Na véspera de se completar um ano do golpe desferido em 21
de fevereiro de 2014 pelos fascistas na Ucrânia com o objetivo de subordinar o
país aos ditames da OTAN, UE e do FMI, os líderes das potências imperialistas
como EUA, Alemanha e França, tendo como pretexto discutir a “segurança global”,
se reuniram nesse final de semana em Munique para organizar uma ofensiva
política e militar contra os “rebeldes” do Leste ucraniano e reforçar as
sanções contra a Rússia. Do encontro também participou o presidente da Ucrânia,
Petro Poroshenko, que exigiu o incremento das medidas contra Moscou mostrando
passaportes de soldados russos que supostamente atuam no território do país. O
Kremlin enviou representante para cúpula a fim de apresentar um “plano de paz”
cuja condição inicial seja o fim das ações militares ucranianas, apoiadas pelo
imperialismo, contra as chamadas “Repúblicas Populares”, particularmente Donetsk,
que vem resistindo a sanha genocida de Kiev e cuja direção convocou 100 mil
combatentes populares para enfrentar as forças leais ao governo de Poroshenko.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, traçou em poucas palavras a
política da Casa Branca e da UE: “Muitas vezes o presidente Putin prometeu a
paz e entregou tanques, tropas e armas aos separatistas. Então vamos continuar
a ajudar a Ucrânia com assistência de segurança, não para encorajar a guerra,
mas para permitir que a Ucrânia se defenda. Para ser claro, nós não acreditamos
que exista uma solução militar na Ucrânia. Mas, para ser igualmente claro, não
acreditamos que a Rússia esteja certa de fazer o que está fazendo. Acreditamos
que devemos buscar uma paz honrada. Também acreditamos que o povo da Ucrânia
tem o direito de se defender” e concluiu como uma ameaça “Levando-se em conta a
recente história da Rússia precisamos julgar seus atos, não suas palavras.
Atos, não palavras, presidente Putin”. Para pressionar ainda mais a Rússia um
novo encontro está marcado para esta quarta-feira (11) em Misnk. Putin defende
a federalização ucraniana, com Donetsk e Lugansk passando a ter poder de veto
em qualquer aprofundamento das relações de Kiev com o Ocidente, tendo autonomia
do governo central e podendo inclusive participar da União Euroasiática que a
Rússia criou com ex-repúblicas soviéticas, termos inaceitáveis para o
imperialismo. Somente se colocando neste lado da trincheira os marxistas
leninistas poderão, ombro a ombro com o proletariado e o campesinato desta
região, apontar uma perspectiva comunista proletária para o conflito, indo
portanto além de suas direções burguesas. A palavra de ordem de “Todo apoio as
milícias de autodefesa para derrotar a reação fascista e os golpistas impostos
em Kiev! Armas para os revoltosos expulsarem os neocolonialistas!” está a
serviço de forjar um programa revolucionário que coloque na ordem do dia a
construção de verdadeiras “Repúblicas Soviéticas” com a expropriação dos bandos
burgueses restauracionistas, chamando inclusive a solidariedade ativa do
proletariado russo em sua defesa. Os bolcheviques leninistas em caso de uma
guerra deflagrada na região de influência geopolítica da antiga URSS saberão
levantar as “bandeiras de outubro”, tão sentidas para o proletariado soviético,
e na mesma trincheira militar dos restauracionistas russos contra o
imperialismo acertarão suas “contas” históricas com aqueles que ajudaram a
destruir as conquistas operárias da revolução socialista de 1917!
No curso das conversas, ocorreu também uma reunião
trilateral entre Rússia, Alemanha e França na capital russa e, em paralelo,
outro encontro diplomático na Ucrânia: John Kerry, secretário de Estado ianque,
foi a Kiev. Na conversa com seus capachos ucranianos, Kerry aventou a
possibilidade de enviar armas às forças governamentais, que combatem as
milícias pró-Rússia em Donetsk e Lugansk. O Secretário de Estado e generais
norte-americanos estão ‘abertos’ à possibilidade de oferecer as forças de Kiev,
declarou. Como a Alemanha ainda tenta uma saída diplomática pelos negócios que
tem como Moscou, Kerry foi oficialmente cauteloso mesmo depois de articular uma
ação militar unilateral da OTAN: “Deixe-me assegurar a todos que não há
divisão, não há racha. O que eu escuto são pessoas tentando criar um. Estamos
unidos, estamos trabalhando juntos. Todos nós acreditamos que este desafio não
será encerrado por meio da força militar. Estamos unidos em nossa diplomacia”.
A perspectiva mais forte que vem sendo cogitada no momento, a norte-americana,
é a que tem mais potencial para gerar uma guerra futura. Os EUA cogitam
destinar mais armamento ao exército ucraniano contra os rebeldes.
Houve também uma reunião entre Barack Obama e Angela Merkel na
Casa Branca nesta segunda-feira, 09, para discutirem a chamada “crise na
Ucrânia”. O presidente ianque afirmou que a Rússia violou o acordo acertado com
a Ucrânia e enviou mais tanques e artilharia para os rebeldes separatistas no
leste ucraniano, em vez de se retirar do território vizinho. Obama disse que as
agressões russas reforçam a unidade internacional e defendeu uma solução
diplomática para a crise na Ucrânia mas não descartou uma ação militar: “A
possibilidade de armas letais para defesa é uma dessas opções que são
avaliadas, mas ainda não tomei uma decisão sobre isso”. O falcão negro afirmou
também esperar que o prejuízo da Rússia com as sanções impostas se tornem alto
o suficiente a ponto de o presidente russo Vladimir Putin preferir uma solução
diplomática. Os Estados Unidos podem aumentar as sanções à Rússia caso as
conversas diplomáticas não sejam suficientes. Para tanto acertou com Merkel que
a estratégia da OTAN será reforçar sua presença no leste da Europa e trabalhar
com o FMI para dar suporte financeiro à Ucrânia, imponto mais planos de ajuste
neoliberal e privatizações. Merkel defendeu que, caso a pressão sobre a Rússia
falhe na reunião de Minsk, a UE e os Estados Unidos devem explorar “outras
opções”. Ela declarou também em tom de ameaça “Se renunciarmos ao princípio da
integridade territorial, não estaremos em condições de manter a ordem e a paz
na Europa”. Todos este elementos apontam que a guerra civil na Ucrânia
fomentada pelas potências imperialistas visa impedir que o Leste do país se
separe ou amplie seu status federativo, esvaziando assim o governo
pró-imperialista e nazifascista imposto em fevereiro de 2104 com a ajuda da
CIA, na medida em que cerca de 23 cidades e vilas na região do Donbass, que
gera 1/3 do PIB da Ucrânia, já estão controladas pelos federalistas.
Desde o golpe de fevereiro de 2014 - que no final do mês irá
completar um ano - os rebeldes vem mostrando vigor e forte resistência, tendo
conquistado cerca de 500 quilômetros quadrados de território nos últimos quatro
meses. Frente este realidade, em pleno aniversário as ascensão dos golpistas ao
governo de Kiev, o imperialismo ianque e europeu voltam a ameaçar com ações
militares no Leste da Ucrânia podendo começar uma guerra com a Rússia, adiada
até agora pelo poderio militar do Kremlin. Como Marxistas Revolucionários
sabemos muito bem que a Rússia de hoje pouco tem a ver com o antigo Estado
Operário Soviético, que apesar da burocratização Estalinista “carregava”
imensas conquistas históricas para o proletariado. Porém, mesmo absolutamente
conscientes da natureza de classe do governo Putin, não nos omitiremos mais uma
vez em convocar a classe operária ucraniana e russa para conformar uma poderosa
frente única contra ação militar do imperialismo e seu capacho, Poroshenko. A
experiência de luta do proletariado ucraniano contra o nazismo durante a II
Guerra Mundial historicamente já demonstrou que a derrota do fascismo, tanto
ontem como hoje, não significa a luta pela “democracia” burguesa ou apenas o
direito à separação do leste do país se assim decidirem, mas o combate
estratégico pela derrota do imperialismo e seu governo lacaio. Esta realidade
está criando as condições para o ressurgimento de uma vanguarda comunista com
suas bandeiras vermelhas inscritas com a foice e o martelo sempre presentes nas
manifestações populares. Desde a LBI defendemos que no curso dos enfrentamentos
militares é fundamental lutar conscientemente (política e programaticamente) a
fim de abrir caminho para o retorno de Repúblicas Soviéticas no Leste do país e
na própria Ucrânia através da expropriação da burguesia restauracionista nativa
com o objetivo de tomar o poder político do Estado, combate de classe que pode
ensejar toda a região a seguir seu exemplo, rompendo com a miséria, o
desemprego e a pobreza impostos pela restauração capitalista advinda após o fim
da URSS há quase 25 anos!
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