Por Liga Bolchevique Internacionalista
A sede do PSTU na capital fluminense foi atacada no último dia 1º de abril após a manifestação de repúdio aos 50 anos do golpe militar de 1964 realizada no centro do Rio de Janeiro. A depredação de janelas e portas não foi uma provocação de cunho fascista desferida por apoiadores dos gorilas de farda. Na verdade, tratou-se de uma ação orquestrada por iniciativa de Black Blocs após desentendimentos com militantes do PSTU ocorridos no fim do ato de protesto, tanto que estes picharam no local atacado “- P2TU + Black Bloc”. Ainda que a LBI tenha profundas divergências programáticas e ideológicas com o PSTU e sua política covarde de somar-se ao coro reacionário da grande mídia patronal e dos governos burgueses contra os Black Blocs, repudiamos pública e energicamente o ataque à sede do PSTU e a ameaça covarde de agressão física a seus militantes e dirigentes que estavam no local. Este ato deve ser repudiado incondicionalmente pelo conjunto da esquerda revolucionária e comunista porque representa um ataque à própria democracia operária, já que o PSTU é uma organização que atua no movimento de massas e se reclama formalmente socialista e revolucionária, com esta agressão se constituindo em um perigoso precedente que apenas fortalece as tendências de recrudescimento do regime da democracia dos ricos sobre o conjunto do movimento de massas. Em um futuro breve e diante de uma legislação cada vez mais draconiana, esta atitude irresponsável e intolerável pode abrir caminho para justificar a intervenção do Estado burguês nas sedes de partidos da chamada esquerda socialista, de grupos e coletivos políticos classistas e organizações revolucionárias comunistas, ampliando as condições para a perseguição aos militantes do movimento de massas e de qualquer uma das organizações políticas envolvidas em enfrentamentos desta natureza.
O repúdio ativo e incondicional da LBI ao ataque de Black Blocs a sede do PSTU não nos impede de criticar duramente tanto a conduta de sua direção diante do ocorrido como a atitude do próprio MEPR e da FIP, organizações políticas que o PSTU acusa como responsáveis pela ação, apesar destas negarem publicamente seu envolvimento nos fatos. Longe de tentar apurar os fatos via fóruns do próprio movimento de massa, o PSTU acionou a polícia ao fazer um Boletim de Ocorrência apresentando queixa do ataque a sua sede, o que significa dar os meios legais necessários para o aparato de repressão estatal utilizar o ocorrido não só para perseguir os Black Blocs mas também para criminalizar os militantes do MEPR e da FIP, até porque o PSTU lançou uma nota oficial em seu sítio na internet em que declara: “Estamos denunciando aqueles que participaram direta ou indiretamente da ação, como também aqueles que se omitem ou escrevem posts desastrosos nas redes sociais. No entanto, responsabilizamos a FIP e as organizações partícipes, porque foi assim que os agressores se identificaram. Os conhecemos bem, sabemos seus nomes e todos sabem que são parte da FIP”. Nas atuais circunstâncias, o ataque à sede do PSTU não poderia servir de pretexto para este partido acionar a polícia e colaborar com o aparato repressivo na caça de ativistas do movimento de massas, mesmo com todas as diferenças que tenham com estes. Ao contrário de adentrar por esta senda suicida, é necessário travar um duro e vigoroso debate político nos fóruns do movimento operário, sem que jamais as diferenças sejam “arbitradas” pela polícia e a justiça capitalista. Desgraçadamente, a política geral do PSTU de apontar os Black Blocs como provocadores (incluindo também neste método organizações adversárias), ao mesmo tempo, caracterizar os policiais como trabalhadores de farda, inclusive apoiando suas greves reacionárias, leva a posições concretas aberrantes como esta “resposta” dos morenistas ao ataque à sua sede. Esta conduta se torna ainda mais grave quando tramita no Congresso Nacional a lei antiterrorismo e as tropas federais sitiam o Rio de Janeiro, impondo um clima de “caças às bruxas” no estado fluminense!
Apesar da FIP e do MEPR declararem que não atacaram a sede do PSTU e negarem qualquer envolvimento com o fato ocorrido, estas organizações políticas não repudiaram a ação dos Black Blocs e negaram-se a denunciá-la como um grave ataque à democracia operária, preferindo não emitir uma posição justa neste sentido. Longe disso, estes agrupamentos declararam que “Cobrar solidariedade da FIP-RJ em relação ao que aconteceu em sua sede realizando acusações oportunistas contra a própria FIP-RJ é, no mínimo, contraditório. Aliás, o PSTU nada falou quando a polícia invadiu a Aldeia Maracanã, interrompendo o Encontro da FIP-RJ”. Como se observa, tanto o PSTU como a FIP/MEPR literalmente “lavam as mãos” quando se trata de defender militantes de correntes adversárias de ataques e perseguições do Estado burguês. A própria LBI teve militantes presos pela PM na manifestação do dia 22 de fevereiro em São Paulo sem que o PSTU, PCO e, muito menos, o MEPR tenham emitido uma única linha exigido a liberdade de nossos camaradas. Por seu turno, o MEPR e a FIP acusam o PSTU de ter “a prática de desqualificar organizações e movimentos combativos” ou mesmo de “usar a mentira como arma na luta política, dividindo as forças populares e fazendo com isso o jogo do governo!”. A LBI não tem a menor dúvida que o PSTU usa destes artifícios contrarrevolucionários até porque já foi alvo destas artimanhas morenistas que recorrem acusações morais para fugir ou camuflar o debate político. Desgraçadamente, o MEPR e a Liga Operária (LO) fazem o mesmo quando lhes é conveniente. Sistematicamente, estes agrupamentos caluniam e denunciam de “P2” todos aqueles que discordam de suas posições, sejam eles militantes do PSTU, LBI e qualquer outra corrente adversária. A própria LBI foi chamada de “seita provocadora e policial” pela Liga Operária quando fotografou militantes de LO erguendo por livre e espontânea vontade uma faixa de nossa corrente com os dizeres “Pela vitória militar da Líbia sobre as forças da OTAN” no ato de 1º de Maio promovido no MASP pelos maoistas em São Paulo no ano de 2011. LO e o MEPR também chegaram a ameaçar com agreção fisica um dirigente da LBI por ter comparecido ao ato político e registrado a solidariedade dos militantes de base maoistas às posições de nossa corrente trotskista. Por fim, já presenciamos inúmeras vezes o MEPR em sua aliança com os Black Blocs, anarquistas e autonomistas em torno da FIP incentivando um “apartidarismo” para aproximar setores radicalizados porém despolitizados de seu “movimento”, uma conduta antileninista que só fortalecem ações desastrosas como foi o ataque a sede do PSTU.
Tanto o PSTU como o MEPR e a FIP chamam as organizações políticas que se reivindicam de esquerda a se posicionarem publicamente diante do ocorrido, ambas tento inclusive convocado atos de repúdio contra a conduta de seus adversários neste episódio. Desde a LBI, corrente leninista que tem profundas diferenças programáticas com ambos os agrupamentos em questão, declaramos nosso repúdio incondicional ao ataque à sede do PSTU! Por sua vez, somos contrários a qualquer política de criminalização dos Black Blocs, inclusive a levada a cabo pelos morenistas nas manifestações quando chegam a se aliar com o PT, PCdoB, CUT e CTB para isolar os “vândalos e mascarados”! Prestamos toda nossa solidariedade aos lutadores perseguidos pela repressão estatal independente de que corrente seja e rechaçamos qualquer ingerência da polícia e o Estado burguês nas disputas do movimento de massas! Chamamos as organizações políticas a romperem com a política de “lavarem as mãos” quando são presos militantes e ativistas de correntes adversárias! Como genuínos trotskistas, nos delimitamos do limitado programa anarquista dos Black Blocs e mesmo dos desvios espontaneístas dos maoistas do MEPR e da FIP. Entretanto nossa crítica leninista a este setor nunca servirá para justificar a repressão estatal, como se esta necessitasse dos desvios “ultra-esquerdistas” ou espontaneístas para atacar o conjunto do movimento de massas. Nesse sentido repudiamos o PSTU por acionar a polícia para “averiguar” o caso e chamamos as organizações políticas envolvidas no episódio e o conjunto dos lutadores a debater nos fóruns do movimento de massas suas diferenças políticas e programáticas, derrotando nas ruas a colaboração de classes e o pacifismo pequeno-burguês, a fim de enfrentarmos a burguesia e seu aparato repressivo que avança contra o movimento de massas e as organizações políticas e sindicais que contestam o regime da democracia dos ricos!
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