Filme O carteiro e o poeta: direção de Michael Radford. Abril vídeo. Ano 1996.
Quem pode ser poeta?
O filme o carteiro e o poeta de Michael Radford com duração de 108 minutos é um romance / drama que relata a história de um filho de pescador, Mario Ruoppolo (Massimo Troisi) que se recusa seguir a profissão de seu pai. Ele não aceita o que lhe é oferecido pelo ambiente social em que vive e sonha com outra vida longe dali. Mario diz ter alergia a barcos e sempre enjoa ao sair neles.
Certo dia andando em sua bicicleta Mario descobre uma placa que anuncia um trabalho temporário “Carteiro com bicicleta”. É assim que ele passa a conhecer Pablo Neruda (Philippe Noiret), o poeta comunista chileno que está exilado em sua ilha. Mario Ruoppolo passa a ser seu carteiro particular e Pablo Neruda o seu único cliente.
Todos os dias o simplório carteiro subia a montanha em sua bicicleta para levar a correspondência ao poeta sofisticado. Dois mundos de culturas diferentes que se encontra frente a frente. E desses encontros surgi um embrião de amizade por insistência de Mario que pede conselhos ao poeta sobre a arte poética. A busca do significado das metáforas e outras características da poesia despertou no carteiro o poeta interior que existia nele.
A poesia transformara a vida de Mario, quando ele diz que “A poesia não pertence àqueles que escrevem, mas sim àqueles que precisam dela” ele consegue expressar que existem pessoas que ainda pensam na humanidade. E dessa forma a poesia pode ser um meio de união entre os homens, pois ela desperta os mais profundos sentimentos, seja o amor, a angústia, o sofrimento, a felicidade, as mazelas sociais, enfim, ele consegue por meio de metáforas e outros recursos estilísticos descrever tudo que existe no mundo: suas ações e reações.
A narrativa desse filme segue emocionante quando Mario pede ajuda a Neruda para conquistar o coração de Beatrice (Maria Grazia Cucinotta), mas a sua tia não fazia questão desse namoro: “é um homem cujo único capital são os fungos nos dedos dos pés“.
A tia de Beatriz quando procura Pablo Neruda para questionar as intenções de Mario podemos perceber nesse momento quão grande é a força da palavra, das metáforas, da poesia, pois ela mexe, transforma, desassossega a mente das pessoas. Ela deixa claro que prefere que um homem passe a mão nas nádegas da sobrinha do que receber poemas com palavras bonitas, essas tal metáforas que inquieta o coração.
Quando Mario pega o gravador e começa a fazer o registro de tudo que para ele é interessante, o mais natural som que o vento faz roçando nas árvores, as batidas do coração de Pablito ainda no ventre de Beatrice isso mostra que os menores detalhes, algo até considerado sem valor pode ser objeto de inspiração de belíssimas e profundas poesias.
O filme, além de discutir o poder que a poesia emerge, trata também de questões relacionadas “a quem escreve”? “Para quem escreve”? “E de que escreve”? Mario faz parte de todos esses questionamentos, pois ele, uma pessoa humilde, sem escolaridade, como poderia apreciar a arte e criar poesias? Simples: a imensa vontade de conquistar a mulher por quem se apaixonou. E para isso, era preciso falar de tudo que estava presente no céu, na terra, no mar, tudo que a poesia se apropria para existir.
O carteiro e o poeta indicado ao Oscar na categoria de melhor filme, direção, ator, roteiro adaptado e trilha sonora ganhou o prêmio apenas nessa última categoria, mas seu grandioso enredo apresenta a bonita transformação do olhar do carteiro, antes e depois da poesia invadir a sua vida. Com essa poesia, o humilde carteiro sentiu sua vida ter mais sentido. Seu coração e sua alma alçaram vôo na imaginação da criação poética.
Isso faz do filme o carteiro e o poeta uma excelente referência para conhecermos melhor a essência da arte de fazer ou apreciar a poesia.
Crédito da Sinopse: Poliana Brito
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário somente será publicado se estiver dentro do contesto desta publicação.