A principal liderança nacional do MST, João Pedro Stédile, debateu com os blogueiros da esquerda na noite desta quinta-feira, 21 de janeiro, por ocasião do lançamento do novo sítio da entidade camponesa na internet. A atividade foi promovida pelo "Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé", dirigido pelo jornalista Altamiro Borges, ex-Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB. Em um auditório completamente lotado no centro de São Paulo Stédile expôs a política "oficialista" do MST frente a nova conjuntura aberta com a reeleição do governo Dilma, afirmando que o movimento assume a posição de “autonomia saudável”, segundo suas palavras, atacando o "aquilo que não é bom e apoiando o que está correto". Para Stédile a atual ministra da Agricultura (Katia Abreu) deveria "ter vergonha de integrar um governo do PT" e que a presidente Dilma estaria atuando de forma mais "conservadora em função da crise econômica mundial". O coordenador do MST admitiu em tom de autocrítica um refluxo do movimento de massas, em particular das ocupações de terra, a partir do segundo mandato de Lula, lançando a proposta da necessidade da organização de uma Frente de Esquerda dos movimentos sociais para "defender nesta atual etapa direitos ameaçados". Candido Alvarez, editor-chefe do Blog da LBI, interveio neste importante debate para os rumos da esquerda, destacando que a "vergonha" era o governo do PT convidar latifundiários, oligarquias e banqueiros para o ministério e não o inverso! Alvarez estabeleceu uma rigorosa delimitação com a estratégia de atrelamento estatal do MST, disfarçada de "autonomia saudável". Em relação a constatação política dos rumos mais "conservadores" do segundo mandato de Dilma, justificada por Stédile em razão da crise econômica mundial, o dirigente da LBI afirmou que a opção do PT em assumir uma plataforma neoliberal mais "agressiva", dando adeus a retórica vazia do "neodesenvolvimentismo" não significa apenas uma contingência forçada pela conjuntura mundial. A via neomonetarista adotada pelos governos do PT representa uma opção de classe, no caso segmentos do capital financeiro que controlam de fato o Estado burguês do qual Dilma apenas gerencia. Porém a direção do MST, assim como a do MTST, declara que é necessário adotar uma política "defensista" diante da ofensiva neoliberal em curso, embora não pretendam romper com o governo do PT. Para colocar efetivamente em marcha esta orientação é necessário sim organizar uma frente social de esquerda para lutar, na senda da ação direta, superando as ilusões no governo da Frente Popular e neste Congresso de parlamentares corruptos, como disse Stédile no debate: "É necessário pôr o povo na rua", mas também é preciso apontar o norte estratégico desta caminhada popular! Com o atrelamento das entidades de massas ao governo nossa luta será derrotada desde a gênese. A proposta de organizar uma Frente de Esquerda é importante, desde que seja para combater a ofensiva imperialista e suas "gestoras" tupiniquins. Nós da LBI, apesar das enormes divergências políticas, convocamos "humildemente" o MTST, MST e centrais sindicais da esquerda para em unidade de ação preparar uma verdadeira jornada nacional de luta direta contra as "reformas" neoliberais do governo Dilma, construindo assim um verdadeiro poder popular!
Candido Alvarez (LBI) delimita com a política "oficialista" do MST
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