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sábado, 8 de março de 2014

8 de Março: Da Venezuela à Ucrânia, mulheres operárias se postam na vanguarda da luta contra o neofascismo!


Por Liga Bolchevique Internacionalista

Este 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, ocorre sob o signo de uma brutal ofensiva reacionária contra os direitos e conquistas dos explorados em nível mundial. Os imperialismos ianque e europeu buscam impor seu domínio sobre as nações que não são alinhadas servilmente aos interesses dos grandes monopólios capitalistas e seus gerentes de plantão como Obama e Merkel. A investida mais dramática tem com centro a Ucrânia e a Venezuela, países localizados em continentes distantes, mas que estão ligados por serem alvos da sanha de forças reacionárias que reivindicam Mussolini, Hitler e Pinochet. Na luta contra o neofascismo, vimos como linha de frente mulheres operárias e camponesas, jovens trabalhadoras, que se colocam na barricada de combate contra a reação burguesa. 

Na Venezuela, no final de fevereiro, milhares de mulheres saíram às ruas contra os fascistas, na Crimeia e em várias regiões da Ucrânia, centenas de companheiras estavam na linha de frente das milícias populares que impediram que as hordas da direita derrubassem as estátuas de Lenin e dos soldados que lutaram contra o nazismo na década de 40. Muitas saudaram inclusive a chegada das tropas russas nestes dias! No marco desta luta, nós marxistas revolucionários declaramos que devemos resgatar a vitória da resistência soviética sobre o nazismo (1945) para impulsionar a luta dos povos oprimidos pela derrota do imperialismo, já que foi na URSS que as mulheres mais avançaram em seus direitos políticos e sociais! Às vésperas de comemorar os 70 anos da derrota nazista, o proletariado internacional e os explorados de todo o mundo, mais particularmente as mulheres trabalhadoras que sofrem diariamente a opressão e a exploração do capitalismo devem tomar a firme resistência do povo soviético como uma prova incontestável de que o imperialismo pode ser derrotado nas ruas!

Foi a partir das socialistas revolucionárias que a luta das mulheres contra o machismo capitalista assumiu um caráter, coletivo, de classe e anticapitalista. As operárias foram protagonistas de acontecimentos históricos como o oito de março de 1917 (correspondente ao 23/02 no antigo calendário russo) em uma manifestação contra a fome e a guerra que derrubou o governo czarista e deu início à revolução russa, o mais importante e profundo processo de transformação social desde o surgimento da propriedade privada. Desde a Comuna de Paris, no século XIX, passando por todos os movimentos emancipatórios do século XX e XXI, como a luta atual das mulheres palestinas se batendo contra o nazi-sionismo israelense ou das guerrilheiras das FARC contra o imperialismo ianque, o gênero mais oprimido da humanidade demonstrou que sua libertação está intimamente ligada ao fim de toda opressão do homem pelo homem.

Desgraçadamente, o retrocesso sofrido no movimento socialista com a traição da socialdemocracia reformista à causa da revolução e a burocratização stalinista da URSS, que solapou as conquistas revolucionárias contra o patriarcado e em favor dos direitos ao divórcio e ao aborto, possibilitou que, muitas décadas depois de criado pelos socialistas, a burguesia se apropriasse e degenerasse o dia e a luta da mulher. Para cooptar a luta antimachismo, que ganhou força durante os anos 1960 e 1970, em meio aos protestos contra a ocupação do Vietnã pelos EUA e o maio francês, a ONU, através da UNESCO, estabelece oficialmente no Oito de Março de 1977 como o início das celebrações de Dia Internacional da Mulher, dando finalmente um sentido policlassista e divorciado da luta pelo socialismo para a data. A restauração do capitalismo na URSS e nos outros Estados operários burocratizados foi uma derrota histórica e de proporções globais para o proletariado. Isto permitiu a reincorporação de riquezas naturais, meios de produção e milhões de trabalhadores ao domínio imperialista, desvalorizando a força de trabalho no planeta e possibilitando uma ofensiva ideológica anticomunista que ficou conhecida como reação democrática. 

Reformistas e ONGs converteram-se em agentes desta onda reacionária. Enquanto traficam o feminismo burguês para dentro do movimento operário, acusam cretinamente os socialistas de protelarem a defesa das mulheres para um momento pós-revolucionário. Foi assim que para dividir a classe operária nas últimas décadas, a defesa da luta de classes deu lugar à luta de gêneros. A cor vermelha reivindicada historicamente pelas comunistas Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai, delegadas que criaram o Dia Internacional da Mulher Proletária em 1910, foi substituída pela cor lilás (que não por acaso corresponde à fusão do vermelho dos socialistas com o azul, capitalista) para afastar até em sua simbologia a luta pela emancipação da mulher da luta pelo socialismo. Em nome do combate à exclusão e opressão recomendam a integração maior da mulher ao mercado de trabalho. Contra a violência cada vez mais sofrida que cresce com a exploração, reivindicam a criação de organismos coercitivos dentro do Estado capitalista (delegacias de mulheres, lei “Maria da Penha”...).

Na América Latina, as guerrilheiras colombianas são exemplo de heroísmo revolucionário no combate contra a opressão social e de gênero inerentes ao capitalismo, compartilhando ombro a ombro com seus companheiros de militância as mais diversas tarefas da luta e do cotidiano; no outro lado do planeta, no Oriente Médio, suas irmãs da Palestina, Líbano e Iraque também assumem o enfrentamento direto e armado para derrotar o sionismo e o domínio do imperialismo na região. Não é raro ver cenas de várias mulheres trabalhadoras palestinas, enfrentando nas ruas os tanques genocidas de Israel, sendo voluntárias de barreiras humanas para proteger alvos e casas contra os ataques assassinos do enclave nazi-sionista ou assumindo a tarefa militante de vanguarda no papel de “mulheres-bomba” para responder por meios militares não convencionais aos massacres perpetrados pelo terrorismo de Estado patrocinado pela Casa Branca e sua base militar avançada no Oriente Médio.

Com o mesmo espírito de luta que move as guerrilheiras das FARC, as mulheres têm combatido nas fileiras de todas as lutas contra a opressão das classes dominantes no planeta, desde as mulheres revolucionárias de Paris na Revolução Francesa (1789) e na Comuna de Paris (1871), o massacre da greve das operárias têxteis de Nova York (1857), passando pela 2ª Conferência das Mulheres Socialistas que instituiu o Dia Internacional da Mulher Proletária, em 1910, na data de 8 de março, até as que foram o estopim da Revolução Russa no dia da mulher em 1917 com uma manifestação contra a fome, a guerra e o czarismo. Como relata Trotsky, as operárias têxteis, o setor mais oprimido da sociedade russa, passaram por cima de suas direções socialdemocratas e inauguraram a Revolução de Fevereiro: “O 23 de fevereiro (8 de março no calendário ocidental) era o Dia Internacional da Mulher. 

Os elementos socialdemocratas se propunham festejá-lo na forma tradicional: com assembleias, discursos, manifestos, etc. Ninguém atinou que o Dia da Mulher pudesse converter-se no primeiro dia da revolução. Nenhuma organização fez um chamamento a greve para este dia. ...desprezando suas instruções, se declararam em greve as operárias de algumas fábricas têxteis e enviaram delegadas aos metalúrgicos pedindo que apoiassem o movimento... 

É evidente, pois, que a Revolução de Fevereiro começou por baixo, vencendo a resistência das próprias organizações revolucionarias; com a particularidade de que esta espontânea iniciativa ficou a cargo da parte mais oprimida e coagida do proletariado: as operárias do ramo têxtil” (tomo I da “História da Revolução Russa”).

A luta das mulheres venezuelanas, ucranianas, colombianas, palestinas, libanesas e iraquianas é uma verdadeira bofetada no esforço que faz a burguesia e várias direções nacionalistas ou teocráticas que dedicam todos os seus esforços para ocultar o caráter operário e de luta contra a exploração capitalista do Dia Internacional da Mulher, buscando deturpar o significado dessa data, marcada pela solidariedade de classe à mulher oprimida e explorada em sua luta heroica contra o capitalismo, transformando essa homenagem aos mártires do proletariado internacional feminino numa mera data festiva com flores e palavras demagógicas.

As armas e o combate das mulheres revolucionárias, antifascistas e anti-imperialistas no planeta nos devolvem e relembram vivamente o real significado desta data para o proletariado mundial. Os marxistas revolucionários reafirmamos o 8 de Março como um dia de luta da mulher proletária contra a opressão e exploração capitalista. O feminismo pequeno-burguês busca substituir o caráter de classe da opressão da mulher na sociedade capitalista pela opressão do gênero feminino em geral, confundido a luta da maioria das mulheres ao colocar um sinal de igual entre a mulher burguesa e a operária. O melhor exemplo desta farsa é a negativa ao direito universal ao aborto livre, gratuito, garantido pelo Estado às mulheres trabalhadoras. 

A redução de verbas para a educação e à saúde pelo governo Dilma faz com que as mulheres trabalhadoras não disponham de redes públicas de creches de qualidade para seus filhos que, muitas vezes, ficam abandonados durante as horas de trabalho de suas mães. Esta real-polític joga por terra os festejos e leis demagogas instituídas pelos governos como da frente popular “em homenagem” às mulheres. 

Enquanto a mulher burguesa tem à sua disposição, à sombra da legislação hipócrita, clínicas sofisticadas, dotadas de ambientes adequados, equipamentos técnicos modernos e profissionais qualificados, a mulher trabalhadora, quando se vê obrigada a fazer aborto, recorre à dolorosa e perigosa ajuda clandestina, carente de quaisquer condições mínimas de higiene, aumentando as estatísticas de mortes e mutilações. O aborto livre, legal e gratuito para as mulheres operárias deve estar ligado indissoluvelmente à destruição e superação do capitalismo, a exemplo do que ocorreu na URSS, a partir da revolução socialista de 1917, onde uma resolução possibilitou que o aborto deixasse de ser um crime, tornando-se um direito da mulher a partir de 1920. 

Inversamente, as mulheres estiveram entre os setores do proletariado que mais perderam com a contrarrevolução capitalista que destruiu a URSS e os demais Estados operários a partir e 1989. Não só naqueles países como no restante do globo, além de aumentar a superexploração da mão de obra feminina, também vem sendo liquidadas uma série de conquistas sociais como o direito ao aborto, a educação gratuita, creches, proteção a maternidade... por trás da propaganda enganosa da “emancipação feminina” no mercado de trabalho.

Ao lado dos seus companheiros de classe, as mulheres trabalhadoras também devem liderar no Brasil a luta contra a frente popular, pela superação das ilusões institucionais das massas e pela construção de uma alternativa de poder revolucionário do proletariado. No combate à investida reacionária imperialista e a capitulação vergonhosa à reação dos partidos reformistas, os revolucionários reivindicam o fim da opressão das mulheres como parte inseparável da luta revolucionária pelo estabelecimento de um governo operário e camponês.

Neste 8 de Março, a LBI além de fazer um justo tributo as mulheres que lutam contra o neofascismo no planeta, faz um chamado por uma mobilização nacional pela descriminalização do aborto e pelo direito universal sem qualquer restrição a todas as mulheres que queiram fazê-lo, bem como a realização do aborto com acesso gratuito e garantido pelo Estado nos hospitais da rede pública para as mulheres trabalhadoras.

O combate nas ruas da Venezuela, nas selvas da Colômbia, no Oriente Médio, nas barricadas da Crimeia e no Brasil, deve ser uma só: na trincheira de luta da mulher operária, contra o imperialismo, o fascismo e seus governos capitalistas títeres!

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