Por Liga Bolchevique Internacionalista
Pelo menos 20 guerrilheiros das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foram mortos durante um ataque do
Exército colombiano neste final de semana a um dos acampamentos do grupo, na
região de Nariño.
A ofensiva militar ocorreu no município de Ricaurte, perto da
fronteira com o Equador, no Sudoeste da Colômbia. Entre os mortos está um
importante dirigente da guerrilha, Guillermo Pequeño. Foi a maior operação
militar contra as FARC desde que as chamadas “negociações de paz” começaram em
outubro.
A Força Aérea bombardeou três acampamentos da guerrilha e atacou sua
coluna móvel de combate. O chacal Manoel Santos ordenou o assassinato dos
guerrilheiros após a direção das FARC anunciar em meados de novembro um “cessar
fogo” unilateral até janeiro como um gesto de “boa vontade” para alcançar a
“paz”.
Tal ato foi apoiado por Fidel, Chávez e a maioria da esquerda mundial.
Desde a LBI denunciamos que esta política de concessões vergonhosas está
servindo para debilitar a guerrilha política e militarmente. Fica cada vez mais
claro que a única “paz” que sairá destas negociações é a dos cemitérios, já que
desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC estão sendo
sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta
revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia
e do imperialismo.
No domingo, 02 de dezembro, Manuel
Santos anunciou que as negociações dos primeiros acordos com as FARC deverão
ser concluídas apenas em novembro de 2013. Ou seja, o chacal deseja mais tempo
para ir eliminando a guerrilha, enquanto finge negociar, ou melhor, negocia na
verdade a rendição das FARC. Não por acaso, os representantes do governo
declararam que até agora as negociações foram “positivas”.
Também pudera.
Enquanto a direção da guerrilha declarou um cessar fogo unilateral, deixando
seus homens como alvos fáceis do exército colombiano por vários meses, Santos
ordena ataques aos acampamentos da guerrilha. Já foram mais de 100 mortos nos
três meses de negociações. Segundo anunciou a direção da guerrilha em 19 de
novembro: “O Secretariado das Farc, acolhendo o imenso clamor de paz dos mais
diversos setores do povo colombiano, ordena que unidades da guerrilha em todo o
país cessem todas as operações militares ofensivas contra forças oficiais, e
também os atos de sabotagem contra a infraestrutura pública e privada, durante
o período de 20 de novembro de 2012 a 20 de janeiro de 2013.
Iván Márquez,
chefe da delegação das FARC, declarou que “a decisão busca fortalecer o clima de
entendimento necessário para que as partes possam negociar e alcançar o
objetivo desejado por todos os colombianos”.
Não há dúvida de que estamos
presenciando, com o aval vergonhoso da esquerda mundial, uma farsa montada
justamente para eliminar fisicamente a guerrilha. As “negociações de paz” têm
como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da
guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a experiência
das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de seus quadros para a
constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um partido político legal,
tendo como resultado o assassinato de cerca 5 mil dirigentes pelas forças de
repressão do Estado, pilar-mestre da democracia bastarda colombiana.
Essa
tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas hoje patrocinadas pela
direção da guerrilha e o conjunto da esquerda. Ao narcotraficante regime
burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em partido
político desarmado, apenas sua extinção.
Ainda que consideremos justo que as
FARC tomem medidas de autopreservação neste momento delicado do combate, pois a
guerrilha tem todo direito de negociar a liberdade de seus presos políticos
através da troca de reféns, definitivamente não é anunciando um “cessar fogo”
unilateral o melhor caminho para se defender dos ataques do genocida regime
colombiano, muito menos tendo ilusões de que este possa chegar a algum acordo
com a guerrilha que não seja baseado na sua liquidação enquanto força política e
militar.
As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas
pelas FARC são apoiadas pelo conjunto da esquerda mundial e os governos
“progressistas” da América Latina. Elas estão sendo tomadas no marco de uma
enorme pressão “democrática” dos “aliados” da guerrilha, particularmente do
governo Chávez e de Fidel Castro. Não por acaso, o mesmo Chávez que clama pela
deposição das armas pelas FARC tem colaborado vergonhosamente com Santos na
perseguição aos quadros políticos e militares da guerrilha, justamente porque o
caudilho bolivariano deseja ter as FARC como moeda de troca em seus acordos com
a Casa Branca, como se viu durante as eleições venezuelanas.
A morte de 100 guerrilheiros das FARC
em apenas três meses já demonstra que a Casa Branca e seus títeres como Santos
vem desferindo uma ofensiva global contra as forças políticas e regimes que lhe
são adversários após a reeleição de Obama. Não por acaso, ocorreram os ataques
ao Hamas na Palestina pelo enclave sionista. Os alvos imediatos são, além das
FARC e do Hamas, a Síria e o Irã.
Esse plano montado pelo Pentágono está em
curso em uma escala global. Diante do cerco crescente neste momento de maior
fragilidade das FARC, os marxistas revolucionários declaram seu apoio
incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e
do aparato repressivo de Santos.
Simultaneamente, apontamos como alternativa a
superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na
reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada
com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para
liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados
colombianos.
Defendemos que uma política justa para o confronto entre a
guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos,
com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista
das FARC.
Ao lado dos heroicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue
derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda, Mono Jojoy e agora
Guillermo Pequeño, que morreram em combate, apontamos como alternativa
programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do
proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma
“Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres.
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