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domingo, 30 de dezembro de 2012

Diferenças e semelhanças: judeus, hebreus, sionistas, israelenses e israelitas


Minhas considerações...

Este é um tema bastante forte (politicamente falando), que cria uma avenida de dúvidas e interpretações conforme a conjuntura e a essência política pelo qual se objetiva alcançar.

Mas apesar de tudo, a existência do estado de Israel é uma premissa de uma realidade protagonizada pela comunidade internacional que, mesmo com a onda de perseguições sofrida pelo povo judeu em várias épocas da história da humanidade, e em várias partes do mundo e, mais recentemente durante a segunda guerra mundial, valida e torna a criação da pátria mãe judia mais que um direito histórico que, aclamado pela comunidade internacional, inclusive com o aval do governo brasileiro naquele dia inesquecível, veio a reconhecer o povo judeu com este status...

Eu não pretendo estar polemizando uma temática histórica desta envergadura, mas pra mim tudo é uma questão de separar o joio do trigo, e isso inclui o direito judeu á um estado pátrio que respeite o mesmo direito ao povo palestino.

O fato de Israel estar sendo governado por sionistas, não nos tira este direito mesmo como judeus religiosos, até porque uma coisa não tem nada a ver com outra, daí a premissa na separação do joio do trigo...

Sionismo é política e judaísmo é religião, mesmo assim, a historia não irá pagar pedágio pela destruição do estado de Israel em substituição a criação do estado palestino, demonstrado por aqueles que despejam seu ódio mortal contra os judeus, em decorrência das agressões covardes praticadas pelos sionistas que governam Israel... Por isso é preciso entender que uma chamada política e pragmática como "Palestina Livre" deverá levar em conta a convivência pacífica entre os povos da região... 




Do Blogue Ousar Lutar!!! Ousar Vencer!!!

É comum confundi-los ou mesmo usá-los de forma errada, estes conceitos ou adjetivos relacionados ao judaísmo e ao estado de Israel. Para evitar esse grave erro sugiro a leitura do artigo abaixo, que encontrei no Sionismo.net (que estuda o movimento que dá nome ao site e não a defende-o) - assinado por Moámmer Darman al-Muháyir, que por sua vez diferencia essas cinco definições lingüísticas fundamentais sobre a temática tratada: Judeus, Hebreus, Sionistas, Israelenses e Israelitas.
Para falar com justiça dos judeus e evitar o racismo e ideias pré-concebidas, é necessário que se entenda a diferença e o significado de cinco definições lingüísticas fundamentais: Judeus, Hebreus, Sionistas, Israelenses e Israelitas.

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso.

[...]

1 – Judeus: (do latim Iudaeus, e este do hebraico yehudi). Adjetivo. Judeus são aqueles que praticam a religião conhecida como Judaísmo. O Judaísmo é uma religião que teve origem com a revelação divina da Toráh no monte Sinai a um grupo de tribos hebraicas. Judeus são aqueles que professam esta religião, independentemente da sua raça. O único e fundamental compromisso dos judeus é unicamente com Deus, estando esse pacto referido na Toráh ou Pentateuco. Segundo a Toráh e outras escrituras sagradas do Judaísmo, os judeus foram exilados de Palestina (antes Canaã) há mais de mil anos por vontade divina, como castigo por terem abandonado os deveres religiosos para com Deus. Desde então, os judeus estão mortalmente proibidos de se aproximarem da zona do Monte do Templo, onde antigamente estava o Sinédrio, ou Templo, na época dos Macabeus; a Toráh e o Talmude proíbem que os judeus formem um Estado, um país independente ou forcem terminar o exílio. Eles acreditam que o seu exílio terminará pacificamente com a vinda do Messias (P e B), numa época ideal na qual todos os povos do mundo se unirão em paz ao serviço do Criador. Estas são as autênticas crenças históricas dos judeu, como bem o explicam as poucas comunidades que atualmente os representam e quem as negue, NÃO É JUDEU.

Isto foi explicado e clarificado por algumas das organizações que verdadeiramente representam a posição do Judaísmo histórico no mundo atual, como Satmar Hassidic e Neturei Karta.

Alguns anos depois da composição deste artigo, encontrei uma interessante explicação sobre este tópico publicada pelo Centro Virtual Cervantes de Língua Espanhola, que confirma o ponto de vista exposto neste artigo.

2 – Israelitas: Adjetivo. Termo proveniente da Bíblia, com que se tem designado historicamente o povo judeu.

3 – Hebreus: Do latim Hebraeus, e este do hebraico 'ibri, e este talvez proveniente do acádio hapirum, pária, vagabundo, transumante. Adjetivo. Designação histórica de um povo nómada do deserto, oriundo do Médio Oriente. Os hebreus são uma etnia, raça ou povo, com padrões genéticos e características físicas próprias e distintas de outros povos. Assume-se geralmente que a maioria dos hebreus praticam o Judaísmo, mas a verdade é que uma grande parte não são judeus, hoje em dia, talvez a maioria. E tal como atualmente a maioria dos muçulmanos não são árabes, muitos judeus não são hebreus, como também muitos hebreus não são judeus, mas sim ateus, cristãos, sionistas, comunistas ou muçulmanos.

Pode-se ser hebreu sem ser judeu, não praticando o Judaísmo; e se pode ser judeu sem ser hebreu, através da conversão ao Judaísmo, sendo de outra raça qualquer, como no caso das comunidades negras de judeus na Etiópia.

4 – Sionista: Adjetivo. É a pessoa que adere ao movimento político do Sionismo, um movimento nacional socialista hebraico originado por descendentes de judeus europeus (ashkenazis), que se tornaram laicos ou apostataram do Judaísmo, cujo objetivo fundamental, após a queda do Terceiro Reich no século XX, foi a colonização forçada da Palestina para fundar aí um Estado hebraico, a qual se levou a cabo mediante repressão e assassinatos, uma vez que Palestina nunca esteve desabitada. De início este movimento foi seriamente resistido no mundo judeu e os rabinos ortodoxos o declararam "um partido ou seita herege, apóstata e anti-judeu". Atualmente o acusam de racista por professar uma ideologia de ódio aos árabes e de praticar o genocídio e limpeza étnica na Palestina. Os kibuts "socialistas", tão publicitados nos anos 60, 70 e 80, foram uma forma de enganar a população, propondo no início uma convivência idealista que os palestinos lamentavelmente aceitaram, pois sentiram que as suas condições de vida iriam melhorar. O Sionismo foi racista e supremacista desde o início. Sua plataforma política implica o extermínio ou deportação dos não israelenses (pt, israelitas), sejam ou não judeus, para conseguir a criação do "Grande Israel", que abrangeria parte de Síria e outras nações limítrofes, como se pode entender das declarações dos seus principais líderes e ideólogos, como Ben Gurión e Golda Meir.

O movimento sionista começou então uma forte propaganda política entre as comunidades judaicas do mundo, agitando o fantasma do anti-semitismo e assegurando que nenhum judeu está seguro fora de Israel. O movimento foi ganhando adeptos entre os hebreus e algumas comunidades de judeus, que foram abandonando os princípios do Judaísmo e substituindo a lealdade a Deus e à sua religião histórica pela lealdade política a um Estado.

5 – Israelense (1) : Adjetivo. Cidadão habitante e leal ao Estado de Israel. Não se deve confundir com o adjetivo "israelita", que ainda hoje se utiliza para se designar os judeus.

Conclusão

Uma pessoa pode ser hebréia, sionista e israelense. Pode ser cristã, chinesa e sionista. Uma pessoa pode ser israelense, cristã e de origem ariana. Mas jamais pode ser judeu e sionista simultaneamente, porque os fundamentos do Judaísmo e do Sionismo contradizem-se, como explicam as organizações de judeus ortodoxos antes mencionadas, que têm esclarecido a diferença fundamental entre Sionismo e Judaísmo: (http://www.nkusa.org/foreign_language/spanish/UASR.cfm).

A ideia de que "judeu" e "sionista" são sinônimos é una falácia inventada pelo movimento sionista para diminuir as comunidades judaicas dispersas pelo mundo e transladá-las para Palestina, convidando os judeus a desconhecer a proibição de Deus e dos seus sábios, dizendo-lhes que na realidade o Judaísmo não é religião mas sim uma cultura e um conjunto de tradições, o que é absolutamente falso. Engano este que o mundo parece acreditar, inclusive árabes e muçulmanos, chamando judeus aos sionistas e vice-versa.

Por último, à luz do exposto, Israel não pode ser lingüísticamente denominado como um "Estado Judaico".

A maioria dos hebreus e judeus em geral têm muitas dúvidas sobre tudo o que diz respeito a Israel; alguns estão contra e outros estão a favor da sua existência como Estado, mas são poucos os que defendem Israel sem reservas e justificam os seus crimes. Quanto aos sionistas, a maioria deles não são nem judeus nem de origem hebraica. Inclusive, como é do conhecimento público, as igrejas evangélicas da América Latina são abertamente sionistas.

Nota do tradutor: Em português do Brasil e em língua castelhana, a diferença entre israelense (israelí em castelhano) e israelita é facilmente identificada. Em português europeu o termo "israelitas" refere-se aos cidadãos do estado de Israel e também ao termo bíblico referente ao povo judeu.

A Tradução é do site Sionismo.Artigo traduzido a partir do site WebIslam.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

250 edições do Jornal Luta Operária, um marco histórico da imprensa operária!



Chegamos ao final de 2012 com o Jornal Luta Operária (JLO) completando a marca histórica de 250 edições. 

Em maio de 1995, surgia a primeira edição, número zero, do periódico publicado pela Liga Bolchevique Internacionalista, não por acaso, no mesmo mês em que nossa corrente política foi fundada.

Passado 17 anos, hoje o JLO é uma importante referência não só nacional, mas também internacional, no universo das publicações das organizações que se reivindicam revolucionárias.

 É seguramente o periódico impresso quinzenalmente mais regular de toda esquerda brasileira, o que reflete o seu compromisso no acompanhamento sistemático da análise da conjuntura mundial, assim como uma intensa cobertura dos acontecimentos mais marcantes da luta de classes em nosso país. 

Ao lado do Blog da LBI, de nosso site na internet e da revista teórica Marxismo Revolucionário, o JLO cumpre o importante papel de ser o principal porta-voz de nossas posições políticas. 

Seguindo o legado de Lênin, compreendemos que a imprensa partidária em plena febre do “mundo virtual” continua sendo o militante número 1 de uma organização revolucionária. 

Não pode haver uma corrente política realmente comunista que não possua uma imprensa partidária regular, não somente como um mero boletim informativo como é comum na “esquerda”, mas fundamentalmente como um organizador coletivo de toda a atividade militante, abstraindo as lições programáticas de cada fato da luta de classes. 

Sem medo de errar, a trajetória política das 250 edições do JLO passou pelo crivo ácido da luta de classes ao sustentar posições justas e corajosas do ponto de vista da classe operária e das massas oprimidas.

A exemplar regularidade do JLO é produto da intensa elaboração política da direção da nossa corrente que compreende a necessidade da construção de um poderoso instrumento publicitário marxista. 

Ao contrário de outros periódicos da esquerda que muitas vezes anunciam-se semanais ou mesmo quinzenais e até mensais, mas que de fato são absolutamente irregulares na periodicidade de sua publicação, o JLO manteve uma rigorosa presença atualizada nos principais combates da classe trabalhadora. 

Mais do que um mero “cliping” de esquerda, o JLO prima pela elaboração conceitual, procurando abstrair as principais lições programáticas de cada fato da luta de classes, seja no presente ou passado. 

Estamos certos que cumprimos bem este objetivo ao longo de 250 edições, contribuindo dentro de nossas modestas forças para dotar o proletariado de uma plataforma revolucionária de luta pela conquista de seu próprio poder político. As matérias do JLO, além de aprofundar do ponto de vista da radicalidade da análise, ajudam a dar respostas aos principais fatos da luta de classes, sem sacrificar as polêmicas e as posições principistas de nossa corrente. 

Desta forma, nos opomos ao “academicismo” reinante na esquerda, que muito escreve longamente e pouco diz porque na verdade os “longos artigos” carecem de conteúdo programático e estão voltados mais a encobrir suas posições políticas de adaptação ao imperialismo e à frente popular com algum ar “teórico” ou “intelectual”, falso, diga-se de passagem, do que para apresentar uma plataforma de independência política para o proletariado.

 Como um veículo da imprensa independente dos patrões e das verbas estatais diretas ou indiretas, o JLO é mantido exclusivamente com as contribuições de seus leitores e colaboradores, porque entendemos que sua fortaleza editorial e a perspectiva de uma longa existência só dependerão da coerência e princípios de suas posições político-programáticas. 

Manter viva a imprensa operária, quando quase todas as organizações de esquerda já abandonaram suas publicações regulares ou passaram a ser meros “papagaios” da mídia burguesa desprovidas de qualquer conteúdo de análise conceitual marxista, é nosso objetivo.
O ataque das classes dominantes aos direitos e conquistas dos trabalhadores através dos planos estatais de “ajustes” implementados por governos “neoliberais” e da centro-esquerda burguesa encontrou nas páginas do JLO uma análise centrada na própria dinâmica da luta de classes na perspectiva política de superação do modo de produção capitalista. 

Com o estancamento do desenvolvimento das forças produtivas, o regime da propriedade privada passa a incrementar enormemente a evolução técno-científica como forma de aumentar a extração da mais-valia e potenciar a acumulação do capital por vias econômicas até então “marginais” na composição orgânica do capital. 

O colapso financeiro das bolsas imperialistas ocorridas em 2008 foi parte deste contexto. A LBI recusou-se a integrar o “consenso” da esquerda revisionista ao afirmar que não estávamos atravessando a última e derradeira crise do regime capitalista, por mais severa que esta se apresentasse com a falência de várias corporações financeiras e industriais nos principais centros econômicos do planeta.

 Não embarcamos na cantilena fácil de profetizar o fim do capitalismo, sem que a classe operária assumisse seu papel histórico protagonista no féretro da burguesia mundial. 

Como um jornal marxista revolucionário o JLO esteve a serviço de explicar pedagogicamente que o crash financeiro, operados pelos yuppies que alavancam títulos podres, só se converteria em uma crise terminal do sistema se viesse acompanhado da ação revolucionária das massas, caso contrário seria mais um degrau acima na ofensiva imperialista para aumentar os ritmos de produção e incrementar o desemprego no seio do proletariado.

No curso desta conjuntura, o modelo de gestão estatal inaugurado pela frente popular no Brasil em 2002, tem se destacado internacionalmente como um excelente recurso da burguesia para amortecer e entorpecer as latentes tendências à sublevação da classe operária diante da ofensiva patronal. Este fenômeno também foi minuciosamente analisado em diversas edições do JLO. 

A continuidade do governo Lula com a “gerentona” Dilma revelou-se uma necessidade da burguesia nacional, o fundamental é manter o pacto social vigente. A LBI prognosticou com muita clareza este fenômeno político, caracterizamos que a realização das eleições seria uma mera maquiagem circense diante dos objetivos estratégicos das classes dominantes de parceria com a frente popular.

 O JLO impulsionou uma campanha de boicote ativo à farsa eleitoral, convocando o conjunto de organizações e ativistas classistas que não se domesticaram com a institucionalidade democrática a darem um passo à frente na denúncia deste regime político fraudulento, concentrando forças na ação direta e independente do proletariado. 

A elaboração político-ideológica sistemática do JLO também vem dando cobertura a recente investida da mídia “murdochiana” e do STF contra o PT, analisando a estabilidade política da frente popular como produto da estratégia de colaboração de classes em oposição ao catastrofismo reinante na “esquerda” não-governista, além de acompanhar diversos fatos da conjuntura nacional que estão sendo “investigados” do ponto de vista do marxismo revolucionário. 

A atual ofensiva imperialista contra as semicolônias, iniciada no começo do ano passado, teve seu marco de inflexão na derrubada do regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi por forças reacionárias armadas pela OTAN.

 Na América Latina, concentram seus esforços contra Argentina e Venezuela, países considerados pelos ianques como “inimigos da imprensa livre”, em função da orientação parcialmente nacionalista de seus governos. Para os marxistas revolucionários está absolutamente claro que esta sanha global contra os povos só poderá ser derrotada com absoluta independência de classe, frente aos dois bandos capitalistas que se enfrentam pelo controle do botim estatal. 

Mas, esta análise não pode significar nenhum tipo de abstencionismo, ou ainda muito pior, um alinhamento automático com o setor burguês que detém o comando da mídia “murdochiana”, como fazem os canalhas do PSTU, pensando em amealhar alguns votos que acabem sobrando da “farra” reacionária promovida pelo STF e afins.

Na arena da luta de classes em nível mundial, também o JLO foi vanguarda política em nosso país. 

A introdução do debate acerca do defensismo soviético ganhou destaque nas páginas do JLO, que assumiu uma posição pioneira nesta questão no âmbito da esquerda nacional. 

Fomos uma tribuna implacável na denúncia da restauração capitalista nos antigos Estados do Leste europeu, caracterizando o processo que culminou com a destruição da União Soviética e suas conquistas operárias como contrarrevolucionário, contrastando radicalmente com a avaliação dominante da esquerda revisionista que considerou a queda do Muro de Berlim como um acontecimento “democrático e revolucionário”. 

Em 2001, quando foram destruídas as torres gêmeas, no que ficou conhecido como o “11 de Setembro”, o JLO recusou-se a engrossar a histeria “antiterrorista” impulsionada pelo carniceiro Bush, defendendo como legítima qualquer resposta militar de países, povos ou grupos atingidos pelo imperialismo, ao mesmo tempo que afirmava que só o método da revolução proletária mundial seria capaz de pôr fim à hegemonia imperial norte-americana que ameaça o planeta. 

Postando-se no mesmo campo de batalha de todos os movimentos de resistência ao imperialismo e seus apêndices, como o sionismo, declaramos que só a construção de uma direção revolucionária poderá conduzir as massas insurretas à vitória final. 

Neste sentido, não depositamos a menor confiança política em direções “nacionalistas” que pelo seu caráter burguês estarão sempre dispostas a um acordo ou “acomodação” com o imperialismo. 

Apesar disso, chamamos a frente única com estas direções e regimes atacados pela senha neocolonialista da Casa Branca agora sob a gestão de Obama, como vemos hoje gestado no lastro da mal-chamada “Primavera Árabe”. 

Acompanhando e intervindo ativamente na luta de classes, o JLO vem fazendo ampla cobertura da ofensiva imperialista no Oriente Médio, denunciando não “só” a genocida agressão da OTAN a Líbia e agora via mercenários “rebeldes” na Síria, mas demarcando campo com o revisionismo que apoiou a investida das grandes potências em nome da defesa da farsesca “revolução árabe”. 

Nesse sentido, a luta política travada através do JLO, refletindo nossa própria intervenção no terreno concreto da luta de classes, foi um contraponto de classe não “apenas” à mídia, mas fundamentalmente a seus “papagaios” no interior da “esquerda” revisionista, que se converteu em porta-voz do império em nome da “defesa da democracia” e tragicamente segue o mesmo script quando a Casa Branca incrementa sua ofensiva contra a Síria e o Irã.

Estamos conscientes de nossas dificuldades programáticas, limitações organizativas e das tremendas forças centrífugas que atuam para a liquidação física e política de uma organização revolucionária que não tem medo de enfrentar a contramão do oportunismo, a frente popular e o ódio de classe de nossos inimigos capitalistas. 

Desde a equipe editorial do JLO nos orgulhamos de estar construindo esse valioso instrumento de luta política e convidamos você a fortalecer a imprensa operária e comunista! 

Por esta razão afirmamos: vida longa ao Jornal Luta Operária, viva as 250 edições do JLO!

 Aproveitamos esta última edição do ano para agradecer a todos os leitores, assinantes e apoiadores que nos ajudaram a sedimentar definitivamente o JLO como uma imprensa operária e socialista e desejar um 2013 permeado de muita resistência para a classe operária e os povos oprimidos do planeta, tendo a certeza que encontrarão no JLO um bastião na luta pela construção de um genuíno partido operário revolucionário e internacionalista!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Corte “Suprema” e mídia “Murdochiana” dois instrumentos estratégicos da ofensiva imperialista em curso no Brasil

 Por Liga Bolchevique Internacionalista

A resolução aprovada por maioria no plenário do STF de cassar mandatos parlamentares sem a respectiva aprovação do Congresso Nacional (Câmara ou Senado), criando uma jurisprudência que vai bem mais além do que os deputados envolvidos na ação penal 470, não significa apenas um ato monocrático que ameaça as liberdades democráticas burguesas vigentes após a saída de cena do regime militar em 1984.

 A recente decisão (inconstitucional) da “Suprema” Corte é parte de uma escalada reacionária orquestrada pelo imperialismo, que tem por objetivo atacar frontalmente as parcas conquistas da classe operária (políticas e sociais), produto de sua luta de massas nos últimos trinta anos, desde a conquista de uma anistia parcial para os presos e exilados em 79 até ao cancelamento limitado das privatizações nos dois primeiros governos da frente popular. 

De nada importa para a burguesia, subserviente à estratégia da Casa Branca, se as medidas adotadas pelo STF estão acontecendo “ao arrepio da lei”, é que exatamente nos momentos de crise institucional a orientação das forças da reação sempre aponta no sentido de “quebrar” a constitucionalidade e fazer valer o exercício do autoritarismo, com um viés abertamente fascistizante. 

Foi assim em 1964 e logo depois em 1968, e os atuais ingredientes políticos, ainda em “cozimento”, indicam que caminhamos para uma situação muito similar. 

Como já havíamos alertado anteriormente, o “casamento” do novo “herói negro” com a “famiglia” Marinho não estava destinado apenas a punir os corruptos “mensaleiros” petistas, como ingenuamente caracterizou a oposição de “esquerda”, agora se voltam contra a própria ordem constitucional que “celebraram” em 1988, diante da impotência do parlamento submisso e de um PT acovardado e ao mesmo tempo cúmplice desta ofensiva direitista, regida pelo “Tio Sam”.

 Aos que pensam ser a prisão da histórica cúpula petista um gesto de resgate da “cidadania” por parte da Corte “Suprema”, muito se equivocam. 

Também supunham que o linchamento público dos antigos pelegos da velha CGT “Janguista” seria um sopro de democracia, mas ao contrário só alimentou a “mão pesada” dos golpistas de 64 contra o conjunto do movimento de massas. 

Agora, a história se repete em outra conjuntura mundial bastante diversa, sem a polarização ideológica soviética e com um profundo retrocesso na consciência de classe do proletariado, ou seja, o atual peso da influência da mídia “murdochiana” é gigantesco se comparado há cinquenta anos.

 A conversão do “PIG” em principal pilar da oposição burguesa conservadora e sua “santa aliança” com o novo “homem do povo”, ungido presidente do “Supremo”, já começa até a preocupar setores das classes dominantes, alinhadas com os governos petistas.


Para os incautos que ainda tem alguma dúvida acerca do “dedo” imperialista na operação política montada para o “espetaculoso” julgamento do chamado “mensalão”, basta ler a mais recente edição da arquirreacionária revista britânica “The Economist”, a mesma que semanas atrás “aconselhou” a demissão do ministro Mantega, em função da política adotada de redução da taxa de juros. 

Com o título “Um cardápio mais saudável” o pasquim “murdochiano” afirma que desta vez o processo não “acabou em pizza”, graças é claro ao “justiceiro” togado Joaquim Barbosa, que aparece em destaque na matéria de várias páginas, finalizando com um “pedido” de investigação contra o ex-presidente Lula.

 A atual ofensiva imperialista contra as semicolônias, iniciada no começo do ano passado, teve seu marco de inflexão na derrubada do regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi, por forças reacionárias armadas pela OTAN. Na América Latina concentram seus esforços contra Argentina e Venezuela, países considerados pelos ianques como “inimigos da imprensa livre”, em função da orientação parcialmente nacionalista de seus governos. 

No Brasil, principal economia da região, são pesados os interesses financeiros em jogo, levando com que a diplomacia norte-americana buscasse um acordo com o próprio governo Dilma, para isolar os que considerava “radicais” no interior do PT. “Neutralizado” o centro do poder ficou muito fácil para a organização criminosa da “famiglia” Marinho trucidar os dirigentes da tendência petista “Articulação”, fabricando artificialmente de “quebra” uma nova liderança “popular” para ocupar o vazio político após a desmoralização da mítica figura de Lula.



Agora a “espada de dâmocles” está sobre a cabeça de Lula, se insistir ocupar a vaga de Dilma na sucessão presidencial de 2014 provavelmente terá o mesmo fim dos “compadres” Dirceu e Delúbio, além de provocar, por parte da mídia “murdochiana”, imediatamente o acionamento direto da candidatura de Barbosa ao Planalto. 

Caso Lula faça a opção pela disputa do governo paulista, a burguesia seguirá com Dilma na presidência e depois decidirá o futuro político do “sapo barbudo” que ela resiste em “engolir”. Mas, a questão de fundo para o imperialismo não são as características políticas distintas entre Lula e Dilma (apesar de programaticamente muito semelhantes) e sim a própria relação política com o movimento operário e neste caso uma gestão “Lulista” apresentaria bem mais resistência aos planos neoliberais de “ajuste” contra as conquistas sociais. 

Não é demais “refrescar” a memória dos petistas de “esquerda” que os patronos da desastrosa política monetarista do governo Lula foram Dirceu e Palocci, que neste momento se enfrentam em lados opostos da barricada partidária, apesar de ambos estarem sendo “fuzilados” pela mesma mídia patronal “ingrata”.



Para os marxistas revolucionários está absolutamente claro que a ofensiva imperialista global contra os povos só poderá ser derrotada com absoluta independência de classe, frente aos dois bandos capitalistas que se enfrentam pelo controle do botim estatal. 

Mas, esta análise não pode significar nenhum tipo de abstencionismo, ou ainda muito pior, um alinhamento automático com o setor burguês que detém o comando da mídia “murdochiana”, como fazem os canalhas do PSTU, pensando em amealhar alguns votos que acabem sobrando da “farra” reacionária promovida pelo STF e afins. 

Denunciar vigorosamente as manobras monocráticas do “Supremo” contra as garantias democráticas constitucionais, não significa equacionar a luta de classes entre “regime democrático” versus “regime autoritário”, como fazem os reformistas “chapa branca”.

 A vanguarda classista do proletariado deve se armar de um programa revolucionário diante da conjuntura política que se abre com o julgamento do “mensalão”, construindo um tripé de reivindicações que inclua o combate radical aos monopólios capitalistas de comunicação, a derrota das investidas autoritárias e golpistas do STF e, por último, a ação direta pela reposição salarial, passando por cima dos aparelhos sindicais burocratizados. 

Com esta plataforma devemos avançar na perspectiva socialista de consolidar um poder dos trabalhadores, completamente autônomo das instituições apodrecidas desta “república de novos barões capitalistas”.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Afinal, era ou não Lula o “chefe” do esquema chamado de “Mensalão”?


  Por Liga Bolchevique Internacionalista


Com toda a “carga” a burguesia monopolista avança sobre a imagem política de Lula, requentando desta vez as velhas acusações da escória podre, como Marcos Valério, utilizada pelo PT para intermediar as comissões de grandes empresas que negociam contratos com o Estado burguês.



A “novidade” não são propriamente as denúncias de Valério contra Lula, mas parece que desta vez estas foram acolhidas pelo novo herói fabricado pelo “PIG”, o presidente do STF Joaquim Barbosa.



O publicitário mineiro, cooptado do antigo esquema de percentuais operado pelos tucanos, afirma que era Lula o principal negociador das comissões, além de se beneficiar pessoalmente dos valores retidos pelo PT fruto das transações com várias empresas.



 O PT que praticamente ofereceu passivamente a “cabeça” de seus dirigentes históricos para serem decepadas pela ofensiva reacionária, embrulhada de “ação penal pela moralidade pública”, não quer nem ouvir falar no envolvimento do ex-presidente neste caso, mantendo a todo custo a figura vestal de Lula.



Admitindo que operou na “tradição” política do caixa 2, a direção petista reivindica um “ingênuo” crime eleitoral, praticado por todo o universo dos partidos (do PSOL ao DEM), negando taxativamente a corrupção pessoal e ideológica de suas lideranças mais representativas.



Por sinal, esta versão foi “comprada” integramente pelo ex-presidente do PT, Genoíno Neto, que se diz um “pobre miserável” (apesar de ter sido deputado federal por trinta anos) sem recursos para pagar a multa imposta pela quadrilha togada do Supremo.



A covardia de Lula em defender seus companheiros de partido diante da sanha direitista da burguesia, agora se soma ao cretinismo mais descarado ao negar seu papel dirigente nas “transações comerciais” que estabeleceu com a burguesia, utilizando a gerência do Estado capitalista. Quem militou no PT sabe muito bem que a última palavra no partido sempre era dada por Lula, e que jamais o “presidente metalúrgico” delegaria a trupe de Delúbio e Dirceu o recebimento de “generosas” comissões obtidas no início de seu primeiro mandato.



Quanto a versão do STF e do PIG (este por razões óbvias) de que o esquema do “mensalão” consistia na compra de deputados para votar a reforma da previdência social, somente muito tolos podem supor que a alcatéia de picaretas do Congresso Nacional precisaria de algum “troco” para votar uma medida neoliberal recomendada pelo FMI.



Acossado inclusive pela anturragem palaciana que patrocinou veladamente a Ação Penal 470 e agora a operação policial “Porto Seguro”, Lula optou por se passar de “bobo indignado” e que não sabia de nada, deixando a turma de Dirceu “curtir” solitários umas férias no presídio da Papuda.



O PT, e Lula em particular, vem sendo chantageado por toda sorte de escroques com quem “trabalharam” em conjunto para acumular “caixa”, seja para a utilização eleitoral do partido ou para enriquecimento pessoal de seus dirigentes.



As relações “comerciais sujas” estabelecidas pelo PT, no controle do botim estatal, são simplesmente a extensão política das alianças que estabeleceram com as oligarquias burguesas mais corruptas deste país, como os Sarney, Ferreira Gomes, Maluf, Collor e similares.



Agora os petistas passam pela desmoralização pública de serem enxovalhados pela escória de antigos e novos parceiros na “corretagem” dos contratos estatais, como Valério, Cachoeira e Paulo Vieira.



 O resultado político imediato da “chuva ácida” que cai sobre o teto petista é a retirada da possibilidade de Lula disputar a presidência da república em 2014.

 Mas, se este também foi o objetivo inicial do governo Dilma ao incentivar seus ministros togados do Supremo a “caçar” impiedosamente os “capos” da tendência petista Articulação, o “feitiço” ganhou vida própria e agora ameaça devorar o conjunto do arco petista.



O “pesadelo” de Lula tem nome e sobrenome, trata-se do “justiceiro negro”, criado pelo “PIG” como o símbolo da ética e defensor do “seu” povo pobre e oprimido, não por coincidência “título” que pertencia ao próprio Lula antes ser jogado na vala comum dos políticos corruptos do Brasil.

Joaquim Barbosa tem sido preparado pela burguesia para ocupar um papel de destaque em um amplo movimento político reacionário, cujo destino final é o Palácio do Planalto.





terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Para entender o xadrez da política



Vamos entender o xadrez político atual. 
Há um jogo em que o objetivo maior é capturar o rei – a Presidência da República. O ponto central da estratégia consiste em destruir a principal peça do xadrez adversário: o mito Lula.
Na fase inicial – quando explodiu o “mensalão” – havia um arco restrito e confuso, formado pela velha mídia e pelo PSDB e uma estratégia difusa, que consistia em “sangrar” o adversário e aguardar os resultados nas eleições presidenciais seguintes.
A tática falhou em 2006 e 2010, apesar da ficha falsa de Dilma, do consultor respeitado que havia acabado de sair da cadeia, dos 200 mil dólares em um envelope gigante entrando no Palácio do Planalto, das FARCs invadindo o Brasil  e todo aquele arsenal utilizado nas duas eleições.
A partir da saída de Lula da presidência, tentou-se uma segunda tática: a de construir um mito anti-Lula. À falta de candidatos, apostou-se em Dilma Rousseff, com seu perfil de classe média intelectualizada, preocupações de gestora, discrição etc. Imaginava-se que caísse no canto de sereia em que se jogaram tantas criaturas contra o criador.
Não colou. Dilma é dotada de uma lealdade pessoal acima de qualquer tentação.

O “republicanismo”

Mas as campanhas sistemáticas de denúncias acabaram sendo bem sucedidas por linhas tortas. Primeiro, ao moldar uma opinião pública midiática ferozmente anti-Lula.
Depois, por ter incutido no governo um senso de republicanismo que o fez abrir mão até de instrumentos legítimos de autodefesa. Descuidou-se na nomeação de Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), abriu-se mão da indicação do Procurador Geral da República (PGR) e descentralizaram-se as ações da Polícia Federal.
Qualquer ação contra o governo passou a ser interpretada como sinal de republicanismo; qualquer ação contra a oposição, sinal de aparelhamento do Estado.
Caindo nesse canto de sereia, o governo permitiu o desenvolvimento de três novos protagonistas no jogo de “captura o rei”.
STF
Gradativamente, formou-se uma bancada pró-crise institucional, composta por Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, e  Luiz Fux, à qual aderiram Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello. Há um Ministro que milita do lado do PT, José Antonio Toffolli. E três legalistas: Lewandowski, Carmen Lucia e Rosa Weber.
O capítulo mais importante, nesse trabalho pró-crise, é o da criação de um confronto com o Congresso, que não terá resultados imediatos mas ajudará a alimentar a escandalização e o processo reiterado de deslegitimação da política.
Para o lugar de César Peluso, apostou-se em um ministro legalista, Teori Zavascki. Na sabatina no Senado, Teori defendeu que a prerrogativa de cassar parlamentares era do Parlamento. Ontem, eximiu-se de votar. Não se tratava de matéria ligada ao “mensalão”, mas de um tema constitucional. Mesmo assim, não quis entrar na fogueira.
Procuradoria Geral da República (PGR)
Há claramente um movimento de alimentar a mídia com vazamentos de inquéritos. O último foi esse do Marcos Valério ao Ministério Público Federal.
Sem direito à delação premiada, não haveria nenhum interesse de vazamento da parte de Valério e seu advogado. Todos os sinais apontam para a PGR. Nem a PGR nem Ministros do STF haviam aceitado o depoimento, por não verem valor nele. No entanto, permitiu-se o vazamento para posterior escandalização pela mídia.
Gurgel é o mais político dos Procuradores Gerais da história recente do país. A maneira como conquistou o apoio de Demóstenes Torres à sua indicação, as manobras no Senado, para evitar a indicação de um crítico ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), revelam um político habilidosíssimo, conhecedor dos meandros do poder em Brasília. E que tem uma noção do exercício do poder muito mais elaborada que a do Ministro da Justiça e da própria Presidente da República. Um craque!
Polícia Federal em São Paulo
Movimento semelhante. Vazam-se os e-mails particulares da secretária Rosemary Noronha. Mas mantém-se a sete chaves o relatório da Operação Castelo de Areia.

O jogo político

De 2005 para cá, muita água rolou. Inicialmente havia uma aliança mídia-PSDB. Agora, como se observa, um arco  mais amplo, com Ministros do STF, PGR e setores da PF. E muito bem articulado agora porque, pela primeira vez, a mídia acertou na veia. A vantagem de quem tem muito poder, aliás, é essa: pode se dar ao luxo de errar muitas vezes, até acertar o caminho.
Daqui para frente, o jogo está dado: um processo interminável de auto-alimentação de denúncias. Vaza-se um inquérito aqui, monta-se o show midiático, que leva a desdobramentos, a novos vazamentos, em uma cadeia interminável.
Essa estratégia poderia ter uma saída constitucional: mais uma vez “sangrar” e esperar as próximas eleições.
Dificilmente será bem sucedida no campo eleitoral. Mas, com ela, tenta-se abortar dois movimentos positivos do governo para 2014:
  1. É questão de tempo para as medidas econômicas adotadas nos últimos meses surtirem efeito. Hoje em dia, há certo mal-estar localizado por parte de grupos que tiveram suas margens afetadas pelas últimas medidas. Até 2014 haverá tempo de sobra para a economia se recuperar e esse mal-estar se diluir. Jogar contra a economia é uma faca de dois gumes: pode-se atrasar a recuperação mas pratica-se a política do “quanto pior melhor” que marcou pesadamente o PT do início dos anos 90. Em 2014, com um mínimo de recuperação da economia,  o governo Dilma estará montado em uma soma de realizações: os resultados do Brasil Sorridente, resultados palpáveis do PAC, os efeitos da nova política econômica, os avanços nas formas de gestão. Terá o que mostrar para os mais pobres e para os mais ricos.
  2. No campo político, a ampliação do arco de alianças do governo Dilma.
Há pouca fé na viabilidade da candidatura Aécio, principalmente se a economia reagir aos estímulos da política econômica. Além disso, a base da pirâmide já se mostrou pouco influenciada pelas campanhas midiáticas.
À medida que essa estratégia de desgaste se mostrar pouco eficaz no campo eleitoral, se sairá desses movimentos de aquecimento para o da luta aberta.

Próximos passos

Aí se entra em um campo delicado, o do confronto.
Ao mesmo tempo em que se fragilizou no campo jurídico, o “republicanismo” de Lula e Dilma minimizou o principal discurso legitimador de golpes: a tese do “contragolpe”. Na Argentina, massas de classe média estão mobilizadas contra Cristina Kirchner devido à imagem de “autoritária” que se pegou nela.
No Brasil, apesar de todos os esforços da mídia, a tese não pegou. Principalmente devido ao fato de que, quando o STF achou que tinha capturado o PT, já havia um novo em campo – de Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Padilha – sem o viés aparelhista do PT original. E Dilma tem se revelado uma legalista até a raiz dos cabelos e o limite da prudência.
Aparentemente, não irá abrir mão do “republicanismo”, mas, de agora em diante, devidamente mitigado. E ela tem um conjunto de instrumentos à mão.
Por exemplo, dificilmente será indicado para a PGR alguém ligado ao grupo de Roberto Gurgel.
Espera-se que, nas próximas substituições do STF, busquem-se juristas com compromissos firmados e história de vida em defesa da democracia – e com notório saber, peloamordeDeus. De qualquer modo, o núcleo duro do STF ainda tem muitos anos de mandato pela frente.
Muito provavelmente, baixada a poeira, se providenciará um Ministro da Justiça mais dinâmico, com mais ascendência sobre a PF.
Do outro lado do tabuleiro, se aproveitará os efeitos do pibinho para iniciar o processo de desconstrução de Dilma.
Mas o próximo capítulo será o do confronto, que  ocorrerá quando toda essa teia que está sendo tecida chegar em Lula. E Lula facilitou o trabalho com esse inacreditável episódio Rosemary Noronha.
Esse momento exigirá bons estrategistas do lado do governo: como reagir, sem alimentar a tese do contragolpe. E exigirá também um material escasso no jogo político-midiático atual: moderadores, mediadores, na mídia, no Judiciário, no Congresso e no Executivo, que impeçam que se jogue mais gasolina na fogueira.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Guarani Kaiowá: Denúncia do MPF revela detalhes de morte de cacique no MS

Cacique guarani kaiowá Nizio Gomes assassinado em 18 de novembro de 2011

  
Por Leonardo Sakamoto

O assassinato do cacique guarani kaiowá Nizio Gomes em 18 de novembro de 2011, no acampamento da retomada do Tekoha Guaiviry, localizado nos municípios de Aral Moreira e Ponta Porã, ambos no Mato Grosso do Sul, chocou o país e causou repercussão internacional. Agora, o processo contra os 19 acusados de planejar e executar o crime deixou de correr em segredo de justiça.


Os guarani kaiowá enfrentam a pior situação entre os povos indígenas do Brasil, apresentando altos índices de suicídio e desnutrição infantil. O confinamento em pequenas parcelas de terra é uma das razões principais para a precária situação do povo. Sem alternativas, alguns tornaram-se alvos fáceis para os aliciadores de mão de obra, tornando-se escravos em usinas de açúcar e álcool.


Enquanto os índios se amontoam em reservas minúsculas, fazendeiros, muitos dos quais ocupantes irregulares de terras indígenas, esparramam-se confortavelmente por centenas de milhares de hectares. O governo não tem sido competente para agilizar a entrega aos indíe vem sofrendo pressões da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Mesmo em áreas já homologadas, fazendeiros-invasores se negam a sair.


A reportagem é da jornalista Verena Glass, da Repórter Brasil:

Públicas desde o dia 8 de novembro, as investigações e a conseqüente denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contam uma história digna de romance policial, com relatos de suborno, acenos ligados à disputa do poder político (promessa de apoio à eleição de um amigo da vítima ao cargo de vereador), planejamento minucioso do crime na calada da noite, delação da amante do dono da emprea envolvida no assassinato, entre outros.

Documentos públicos fundamentados em depoimentos e investigações revelam que a trama que levou à morte de Nizio teria começado pouco após a retomada de um pequeno trecho da Fazenda Nova Aurora pelos kaiowá de Guaiviry, em 1° de novembro de 2011.


Vizinhos da área, os réus Idelfino Maganha (dono das Fazendas Querência, Cachoeirinha e Figueira), Claudio Adelino Gali (dono das Fazendas Sonho Mágico e Arueira) e Samuel Peloi (dono da Fazenda Dois Irmãos), além do presidente do sindicato rural e Secretário Municipal de Obras de Aral Moreira (MS), Osvin Mittanck, e dos advogados Levi Palma e Dieter Michael Seyboth (este último, genro do fazendeiro Maganha) teriam discutido formas para retirar os indígenas da área.

Segundo a denúncia, foram aventadas três possibilidades: convencer o grupo a sair mediante o oferecimento de dinheiro; pedir reintegração de posse na Justiça; ou contratar uma empresa de segurança privada armada para promover a expulsão violenta.

Primeiro, porém, haveria a necessidade de sondar o acampamento. Para isso, Osvin teria apresentado ao grupo o indígena Dilo, conhecido do cacique Nizio Gomes. A missão atribuída a Dilo seria a de levantar o número de acampados em Guaiviry e verificar se Nizio sairia em troca de pagamento.


Dilo foi três vezes ao acampamento, mas o cacique permanecia firme: a terra pertenceu aos seus ancestrais, e lá o grupo ficaria.

Entrementes, os fazendeiros teriam contatado a empresa de segurança Gaspem (conhecida no Estado por suas ações violentas em acampamentos indígenas), comandada pelo policial militar aposentado Aurelino Arce. Com o fracasso das tentativas de suborno, o grupo teria decidido, segundo consta na denúncia do MPF acatada pelo Judiciário, pela contratação dos pistoleiros.


Um dia antes, o advogado Levi Palma e o dono da Gaspem teriam acertado os detalhes da ação. Aurelino Arce acionara, então, seus homens – os réus Josivam Vieira de Oliveira (vigilante), Jerri Adriano Pereira Benites (aposentado), Wesley Alves Jardim (ajudante de pedreiro), Juarez Rocanski (vendedor ambulante), Edimar Alves dos Reis (vigilante), Nilson da Silva Braga (vigilante), Ricardo Alessandro Severino do Nascimento (vigilante e gerente da Gaspem), André Pereira dos Santos (vigilante), Robson Neres do Araújo, Marcelo Benitez e Eugenio Benito Penzo -, enquanto Levi cuidaria da logística e reuniria, junto aos fazendeiros locais, as armas para o ataque.


Por volta das 22h do dia 17, segundo a denúncia, o grupo de Aurelino chegou à Fazenda Maranata, onde foi recebido pelo fazendeiro Samuel Peloi, que lhes ofereceu um jantar. Após a refeição, já na madrugada do dia 18, Cláudio Adelino Gali, Aparecido Sanches (seu braço direito e capataz em sua fazenda), Samuel Peloi, Levi Palma e os 12 integrantes da Gaspem fecharam os detalhes do ataque. Conforme testemunhas, os fazendeiros repassaram as armas de fogo (ao menos seis, do tipo calibre 12). Decidiu-se o horário da ação e a logística de carros.

O ataque ao acampamento foi perpetrado pelos jagunços Josivan, Jerri Adriano, Wesley, Juarez, Edimar, Nilson, Ricardo Alessandro, Robson e Marcelo Benitez, de acordo com as investigações que sustentam a denúncia.


A denúncia afima também que, ao chegarem na trilha que dá acesso ao interior do acampamento de Guaviry, os homens da Gaspem abordadaram aos gritos o cacique Nízio Gomes que, assustado, reagiu e acertou o pé direito de Josivan com uma machadinha. Neste momento, o tiroteio começou. Com um tiro sub-axilar, Jerri Adriano mata Nizio. Seu neto, Jhonaton Gomes, de 15 anos, apesar de também ferido, tenta carregar o corpo do avô, mas quando vê os pistoleiros se aproximarem, foge para o mato. Segundo testemunhas, Jerri vai até a vítima, chuta sua cabeça e diz: “esses índios mesmo mortos ainda nos dão trabalho”.


A seguir, Robson, Juarez, Edimar, Jerri e Wesley carregam o corpo para fora da mata e colocam-no em uma das duas caminhonetes S-10 que foram utilizadas para acompanhar e dar suporte à ação. O veículo que transportou o corpo do indígena foi conduzido por Aparecido Sanches (funcionário do fazendeiro Cláudio Gali), que estava com outras duas pessoas (ainda não identificadas).


Após desaparecer com o corpo de Nizio, o consórcio de fazendeiros teria montado uma estratégia para dificultar as investigações. Dois dias depois do crime, Osvin Mittanck, Samuel Peloi e Idelfino Maganha teriam se reunido com o índio Dilo na sede do Sindicato Rural de Aral Moreira.


 Em troca de dinheiro, pagamento de advogado e apoio à sua candidatura a vereador nas eleições de 2012, Dilo deveria dizer à Polícia Federal (PF) que Nizio estava vivo, escondido em uma aldeia no Paraguai. Pelas mentiras à PF, Dilo recebeu cerca de R$ 2,3 mil dos fazendeiros, apurou a investigação; e concluiu: “o grupo de fazendeiros não poupou esforços para corromper a citada testemunha”.


Confirmação da morte – A farsa montada pelos mandantes do assassinato de Nizio não durou muito. Uma das testemunhas-chave no processo foi Tatiane Michele da Silva, de 20 anos. Amante do dono da Gaspem, Aurelino Arce, Tatiane disse à PF que presenciou o momento em que Josivan, Juarez, Jerri e Wesley informaram a Aurelino que teriam matado um indígena durante a ação, e que o corpo já estava longe.


Depois das infrutíferas buscas por Nizio no Paraguai, Dilo acabou confessando o esquema de mentiras, tornando-se outra testemunha-chave do processo. Por outro lado, de acordo com a perícia, análises de sangue coletado no local do crime não deixaram dúvidas de que Nizio foi baleado e morto. “A despeito da não localização do corpo ou dos restos mortais, a prova técnica e testemunhal produzidas nestes autos retratam uma miríade de provas e indícios que permitem concluir pela materialidade do delito de homicídio qualificado ora denunciado”, sustentou a investigação.


Segundo o MPF, dos 19 acusados – Claudio Adelino Gali (fazendeiro), Levi Palma (advogado), Aparecido Sanches (tratorista, homem de confiança de Cláudio Gali e capataz de sua propriedade rural Sonho Mágico), Samuel Peloi (fazendeiro), Idelfino Maganha (fazendeiro), Dieter Michael Seyboth (advogado e genro de Idelfino Maganha), Osvin Mittanck (presidente do Sindicato Rural e Secretário de Obras de Aral Moreira/MS), Aurelino Arce (PM aposentado, proprietário da Gaspem Segurança Ltda), Josivam Vieira de Oliveira (vigilante, agente executor), Jerri Adriano Pereira Benites (aposentado, agente executor), Wesley Alves Jardim (ajudante de pedreiro, agente executor), Juarez Rocanski (vendedor ambulante, agente executor), Edimar Alves dos Reis (vigilante, agente executor), Nilson da Silva Braga (vigilante, agente executor), Ricardo Alessandro Severino do Nascimento (vigilante, gerente da Gaspem Segurança), André Pereira dos Santos (vigilante, executor), Robson Neres do Araújo, agente executor, Marcelo Benitez, agente executor, e Eugenio Benito Penzo, motorista -, três responderiam pelo homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação de cadáver, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de testemunha; quatro, por homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação de cadáver e porte ilegal de arma de fogo; e 12, por homicídio qualificado, lesão corporal, formação de quadrilha ou bando armado, e porte ilegal de arma de fogo.

O caso corre agora na Justiça Federal de Ponta Porá (processo 0001927-86.2012.4.03.6005). Já durante o inquérito, a PF havia pedido a prisão preventiva de 18 investigados, dos quais sete continuam detidos. Os acusados foram citados para que apresentem suas respectivas defesas.


Demarcação é reivindicação antiga – A área indígena Guaiviry vem sendo reivindicada pelos Guarani-kaiowá desde 2004. De acordo com as lideranças, a área teria sido demarcada como indígena ainda no século 19, mas na década de 1910, com a criação da Terra Indígena Amambaí pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), a população de Guaiviry foi transferida para lá e a área anteriormente ocupada, considerada terra devoluta. Segundo o MPF, “a demarcação da terra indígena Guaiviry é conhecido pleito dos Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul. Foi objeto, inclusive, de Termo de Ajustamento de Conduta – TAC celebrado entre o Ministério Público Federal e a Funai em 12/11/2007, a fim de que a autarquia indigenista enfim promovesse os tão aguardados estudos de identificação e delimitação pertinentes, nos termos da legislação em vigor.


Importante ressaltar que o indígena Nízio Gomes figurou como testemunha daquele instrumento jurídico, evidenciando sua importância na luta pelo reconhecimento das terras tradicionais da comunidade Guaiviry”. Até o momento, o estudo da área pela Fundação Nacional do Índio (Funai), ligada ao Ministério da Justiça, não foi finalizado.