“PT convoca militância para série de mobilizações no País” é a principal chamada do site do partido na internet. Na circular assinada por Rui Falcão pode-se ler “O PT defende os direitos de reunião e livre manifestação, mas repele manifestações de golpismo, intolerância e ódio. Diante destes, sairemos às ruas em defesa da democracia e das nossas bandeiras. Democracia sempre mais, ditadura nunca mais”. Dentro do calendário apontado estão as atividades convocadas pela CUT: uma plenária nacional neste dia 31 em defesa do Brasil, um ato contra o PL da Terceirização em Brasília em 07 de abril e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Obviamente em nenhum momento do texto lançado pela direção nacional do PT há qualquer crítica ao ajuste neoliberal aplicado pelo governo Dilma, ao contrário, lá se reafirma que “Diante do atual momento político do país, o Partido dos Trabalhadores é chamado a aprofundar as mudanças iniciadas pelos governos Lula e Dilma”, ou seja, defende a política da “gerentona” petista, tanto que seus parlamentares irão votar em apoio as medidas de ataques aos trabalhadores orquestradas por Levy. Não poderia ser diferente, o PT é o partido que leva adiante neste momento no comando do governo os planos da burguesia de jogar a conta da crise capitalista nos ombros dos explorados e, para isto, seu pacote de maldades tem o apoio do PMDB de Cunha e Renan assim como do PSDB. A mobilização convocada pelo PT é para defender seu governo, mas usa a CUT para encobrir esta política nefasta ao declarar “1o de Maio – Participar e organizar com as centrais sindicais e os movimentos populares uma grande mobilização da pauta da classe trabalhadora no 1o de Maio, a exemplo do que foi o dia 13 de março”. Como se observa, assim como o 13 de Março, Rui Falcão acionou a CUT para fazer das manifestações convocadas pela burocracia sindical “chapa branca” atividades em defesa de sua gerência capitalista. Neste engodo, além da CUT estão envolvidos também a CTB, UNE e MST, além do PCdoB, Consulta Popular e outras organizações que integram a Frente Popular. Como já declaramos, com o “cardápio” imposto pelos barões do capital financeiro de Wall Street será impossível para o governo Dilma reagrupar forças para reagir as mobilizações da direita e congêneres. Longe de apoiar atos “em defesa da democracia” que são na verdade manifestações de apoio aberto ou disfarçado ao governo Dilma, o movimento de massas deve dar uma resposta imediata a esta situação que pode desembocar com ataques mais profundos as conquistas históricas do proletariado. É necessário organizar imediatamente um dia nacional de paralisação, focado na luta por direitos sociais e contra o “ajuste” neoliberal. É necessário galvanizar as organizações de massa independentes (ou mesmo parcialmente autônomas), a esquerda revolucionária e classista, as combativas entidades populares e da juventude para a imediata organização de uma frente de luta direta contra o “ajuste” do imperialismo e a direita fascista. Neste campo da barricada serão inclusive muito bem vindos setores do PT e da CUT que venham a se desprender da falência política do governo Dilma e da liderança lulista, incapazes de esboçar a mínima reação progressista diante do isolamento social a que estão submetidos. Nesse sentido, a LBI não participará de nenhuma atividade convocada pelo PT em defesa do governo Dilma e aponta que a plataforma de lutas do movimento operário deve se concentrar em derrotar o “ajuste” pela via da ação direta dos explorados. Como não podemos esperar que o arco da esquerda “chapa branca” seja capaz de lutar dignamente contra o ascenso da extrema direita como vemos na convocatória publicada pelo PT e a CUT, é tarefa das forças da esquerda mais consequente e de seus aliados genuinamente democráticos impedir que as manifestações reacionárias galvanizem setores da população mais castigados pela política neomonetarista do governo. Se impõe a construção de uma mobilização operária e popular, que pela via da ação direta das massas esmague o germe do fascismo e derrote seus cúmplices oficiais, uma orientação oposta do “flerte” criminoso que PSTU e PSOL vem fazendo para a direita, impressionados com as marchas multitudinárias que ocorreram no país no dia 15 e podem se repetir em 12 de abril. Um bom começo para iniciar esta tarefa seria convocar manifestações em 1º de abril, quando se completam os 51 anos do golpe militar de 1964 para chamar pela derrota da reação burguesa e contra o ajuste neoliberal, convocando inclusive os setores da frente popular que se opõem as medidas neoliberais de Levy a de fato lutarem contra a investidas do governo Dilma para retirar direitos dos trabalhadores através da construção de uma dia nacional de luta rumo a construção da Greve Geral!
O texto lançado pelo PT acrescenta “Participaremos nos estados e nacionalmente das diversas iniciativas de articulação de frentes e fóruns populares, que reúnam movimentos sociais, centrais sindicais, partidos, juventudes, intelectualidade progressista e trabalhadores da cultura, em defesa da democracia e de uma plataforma de reformas estruturais”. O que seriam estas “reformas estruturais”? Pelo que estamos vendo são justamente os cortes de benefícios do INSS, a restrição ao seguro-desemprego, a entrega os aeroportos e o arrocho salarial, tudo em parceria com Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Todo essa ofensiva confirma o que já temos afirmado até a exaustão, ou seja, o suposto golpismo de Cunha e dos parlamentares reacionários que integram a base aliada está dirigido contra os direitos da classe operária e não contra Dilma, como vendem os satélites da frente popular tipo o PCO! O robusto bloco de direita no Congresso nacional, composto desde parlamentares governistas até a oposição demo-tucana, está disposto a garantir a governabilidade da Frente Popular na medida que representa a opção mais estável para seguir a receita econômica neomenatarista ditada por Washington. Levy e seu comparsa Tombini são a expressão maior dos interesses dos rentistas internacionais no quadro do governo petista, não só no que tange a suprimir conquistas sociais mas fundamentalmente para auferir maior lucratividade para a banca financeira, a alta da taxa de juros e a disparada da cotação do Dólar não deixam dúvidas sobre em seus objetivos estratégicos. Reorientar a economia brasileira para o campo comercial dos EUA, retirando o país da zona de influência dos BRIC´s é a tarefa central desta equipe econômica neoliberal, que conta com “carta branca” da presidenta Dilma, neste marco seria uma estupidez completa do imperialismo arquitetar um “golpe parlamentar” contra o governo, e sob esta orientação atuam fielmente em nosso país os parlamentares neoliberais. Por esta razão a “defesa da democracia” proclamada pelo PT é a defesa de estabilidade para seu governo seguir atacando os trabalhadores.
Em sintonia com o que deseja o PT, a direção da CUT anunciou que dia 31 “movimentos sociais mobilizam em defesa do Brasil” e complementou “Em São Paulo, ex-presidente Lula participa da Plenária Nacional por Mais Democracia, Mais Direitos, Combate à Corrupção e em defesa da Petrobrás para convocar e preparar duas grandes mobilizações de rua que acontecerão em 7 de abril e no 1º de Maio, Dia do Trabalhador”. Todas estas atividades estariam voltadas para que “Dilma governe ouvindo o povo”. Entretanto em nenhum momento é chamado a derrotar pela ação direta dos trabalhadores o ajuste neoliberal da surda “gerentona” petista, ao contrário, o caminho apontado é fundamentalmente garantir a governabilidade a Dilma e aconselhá-la se possível fazer pequenos remendos no seu pacote de maldades. A burocracia cutista “apela” para a burguesia nacional salvar o modelo de gestão da colaboração de classes, onde “todos ganham”. O “detalhe” é que a aguda crise capitalista mundial não é mais capaz de lastrear a “farra” brasileira. Nesta conjuntura sai de cena o roteiro “todos ganham” para entrar “só os trabalhadores perdem!”. Não adianta tentar “convencer” a burguesia de que ela foi beneficiada com grande acúmulo de capital nas gerências do PT, para as classes dominantes o momento é de “ajustar” as contas do Estado nas costas do proletariado. A construção de uma alternativa revolucionária do proletariado neste momento passa bem longe da “unidade nacional” tanto alardeada pela burocracia sindical da Frente Popular.
Dentro desta conjuntura, onde a classe operária atomizada não estabelece uma “ameaça” concreta de tomada do poder, e portanto, para a burguesia não interessa politicamente romper a ordem institucional vigente, a tarefa que se impõe aos que não se vergaram a política de cooptação da Frente Popular e tampouco se “acovardam” com o fantasma de um golpe de estado inexistente, é a da construção de uma Frente Operária, Popular e da Esquerda classista para derrotar o ajuste neoliberal e enfrentar a direita fascista! Se trata justamente de combater o governo do PT que não recua em suas investidas contra os explorados e ganhar força através do movimento de massas, greves e ocupações para enfrentar a reação burguesa que colocou a cabeça para fora com força no último dia 15.
Para os Marxistas Revolucionários não se trata de perfilar, em unidade de ação, com o governo burguês contra a falácia de um golpe de estado em marcha. Também não se coloca a defesa em geral do regime democrático supostamente ameaçado por uma conspiração militar. Caso estivessem postos estes elementos na conjuntura, como estiveram em 64, não hesitaríamos em momento algum de impulsionar uma frente única com o governo Dilma contra o golpe e imperialismo. Porém a situação nacional aponta em outra direção, este governo segue contando com o apoio “crítico” do imperialismo para implementar as “contrarreformas” impostas pelo capital financeiro internacional. A plataforma de lutas do movimento operário deve se concentrar em derrotar o “ajuste” pela via da ação direta dos explorados.
A alternativa correta e proletária a ofensiva da direita não será engrossar os atos governistas e seu campanha genérica “em defesa da democracia”. Nossa tarefa é a construção de uma mobilização independente deste governo neoliberal, contando com o apoio político do MTST e de outras entidades combativas e organizações da esquerda classista. Chamamos a combater a direita tucana e forças golpistas desde um ângulo da classe operária e seus aliados históricos como o campesinato e o movimento popular. Neste norte programático é necessário organizar massivas mobilizações em defesa de uma PETROBRAS sob controle dos trabalhadores, contra as medidas anti-operárias do governo da Frente Popular e em defesa de nossos direitos sociais conquistados com muita luta e sangue do proletariado. Um bom começo para pôr em movimento esta plataforma classista seria uma ampla articulação dos movimentos sociais para mobilizar nossa classe no início de abril em um dia nacional de paralisação contra o “ajuste” neoliberal (defendido pelo PT e PSDB) que ameaça jogar o país em uma profunda recessão econômica, com desemprego em massa, arrocho salarial e destruição das estatais que sobrevieram a era FHC. É nesse sentido que a classe operária precisa constituir uma Frente Operária, Popular e da Esquerda classista não com Levy, Dilma e a direção do PT mas contra eles e para derrotar a direita fascista.
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