao aludir ao podólogo que cuida da unha encravada do Zé Dirceu.

Em sites como o Brasil 247, há uma enxurrada de comentaristas contrapondo às minhas ponderações sua ânsia, explícita ou implícita, de vingança contra os grãos petistas  (vide aqui). 

Insisto: o cerne da questão é se presos têm ou não direito a tratamento civilizado, o que inclui médico, exames laboratoriais, dentista, oculista, fisioterapeuta, podólogo, nutricionista, etc., sempre que realmente necessário. 

Porque o contrário seria acrescentar à pena de reclusão que estão cumprindo, outras que as sentenças não preveem: a de morte ou encurtamento da vida, comprometimento temporário ou definitivo da saúde, privação da visão e da locomoção, dores terríveis (de dentes e de unhas encravadas), etc. 

Os que lhes negam tais direitos elementares de quaisquer seres humanos, sob pretexto de que outros presos não teriam acesso a isso tudo, é porque não os querem para preso nenhum. 

Nada há de errado em que alguns detentos remunerem tais profissionais; e os demais poderiam ser levados a instituições que os atendessem gratuitamente ou mediante convênios firmados pelo Estado. 

Isto, claro, partindo do pressuposto de que a privação da liberdade visa à reabilitação do criminoso, a impedir que ele reincida e a desestimular que outras pessoas o imitem, pois são estas, em teoria, as finalidades da pena de prisão. 

Mas, como notou Hélio Schwartsman (neste artigo apropriadamente intitulado de Sadismo Inato),  “parte de nossas mentes acredita que o apenado tem de sofrer na prisão”, pois  a “natureza humana [é] ligeiramente sádica”. 

A nossa caminhada rumo a estágios superiores de civilização exige que nos esforcemos para superar tal sadismo primevo, tentando agir sempre como seres verdadeiramente humanos. 

Estimulando retrocessos por interesses políticos ou desumanidade inerente, os editores da veja e Reinaldo Azevedo apontam um caminho que nos conduziria diretamente às cavernas, de onde eles parecem jamais ter saído. 

terça-feira, 11 de março de 2014

Uma importante lição da vitória dos garis do Rio de janeiro: Superar suas direções pelegas e impor aos patrões as reivindicações do povo explorado!


Por Liga Bolchevique Internacionalista


No último sábado, 8, depois de oito dias de greve os garis da cidade do Rio de Janeiro, em meio a uma dura batalha contra a direção da Comlurb, os pelegos do sindicato, o prefeito Paes, a repressão policial, a Justiça burguesa e os ataques da Rede Globo, obtiveram uma importante vitória em suas reivindicações como há muitos anos nenhuma outra categoria de trabalhadores havia conseguido no país até então. A quase totalidade dos sindicatos “chapa branca” postula “aumentos” abaixo da inflação ou próximos a zero para não se indispor com a burguesia nacional. Na contracorrente da conjuntura nacional, de recrudescimento do regime político e de cruzada reacionária rumo à fascistização às vésperas da realização da Copa do Mundo, os garis conseguiram que Eduardo Paes recuasse em sua intransigência e aceitasse as reivindicações dos trabalhadores, um aumento de 37%, vale-refeição de R$ 20, 40% de insalubridade e vários outros benefícios cortados desde a gestão do carrasco César Maia. Mas como isto foi possível? Por esta categoria ser uma das mais exploradas do setor público, com salários miseráveis concentrou ao longo de muitos anos um profundo descontentamento não só contra a prefeitura como também aos pelegos do sindicato que vivem a soldo das gestões municipais há décadas. Como resultado desta “puteza” os trabalhadores atropelaram a burocracia sindical vendida elegendo um comando de greve em assembleia, o qual passou a estabelecer os rumos das mobilizações e negociações, ou seja, quebrou o gesso que impedia o avanço da luta em defesa das mais elementares necessidades dos trabalhadores, partindo para a ação direta (passeatas, protestos, assembleias de base) sem qualquer interferência “oficial” nas decisões dos explorados.



A greve detonada em pleno sábado de carnaval foi uma demonstração de como os trabalhadores devem enfrentar governantes de plantão e os capitalistas. Com os orçamentos da prefeitura todos destinados às obras da Copa do Mundo, os garis encontravam-se praticamente à míngua, com um salário de fome de R$ 802. Vinicius Roriz (presidente da Comlurb) e Eduardo Paes na verdade atuam como funcionários das grandes empreiteiras e dos “grandes projetos” capitalistas voltados para os megaeventos e nada fazem em benefício dos servidores públicos do Rio de Janeiro ou da própria população pobre. Paes chegou a afirmar que não havia greve e cinicamente procurou desqualificar os dirigentes: “A gente não tem uma greve na cidade, tem um motim que coage e intimida os garis que querem trabalhar. Imaginar que você tenha que colocar um carro da polícia para deixar o gari trabalhar. Isso mostra que isso não é coisa de gari. É um grupo de marginais coagindo quem quer trabalhar, num processo de guerrilha” (Estadão, 8/3), acusando o movimento de ser motivado por “um grupo de marginais”. Ou que “apenas 300 aderiram à greve”, como difundiu em escandalosa mentira a mídia “murdochiana”, pois o lixo acumulado por toda a cidade logo desmascarava esta tentativa baixa de desmoralizar criminalmente o movimento com o apoio da “famiglia” Marinho. Para intimidar os grevistas Paes colocou nas ruas caminhões de coleta de lixo e poucos fura-greve escoltados pela polícia e seguranças privados. Obviamente a provocação não deu certo...


De nada adiantaram as manobras dos pelegos, as intimidações do prefeito de demitir 300 grevistas, nem a decretação da “ilegalidade” da greve pela justiça burguesa. Os trabalhadores mantiveram-se firmes em suas reivindicações, exemplo que deve ser seguido por todas as categorias que se enfrentarem com o regime político fascistizante sob a batuta de Dilma e dos governos estaduais. Somente quando os patrões sentirem que seus lucros ou interesses imediatos estão sendo duramente afetados diante da disposição de luta dos trabalhadores é que é possível conquistarmos uma vitória expressiva em nossas mobilizações, mesmo que soframos todo tipo de criminalização e a perseguição do aparato repressivo do Estado capitalista.

A única via para que os lutadores saiam vitoriosos neste momento que a classe operária vem sofrendo uma cruzada reacionária a toda prova, tal como o farsesco julgamento do “mensalão”, a criminalização dos movimentos sociais, a lei “antiterror” que ameaça o próprio direito de manifestação e organização política da esquerda e do movimento de massas, é a adoção de um programa genuinamente revolucionário com o objetivo de denunciar que para a democracia dos ricos tudo gira em torno de qual fração burguesa irá se apoderar daquilo que o Estado capitalista lhe oferece, onde a corrupção é a mola mestra deste regime decadente. O rompimento da camisa de força da frente popular é um pré-requisito fundamental como demonstraram na prática os companheiros garis da cidade do Rio de Janeiro. Para tanto, é necessária a unidade operária, camponesa, estudantil que tenha como eixo político a ação direta no campo e na cidade, se valendo dos métodos de luta próprios dos trabalhadores para construir uma alternativa de poder dos explorados que tenha a revolução proletária e socialismo como estratégia de classe.

sábado, 8 de março de 2014

8 de Março: Da Venezuela à Ucrânia, mulheres operárias se postam na vanguarda da luta contra o neofascismo!


Por Liga Bolchevique Internacionalista

Este 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, ocorre sob o signo de uma brutal ofensiva reacionária contra os direitos e conquistas dos explorados em nível mundial. Os imperialismos ianque e europeu buscam impor seu domínio sobre as nações que não são alinhadas servilmente aos interesses dos grandes monopólios capitalistas e seus gerentes de plantão como Obama e Merkel. A investida mais dramática tem com centro a Ucrânia e a Venezuela, países localizados em continentes distantes, mas que estão ligados por serem alvos da sanha de forças reacionárias que reivindicam Mussolini, Hitler e Pinochet. Na luta contra o neofascismo, vimos como linha de frente mulheres operárias e camponesas, jovens trabalhadoras, que se colocam na barricada de combate contra a reação burguesa. 

Na Venezuela, no final de fevereiro, milhares de mulheres saíram às ruas contra os fascistas, na Crimeia e em várias regiões da Ucrânia, centenas de companheiras estavam na linha de frente das milícias populares que impediram que as hordas da direita derrubassem as estátuas de Lenin e dos soldados que lutaram contra o nazismo na década de 40. Muitas saudaram inclusive a chegada das tropas russas nestes dias! No marco desta luta, nós marxistas revolucionários declaramos que devemos resgatar a vitória da resistência soviética sobre o nazismo (1945) para impulsionar a luta dos povos oprimidos pela derrota do imperialismo, já que foi na URSS que as mulheres mais avançaram em seus direitos políticos e sociais! Às vésperas de comemorar os 70 anos da derrota nazista, o proletariado internacional e os explorados de todo o mundo, mais particularmente as mulheres trabalhadoras que sofrem diariamente a opressão e a exploração do capitalismo devem tomar a firme resistência do povo soviético como uma prova incontestável de que o imperialismo pode ser derrotado nas ruas!

Foi a partir das socialistas revolucionárias que a luta das mulheres contra o machismo capitalista assumiu um caráter, coletivo, de classe e anticapitalista. As operárias foram protagonistas de acontecimentos históricos como o oito de março de 1917 (correspondente ao 23/02 no antigo calendário russo) em uma manifestação contra a fome e a guerra que derrubou o governo czarista e deu início à revolução russa, o mais importante e profundo processo de transformação social desde o surgimento da propriedade privada. Desde a Comuna de Paris, no século XIX, passando por todos os movimentos emancipatórios do século XX e XXI, como a luta atual das mulheres palestinas se batendo contra o nazi-sionismo israelense ou das guerrilheiras das FARC contra o imperialismo ianque, o gênero mais oprimido da humanidade demonstrou que sua libertação está intimamente ligada ao fim de toda opressão do homem pelo homem.

Desgraçadamente, o retrocesso sofrido no movimento socialista com a traição da socialdemocracia reformista à causa da revolução e a burocratização stalinista da URSS, que solapou as conquistas revolucionárias contra o patriarcado e em favor dos direitos ao divórcio e ao aborto, possibilitou que, muitas décadas depois de criado pelos socialistas, a burguesia se apropriasse e degenerasse o dia e a luta da mulher. Para cooptar a luta antimachismo, que ganhou força durante os anos 1960 e 1970, em meio aos protestos contra a ocupação do Vietnã pelos EUA e o maio francês, a ONU, através da UNESCO, estabelece oficialmente no Oito de Março de 1977 como o início das celebrações de Dia Internacional da Mulher, dando finalmente um sentido policlassista e divorciado da luta pelo socialismo para a data. A restauração do capitalismo na URSS e nos outros Estados operários burocratizados foi uma derrota histórica e de proporções globais para o proletariado. Isto permitiu a reincorporação de riquezas naturais, meios de produção e milhões de trabalhadores ao domínio imperialista, desvalorizando a força de trabalho no planeta e possibilitando uma ofensiva ideológica anticomunista que ficou conhecida como reação democrática. 

Reformistas e ONGs converteram-se em agentes desta onda reacionária. Enquanto traficam o feminismo burguês para dentro do movimento operário, acusam cretinamente os socialistas de protelarem a defesa das mulheres para um momento pós-revolucionário. Foi assim que para dividir a classe operária nas últimas décadas, a defesa da luta de classes deu lugar à luta de gêneros. A cor vermelha reivindicada historicamente pelas comunistas Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai, delegadas que criaram o Dia Internacional da Mulher Proletária em 1910, foi substituída pela cor lilás (que não por acaso corresponde à fusão do vermelho dos socialistas com o azul, capitalista) para afastar até em sua simbologia a luta pela emancipação da mulher da luta pelo socialismo. Em nome do combate à exclusão e opressão recomendam a integração maior da mulher ao mercado de trabalho. Contra a violência cada vez mais sofrida que cresce com a exploração, reivindicam a criação de organismos coercitivos dentro do Estado capitalista (delegacias de mulheres, lei “Maria da Penha”...).

Na América Latina, as guerrilheiras colombianas são exemplo de heroísmo revolucionário no combate contra a opressão social e de gênero inerentes ao capitalismo, compartilhando ombro a ombro com seus companheiros de militância as mais diversas tarefas da luta e do cotidiano; no outro lado do planeta, no Oriente Médio, suas irmãs da Palestina, Líbano e Iraque também assumem o enfrentamento direto e armado para derrotar o sionismo e o domínio do imperialismo na região. Não é raro ver cenas de várias mulheres trabalhadoras palestinas, enfrentando nas ruas os tanques genocidas de Israel, sendo voluntárias de barreiras humanas para proteger alvos e casas contra os ataques assassinos do enclave nazi-sionista ou assumindo a tarefa militante de vanguarda no papel de “mulheres-bomba” para responder por meios militares não convencionais aos massacres perpetrados pelo terrorismo de Estado patrocinado pela Casa Branca e sua base militar avançada no Oriente Médio.

Com o mesmo espírito de luta que move as guerrilheiras das FARC, as mulheres têm combatido nas fileiras de todas as lutas contra a opressão das classes dominantes no planeta, desde as mulheres revolucionárias de Paris na Revolução Francesa (1789) e na Comuna de Paris (1871), o massacre da greve das operárias têxteis de Nova York (1857), passando pela 2ª Conferência das Mulheres Socialistas que instituiu o Dia Internacional da Mulher Proletária, em 1910, na data de 8 de março, até as que foram o estopim da Revolução Russa no dia da mulher em 1917 com uma manifestação contra a fome, a guerra e o czarismo. Como relata Trotsky, as operárias têxteis, o setor mais oprimido da sociedade russa, passaram por cima de suas direções socialdemocratas e inauguraram a Revolução de Fevereiro: “O 23 de fevereiro (8 de março no calendário ocidental) era o Dia Internacional da Mulher. 

Os elementos socialdemocratas se propunham festejá-lo na forma tradicional: com assembleias, discursos, manifestos, etc. Ninguém atinou que o Dia da Mulher pudesse converter-se no primeiro dia da revolução. Nenhuma organização fez um chamamento a greve para este dia. ...desprezando suas instruções, se declararam em greve as operárias de algumas fábricas têxteis e enviaram delegadas aos metalúrgicos pedindo que apoiassem o movimento... 

É evidente, pois, que a Revolução de Fevereiro começou por baixo, vencendo a resistência das próprias organizações revolucionarias; com a particularidade de que esta espontânea iniciativa ficou a cargo da parte mais oprimida e coagida do proletariado: as operárias do ramo têxtil” (tomo I da “História da Revolução Russa”).

A luta das mulheres venezuelanas, ucranianas, colombianas, palestinas, libanesas e iraquianas é uma verdadeira bofetada no esforço que faz a burguesia e várias direções nacionalistas ou teocráticas que dedicam todos os seus esforços para ocultar o caráter operário e de luta contra a exploração capitalista do Dia Internacional da Mulher, buscando deturpar o significado dessa data, marcada pela solidariedade de classe à mulher oprimida e explorada em sua luta heroica contra o capitalismo, transformando essa homenagem aos mártires do proletariado internacional feminino numa mera data festiva com flores e palavras demagógicas.

As armas e o combate das mulheres revolucionárias, antifascistas e anti-imperialistas no planeta nos devolvem e relembram vivamente o real significado desta data para o proletariado mundial. Os marxistas revolucionários reafirmamos o 8 de Março como um dia de luta da mulher proletária contra a opressão e exploração capitalista. O feminismo pequeno-burguês busca substituir o caráter de classe da opressão da mulher na sociedade capitalista pela opressão do gênero feminino em geral, confundido a luta da maioria das mulheres ao colocar um sinal de igual entre a mulher burguesa e a operária. O melhor exemplo desta farsa é a negativa ao direito universal ao aborto livre, gratuito, garantido pelo Estado às mulheres trabalhadoras. 

A redução de verbas para a educação e à saúde pelo governo Dilma faz com que as mulheres trabalhadoras não disponham de redes públicas de creches de qualidade para seus filhos que, muitas vezes, ficam abandonados durante as horas de trabalho de suas mães. Esta real-polític joga por terra os festejos e leis demagogas instituídas pelos governos como da frente popular “em homenagem” às mulheres. 

Enquanto a mulher burguesa tem à sua disposição, à sombra da legislação hipócrita, clínicas sofisticadas, dotadas de ambientes adequados, equipamentos técnicos modernos e profissionais qualificados, a mulher trabalhadora, quando se vê obrigada a fazer aborto, recorre à dolorosa e perigosa ajuda clandestina, carente de quaisquer condições mínimas de higiene, aumentando as estatísticas de mortes e mutilações. O aborto livre, legal e gratuito para as mulheres operárias deve estar ligado indissoluvelmente à destruição e superação do capitalismo, a exemplo do que ocorreu na URSS, a partir da revolução socialista de 1917, onde uma resolução possibilitou que o aborto deixasse de ser um crime, tornando-se um direito da mulher a partir de 1920. 

Inversamente, as mulheres estiveram entre os setores do proletariado que mais perderam com a contrarrevolução capitalista que destruiu a URSS e os demais Estados operários a partir e 1989. Não só naqueles países como no restante do globo, além de aumentar a superexploração da mão de obra feminina, também vem sendo liquidadas uma série de conquistas sociais como o direito ao aborto, a educação gratuita, creches, proteção a maternidade... por trás da propaganda enganosa da “emancipação feminina” no mercado de trabalho.

Ao lado dos seus companheiros de classe, as mulheres trabalhadoras também devem liderar no Brasil a luta contra a frente popular, pela superação das ilusões institucionais das massas e pela construção de uma alternativa de poder revolucionário do proletariado. No combate à investida reacionária imperialista e a capitulação vergonhosa à reação dos partidos reformistas, os revolucionários reivindicam o fim da opressão das mulheres como parte inseparável da luta revolucionária pelo estabelecimento de um governo operário e camponês.

Neste 8 de Março, a LBI além de fazer um justo tributo as mulheres que lutam contra o neofascismo no planeta, faz um chamado por uma mobilização nacional pela descriminalização do aborto e pelo direito universal sem qualquer restrição a todas as mulheres que queiram fazê-lo, bem como a realização do aborto com acesso gratuito e garantido pelo Estado nos hospitais da rede pública para as mulheres trabalhadoras.

O combate nas ruas da Venezuela, nas selvas da Colômbia, no Oriente Médio, nas barricadas da Crimeia e no Brasil, deve ser uma só: na trincheira de luta da mulher operária, contra o imperialismo, o fascismo e seus governos capitalistas títeres!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Brasil: por que querem fechar o regime? .



Por Jorge Nogueira

Professor da rede pública. Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


O Brasil pode mergulhar de vez no obscurantismo nos próximos dias caso a lei de terrorismo, ou a lei da “desordem” de Beltrame ou outra similar seja aprovada. Seria o ápice de um processo de recrudescimento do regime que já está em pleno andamento nos últimos anos.


É um equívoco creditar esse processo apenas à Copa do Mundo da FIFA, ainda que as exigências dessa entidade contribuam para o cenário mencionado. O contexto de crise econômica do capitalismo exige a ampliação das taxas de exploração para a manutenção da reprodução e acumulação do capital. E isso só pode se sustentar com o fechamento cada vez maior do regime democrático formal, o que tem ocorrido em vários países, aprofundando a crise de representação e de credibilidade da democracia burguesa.

A crise, obviamente, apresenta-se de formas distintas em diferentes países nos diferentes períodos. Em 2008, quando ela estoura, o Brasil se vê obrigado a mudar a sua política de priorizar o mercado externo e passar a vender no mercado inteiro. Como a renda do brasileiro é baixa o consumo passou a ser estimulado através do crédito. Mas, conforme já tinha demonstrado a experiência externa, tal medida, chamada erroneamente de anticrise, possui limites e eles estão sendo atingidos.

Ocorre que as classes dominantes não possuem um programa econômico alternativo. E para aprofundar o existente será preciso, como já foi dito, fechar cada vez mais o regime. Assim a triste e lamentável morte do cinegrafista da Bandeirantes, Santiago Andrade, caiu como uma luva para os planos do andar de cima. Por isso ela tem sido explorada largamente pela grande mídia, que já teve outros profissionais vitimizados fatalmente sem o mesmo destaque. Se ela não tivesse ocorrido outra desculpa seria arranjada.


O crescente recrudescimento do regime

Foi mencionado que o processo de endurecimento do regime no Brasil transcende a questão da Copa do Mundo da FIFA. Alguns fatos deixam isso muito claro:

- Em 2011, operários da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, fizeram uma grande greve denunciando as condições degradantes de trabalho. O Governo Dilma enviou a Força Nacional para reprimir os trabalhadores e avalizou a demissão de 6 mil operários, alegando que o problema era o excesso de trabalhadores no canteiro de obras. No ano seguinte os operários voltaram a reclamar das condições de trabalho, em uma nova greve, receberam o rótulo de "vândalos" e "bandidos" do Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, a Força Nacional foi enviada, mais de 20 trabalhadores foram presos, dos quais 12 simplesmente desapareceram! [1]

- Na Usina de Belo Monte, no Pará, a repressão transcende o movimento operário. Se a Força Nacional é acionada quando estes se levantam contra as degradantes condições de trabalho (como no ano passado onde a própria FN recolheu os crachás de 450 trabalhadores que acabaram demitidos), esta também é utlizada para reprimir as comunidades indígenas, como ocorrido no ano passado. No referido episódio chegou-se a multar um jornalista por ter gravado a ação policial e a Polícia Federal foi acionada para apurar quem eram os não índios que participaram do movimento. Some-se a isso a descoberta de um espião do governo no Movimento Xingú Vivo, o tráfico de pessoas e a exploração sexual praticados ao lado do canteiro de obras e as amesças de expropriação dos pequenos agricultores. O carro da Polícia Civil do Pará com o logotipo da Norte Energia evidencia quais interesses são protegidos pelos governos na referida obra. [2]

- Mostrando que o modos operandi é o mesmo em todas as grandes obras do PAC, no ano passado 16 trabalhadores da Hidrelétrica Ferreira Gomes, no Amapá, foram presos após uma greve que denunciava as condições precárias de trabalho. [3]

- Também no ano passado foi descoberta a espionagem do movimento sindical do Porto de Suape, em Pernambuco, pela Abin, medida defendida e justificada por Gilberto Carvalho. [4]

- A truculenta desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, promovida pelo Governo Alckmin (PSDB) em 2012. Na mesma época, no Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz também promovia uma desocupação truculenta onde 29 pessoas foram presas. [5]

- No ano passado o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) publicou dados que mostravam que a média de índios assassinados nos governos de Lula e Dilma era superior ao do governo FHC. De acordo com a Funai em dez anos os governos petistas homologaram apenas 84 áreas indígenas contra 148 de FHC. No presente momento o Governo Dilma enviou o Exército para reprimir os Tupinambás, em Olivença, na Bahia, após enganá-los com a homologação das terras. A intervenção militar está amparada pela Portaria Normativa 3.461, da qual falaremos mais adiante. [6]

- No leilão de Libra foram mobilizados o Exército, a Marinha, a Força Nacional, a Polícia Federal, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Guarda Municipal. Houve dura repressão aos manifestantes. [7]

Há outros casos mas achamos suficientes os já citados. Vejamos agora as medidas buscadas e/ou aprovadas nos últimos anos:

- Em julho de 2012, a Presidente Dilma aprovou o "PROTEGER", sistema que visaria proteger os setores estratégicos do país - mais de 13.300 locais entre hidrelétricas, termelétricas, refinarias, estradas, telecomunicações, portos, aeroportos, etc. O referido sistema prevê a militarização das lutas sociais, ou seja, o uso do Exército contra os movimentos sociais e sindicais. Tal medida foi celebrada por jornalistas da grande mídia. [8]

- Em setembro do ano passado a Ambev e o Itaú, ambos patrocinadores da Copa, se reuniram com a Presidente Dilma, pedindo medidas contra os protestos. A partir daí o projeto de lei de terrorismo passou a andar dentro do Congresso e em janeiro o Senador Romero Jucá (PMDB) mencionou a necessidade de votar o quanto antes a matéria. [9]

- Há pouco tempo o Ministério da Defesa publicou a Portaria Normativa 3.461 de 19 de dezembro de 2013. O documento de 70 páginas usa o conceito de "Guerra de Massa" para justificar o uso das Forças Armadas contra os manifestantes, classificados como "Forças Oponentes", prevê a infiltração de agentes do governo e uma estratégia para ganhar o apoio da opinião pública para a repressão:
"Por se tratar de um tipo de operação que visa a garantir ou restaurar a lei e a ordem, será de capital importância que a população deposite confiança na tropa que realizará a operação. Esta confiança é conquistada, entre outros itens, pelo estabelecimento de orientações voltadas para o respeito à população e a sua correta compreensão e execução darão segurança aos executantes, constituindo-se em um fatorpositivo para sua atuação." [10]

Esse item corrobora o que fora assinalado antes: se não houvesse ocorrido a morte de Santiago outro motivo seria buscado ou produzido, isso se a própria morte do cinegrafista não foi produzida para o fechamento do regime, afinal a atuação do advogado dos suspeitos, Jonas Tadeu, é bastante estranha. [11]

E há forma mais eficaz de ganhar a população para reprimir manifestantes cuja pauta lhe é simpática senão tornando os mesmos diabólicos, horrendos e terroristas aos olhos do grande público?


O papel da grande mídia

Como se pode perceber conforme as medidas “anticrise” vão entrando em esgotamento crescem as contradições sociais, o andar de baixo se dispõe a lutar cada vez mais e o de cima reprime com mais frequência e intensidade.

A grande mídia não é apenas porta-voz dos interesses dominantes, ela própria é parte das classes dominantes. Por isso se opõe de forma decidida às greves, às lutas dos índios, dos sem-terras, dos sem-tetos e às manifestações de rua. Busca criminalizar todas essas lutas e caluniar os atores políticos das classes populares.

Quando as jornadas de junho começaram ela não vacilou em pedir pela repressão dos manifestantes. Foram atendidas, seus próprios trabalhadores foram espancados e gravemente feridos, sem que se exigisse e acompanhasse punição aos responsáveis - no caso a PM de São Paulo. [12]

A repressão indignou a população, que engrossou os protestos, fazendo com que jornalistas como José Datena e Arnaldo Jabor se retratassem publicamente. A grande mídia buscou então se relocalizar nos protestos tentando dizer qual seria a forma correta de ativismo sem, no entanto, deixar de manipular para criminalizar, quando era possível, como fez a Rede Globo na final da Copa das Confederações. [13]

A chama de junho não foi apagada até agora e as tentativas de manipulação midiática seguiram como no caso do molotov jogado por um P2 e a posterior tentativa de incriminar o ativista Bruno Ferreira Telles, durante a visita do Papa ao Rio, versão difundida pela grande mídia e desmentida pelas redes sociais. [14]

O ano de 2014 começou com uma série de greves, atos contra aumento das passagens, protestos que questionam a Copa do Mundo e comunidades se rebelando contra a falta de água, luz e a morte de seus jovens pela polícia. Cresce o nível de consciência da população em uma ponta e o medo dos poderosos na outra.

Em todos esses eventos a grande mídia busca deslegitimar de alguma forma o movimento dos de baixo. Na greve dos rodoviários de Porto Alegre, o jornalista Paulo Sant'Ana, do jornal Zero Hora-RBS-Globo, pediu pela prisão dos trabalhadores, desde o primeiro dia. O jornal Zero Hora buscou a todo o momento jogar a população contra os grevistas, o que não surtiu efeito dada a proximidade dos rodoviários com as comunidades e ao avanço no nível de consciência da população. [15]

A morte do cinegrafista Santiago Andrade surgiu como uma “oportunidade”, como disse O Globo, não só de tentar conter e fazer regredir esse nível de consciência mas de promover uma verdadeira caçada política e ideológica - inclusive nas universidades - com o intuito de remover os protestos. O Editorial de O Globo de 12 de fevereiro de 2014 não deixa nada a desejar ao seu Editorial de 2 de abril de 1964 que celebrou o golpe militar [16]. Assim fica completamente desmoralizada a tese do governismo de que as manifestações em curso beneficiariam a direita.


O reacionarismo governista

Em um momento em que a grande mídia clama abertamente pelo golpismo chama atenção o fato do governismo, que tanto gosta de chamá-la de PIG (Partido da Imprensa Golpista), guardar um silêncio no mínimo cúmplice.

Com algumas poucas exceções, a maior parte da blogosfera governista tem se mantido no mais absoluto imobilismo diante das absurdas calúnias difundidas pela grande mídia contra o PSOL, o PSTU e o conjunto dos manifestantes em versões frágeis criadas por um advogado suspeito.

Essa postura não é inocente. Assim como as classes dominantes e a grande mídia o governismo também se sente incomodado com os protestos, até porque muitos deles se dirigem aos seus próprios governos. Não foi por acaso que os senadores petistas Jorge Viana e Paulo Paim tenham se apressado a pedir pela aprovação da lei de terrorismo [17].

Como vimos anteriormente o recrudescimento do regime é protagonizado pelo próprio PT com repressões de movimentos sindicais e sociais e aprovação de medidas autoritárias.

Mas o PT não é apenas o principal fiador do atual sistema sócio-político ele é parte integrante dos que se beneficiam dele. Alguns de seus quadros se tornaram empresários, consultores e gestores de fundos de pensão. São sócios de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Ganham com a especulação, com as privatizações e com os cortes de direitos dos trabalhadores.

Esses quadros integram outro setor social, com interesses não apenas distintos mas antagônicos aos do conjunto do andar de baixo. É, portanto, mais do que simples colaboração de classes. Por isso o movimento dos de baixo tem sido combatido pelo governismo tanto quanto o é pela Rede Globo e por articulistas direitistas como Reinaldo Azevedo.

Embora juristas apontem ser desnecessário a criação de novas leis [idem 16], a repercussão negativa da lei de terrorismo pode fazer com que as classes dominantes e a classe política elaborem e aprovem outra lei com a mesma essência. O Ministro da Justiça do Governo Dilma, José Eduardo Cardozo, andou falando em “regulamentar” as manifestações [18]. Não se pode deixar enganar pelo jogo de palavras. É muito comum se fazer uma coisa negando-a. Não se aumenta a jornada de trabalho, se cria um banco de horas. Não se acaba com as leis trabalhistas, flexibiliza-as. Não se acaba com o direito de greve, se exige 70% da força de trabalho.

Seja como for a tentativa de acabar com as lutas dos de baixo pode fracassar, como fracassaram manipulações anteriores, até porque com o esgotamento das medidas “anticrise” e o aprofundamento da crise capitalista, os ataques aos direitos dos de baixo serão cada vez maiores não os deixando outra alternativa que não seja se organizar e lutar. O sonho das classes dominantes de lucrar, explorar e roubar sossegadamente, às custas do andar de baixo e escudadas em uma lei de exceção [19], pode ter o efeito contrário e se transformar no seu mais terrível pesadelo.


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[1] As rebeliões nas obras do PAC (27/03/2011):

Para o capital, mais benesses; para o povo, o Exército (12/08/2012):

Ministro de Dilma chama trabalhadores de vândalos e bandidos (07/04/2012):

Jirau: operários presos, torturados, humilhados e desaparecidos. Ano X, nº 91, 1ª quinzena de julho de 2012.

Operários de Jirau presos e torturados no Presídio Urso Branco, sem atendimento médico e correndo risco de morte (16/05/2012):

Greves operárias nos canteiros das usinas do Pac no Rio Madeira, Pecém, Suape e São Domingos. Ano IX, nº 76, abril de 2011.

[2] Brasil: aumenta o entreguismo e a repressão (12/05/2013):

Belo Monte: Movimento Xingu Vivo sofre espionagem (25/02/2013):

Operário torturado em Jirau, de novo preso e sujeito a julgamento (25/01/2013):

[3] Liberdade para os operários do PAC presos no Amapá! (12/02/2013):

[4] Carvalho: Abin monitorou Suape por razões econômicas (10/04/2013):

[5] Desocupação no DF mostra que PT não se diferencia do PSDB (12/02/2012):

[6] “Somente no Governo Lula 452 índios foram assassinados. No Governo Dilma foram 108 até o momento. Juntando as duas gestões petistas tem-se uma média de 56 índios mortos por ano contra 20,8 de FHC. Um aumento de 269%!” (Um recorde macabro.09/06/2013):

O Exército Brasileiro em Território Tupinambá de Olivença – O uso sistemático do terror para oprimir ou impor a vontade (14/02/2014):

[7] Leilão de Libra: entreguismo, mentiras, repressão e contradições (29/10/2013):

[8] Para o capital, mais benesses; para o povo, o Exército (12/08/2012):

[9] Temendo protestos na Copa, patrocinadores já apelam a Dilma (26/09/2013):

Congresso aprova projeto de lei que tipifica crime de terrorismo no Brasil (27/11/2013):

Nós temos que ter prioridade com esta questão. Não podemos ficar em descoberto, sem ter uma punição dura e forte contra qualquer ação terrorista e, portanto, é importante que essa lei possa ser votada rapidamente” (Romero Jucá. Congresso pode aprovar até março lei que define crime de terrorismo. 06/01/2014):

[10] Dilma se rende à Lei e Ordem: a ditadura da burguesia mostra a sua cara (22/01/2014):

[11] O Jogo dos “7 erros” do advogado do chefe da milícia (15/02/2014):

[12] O povo pede passagem (17/06/2014):

[13] Manipulação Global (04/07/2013):

[14] “A violência que ocorre contra as manifestações é também semeada pela mídia. Quem se lembra, por exemplo, quando em julho de 2013, por ocasião da visita do papa ao Rio de Janeiro, a Rede Globo de Televisão editou imagens e acusou, de modo leviano e irresponsável, o ativista Bruno Ferreira Telles de ter atirado um "coquetel molotov" contra a polícia? Em seguida, no entanto, foram levantados fatos e convincentes indícios, por iniciativa exclusiva dos demais manifestantes, de que: a) o artefato havia sido atirado por um policial infiltrado (P2), fato jamais esclarecido pelo Estado ou pela referida rede de televisão; b) que toda a edição de imagens da Rede Globo era falsa, quando não abertamente mentirosa e, por isso mesmo, criminosa; c) que as acusações faziam parte de uma estratégia da empresa de comunicação em parceria com o governo do Estado para criminalizar e desacreditar o movimento. Mais ainda: quem se lembra da atuação do Promotor Público em entrevista à referida emissora, condenando sem provas e totalmente fora de seu campo de atuação um manifestante por “tentativa de homicídio”? Ainda aguardamos os pedidos de desculpas da emissora da família Marinho e do agente público em questão pela exploração leviana e vil desses episódios.” (Nota Pública Sobre os Acontecimentos na Central do Brasil. Publicado em 15/02/2014 no Centro de Mídia Independente):

[15] Greve dos Rodoviários de Porto Alegre: uma autêntica rebelião de base (02/02/2014):

[16] As revelações de um editorial (15/02/2014):

[17] “O senador Paulo Paim (PT-RS) também defendeu a aprovação rápida do projeto. Ele tinha apresentado um requerimento solicitando que a matéria fosse analisada na Comissão de Direitos Humanos do Senado, o que atrasaria a análise em plenário, mas decidiu retirar o pedido. “Em vez de nós debatermos lá na Comissão de Direitos Humanos, eu renuncio ao meu requerimento e nós votamos a matéria aqui, em um amplo debate, de forma tal que aqueles que cometem crimes – e esse é o fato real de um crime – possam ser punidos com o rigor da lei, exemplarmente”, disse o senador.” (Senadores querem aprovação de lei antiterrorismo depois da morte de cinegrafista.11/02/2014):

[18] José Eduardo Cardozo: "Chega. É hora de dar um basta" (15/02/2014):

[19] EMPRESAS REDOBRAM PRESSÃO POR SEGURANÇA. Patrocinadoras estreitam contatos com secretarias de segurança pública e pressionam governo federal (10/02/2014):