Plínio, um democrata cristão “radical”
Plínio de Arruda Sampaio é um dos políticos mais antigos da política burguesa católica nacional. Apoiador de João Goulart, foi deputado federal, membro do então Partido Democrata Cristão, do MDB e ex-funcionário da ONU. Plínio foi fundador do PT e dentro do partido representante de sua ala direita, como na disputa que acabou por escolher Erundina como candidata petista a prefeitura de São Paulo em 1988.
Foi o responsável por elaborar o programa de reforma agrária do primeiro governo Lula. Apesar da fama de defensor da reforma agrária, seu programa em nada deixa a desejar às escandalosas posições antiaborto adotadas por HH na campanha de 2006 contra as bandeiras históricas do movimento de massas. Hoje, parabeniza o MST e a Igreja pelo recuo na luta pela reforma agrária: “reforma agrária, o que pode ser feito agora? O que pode ser feito agora é crédito. (...) O MST e a CNBB estão propondo o seguinte: as propriedades com mais de 1.000 hectares serão desapropriáveis, não quer dizer desapropriadas, o que permitirá muito maior flexibilidade.” (Entrevista a Carta Capital, A solução necessária, 03/02/2010).
O aclamado candidato a presidente pelo PSOL acredita que nada pode ser feito agora além de liberar crédito e flexibilizar com o latifúndio valendo-se de uma proposta ambígua até nas formalidades. A reação truculenta contra o movimento sem terra no campo demonstra com fatos aonde leva esta flexibilização. Não contente, ele reconhece que fez o plano de reforma agrária do Lula mais “modesto” do que o do governo do coronel latifundiário Sarney. “Eu fiz um projeto para o Lula, um projeto modesto. Para ter uma idéia, no tempo do Sarney o Zé Gomes fez um primeiro plano para assentar 1,4 milhão de famílias em quatro anos, eu fiz para um milhão porque a correlação de forças não permite” (idem). E ao final reconhece cinicamente: “O plano não passou, cortaram pela metade. E não cumpriram nem a metade.” O reformismo é incurável e degenerativo. Mesmo com toda sua longa trajetória, Plínio propõe recuar mais ainda no projeto de reforma agrária e deixar o latifúndio ainda mais “à vontade”.
Em uma seção da CPI do MST, no dia 10 de março, Plínio, como presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA) reivindicou que a reacionária CPI “tem que investigar tudo. Não pode investigar um lado só. (...) De modo que eu acho o seguinte: se alguma irregularidade foi feita pelo MST, deve ser apurada, deve ser mandada para o Ministério Público, para as possíveis providências”. Posando como democrata, como se não bastasse toda perseguição que o MST já vem sofrendo por parte da justiça do latifúndio, Plínio legitima a ofensiva institucional contra os sem-terra criando cretinamente ilusões que o resultado de uma comissão do Congresso corrupto dominada pela bancada ruralista fosse o de “investigar imparcialmente os dois lados” e não o de inocentar ao latifúndio e criminalizar ainda mais o MST.
Não foi por acaso que o principal meio de comunicação do imperialismo no Brasil, a Rede Globo resolveu destacar com alguma atenção a cobertura televisiva da Conferência Eleitoral que aclamou Plínio, projetando-o no Jornal Nacional como uma candidatura “radical”.
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