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domingo, 22 de novembro de 2015

ATO EM SÃO PAULO DE SOLIDARIEDADE À SÍRIA DENUNCIA AMEAÇA DE INTERVENÇÃO DA OTAN APÓS OS ATENTADOS DE PARIS



Ocorreu neste sábado (21.11) um importante ato internacionalista de solidariedade ao povo sírio na Avenida Paulista, em frente ao consulado do país em São Paulo. O ato foi convocado pela Frente Brasileira de Solidariedade com a Síria e contou com a presença de aproximadamente 150 pessoas, a maioria ativistas árabes independentes que denunciaram firmemente as agressões imperialista-sionista em todo o Médio Oriente, contando com o apoio militante criminoso das petromonarquias do Golfo. 

A representação do consulado sírio também esteve presente, denunciando o processo de destruição do país desde 2011, que vem resultando numa histórica crise humanitária de refugiados, desmascarando por completo o mito da tal “Revolução Árabe”, defendida vergonhosamente por correntes corrompidas no interior da esquerda como os patifes morenistas da LIT- PSTU e seus colaterais reformistas degenerados LER-MRT, muito bem denunciados por nossa corrente desde o início dos levantes golpistas no Oriente Médio e Norte da África. 

A militância da LBI (que junto com militantes do PCB e PC do B, foram as únicas correntes de esquerda no ato) participou ativamente da atividade através de uma ampla panfletagem e intervenção defendendo a frente única com Assad e Putin para esmagar a contrarrevolução mercenária e os ataques diretos do imperialismo, visando destruir toda a infra estrutura do país árabe levando ao caos sua situação econômica e social, criando as condições para a derrubada do governo nacionalista burguês de Assad, colocando em seu lugar um dócil gerente obediente, que seja mais fiel aos interesses colonizadores do ocidente e fortaleça as posições do fascismo sionista de Israel na região. 

A ausência de correntes revisionistas que hoje se dizem "defensoras da Síria" como o PCO mas que até ontem apresentaram os "rebeldes" como combatentes da revolução árabe demonstra seu alinhamento com estes grupos terroristas contra o governo Assad. 

Vítima de um verdadeiro genocídio colonizador levado adiante por todas as potências capitalistas mundiais lideradas pelos EUA desde 2011, quando se inicia a reacionária “Primavera Árabe”, que tinha (e tem) como finalidade a política de “regime change”  e a “full espectro dominance”, primeiro a Líbia de Kadaffi e depois a Síria passaram por um período extremamente difícil em sua história, correndo um risco de completa desagregação como ocorreu com a Líbia e Iraque, países completamente destruídos pelas guerras fratricidas neocoloniais imperialista, reflexo direto da putrefação do capitalismo mundial que só tem a oferecer guerra e destruição à humanidade, ou seja, a barbárie permanente. 

A realização do ato apesar de seu caráter de vanguarda foi uma imensa vitória, visto que abre a possibilidade da rearticulação de comitês aintiimperialista e de frente única no país, que intensifique suas atividades de agitação e denúncia, fazendo um contra peso às manipulações da imprensa criminosa da burguesia, levando aos trabalhadores e à juventude a necessidade de fortalecer sua resistência frente ao recrudescimento dos ataques imperialistas a todos os oprimidos e explorados do globo.

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Derrotar o Estado Islâmico poderá ser fácil, mas a Síria será indestrutível!! 

sábado, 21 de novembro de 2015

"Jogo da direita" e "linha auxiliar": duas faces do mesmo discurso...


Babá, membro da Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) e vereador pelo PSOL-RJ
  
Por Jorge Nogueira*


Vou começar tratando o tema da impopularidade recorde do governo do PT e de algumas figuras tais como Bolsonaro, Danilo Gentili, Rachel Sheherazade, Silas Malafaia, Marcos Feliciano, Alexandre Frota, Wanderlei Silva e outras figuras deploráveis que tentam ganhar audiência em cima disso.

É fato que o povo brasileiro não aguenta mais o governo do PT. Contudo, a indignação popular nada tem a ver com o que propagam estas "personalidades". A população está insatisfeita com o governo porque os salários estão defasados diante da inflação; estão mais caros os alimentos, as contas de luz e as tarifas de transporte; as verbas da saúde e educação sofrem cortes brutais; direitos trabalhistas históricos foram retirados e restringidos; as empreiteiras faturam com a corrupção e os bancos faturam ainda mais com ajuste fiscal.

O desgaste do governo da Dilma não tem qualquer relação com implantação do comunismo, da revolução bolivariana, com haitianos vivendo no país, com Cuba ou Bolívia. Isso tudo é bobagem desqualificada de quinta categoria para tentar ludibriar a população, como tentam fazer crer estas "celebridades" efêmeras, algumas delas decadentes tentando reaparecer a todo custo.

O governo da Dilma tem um ministro da Economia ultra-liberal, agente direto do sistema financeiro, uma ministra da Agricultura representante do agronegócio (não gente, não é um sem-terra que é ministro), velhos corruptos e filhotes da ditadura, como Maluf e Collor, na base aliada.

As pesquisas mostram que a impopularidade do governo é bastante uniforme, independente de faixa de renda, idade, região e escolaridade. Ou seja, a insatisfação com o governo não é algo restrito a setores ditos abastados, como sugerem os petistas. As mesmas pesquisas mostram que as pessoas de baixa renda, mais jovens e da classe trabalhadora não se identificam com as manifestações pelo impeachment convocadas pela velha direita. E certamente, não é porque elas gostem do governo. Simplesmente, essas pessoas não veem suas pautas representadas nessas manifestações e desconfiam das alternativas de poder propostas nestes atos.

Não por acaso, as pesquisas também mostram que milhões de pessoas não votariam em Lula para presidente, assim como não votariam em Aécio, Marina e José Serra, por exemplo. Os que defendem a volta do regime militar (a tal da intervenção militar constitucional, prevista em lugar nenhum), promovem atos que reúnem meia dúzia de gatos pingados, em geral lunáticos raivosos, histéricos e desinformados que compartilham diariamente toneladas de informações falsas sem qualquer credibilidade. As pesquisas dizem que mesmo nas manifestações convocadas pela direita por impeachment, a esmagadora maioria não defende retorno ao regime militar e quer serviços públicos, gratuitos e de qualidade (nada de "Estado Mínimo", antes que os liberais se animem).

Essa gente, que fala em volta dos militares ao poder, faz o jogo do governo inclusive. Eles facilitam a vida para o governismo se dizer perseguido pelas "elites", falar em ameaça de "golpe" e tentar posar de esquerda, mesmo governando com medidas reacionárias, umas após outras, e não havendo qualquer setor importante das elites tentando derrubar o governo. A política econômica ultra-conservadora de Dilma e Levy tem apoio da Globo, da FIESP, da FIRJAN, do sistema financeiro e do agronegócio, com todos estes agentes já havendo se manifestado pela governabilidade.

Trata-se aqui de um caso de "inimigos" que se ajudam, que complementam o falso discurso um do outro. Os caricatos representantes do extremo conservadorismo, ao levantar, por exemplo, a bandeira da "intervenção militar" e outras consignas ultra-reacionárias, ajudam o governismo a propagar o medo de uma suposta "onda conservadora" e da instalação de um regime ditatorial fascista de direita. Por outro lado, o apoio ao governo das velhas burocracias da UNE, da CUT e de outros movimentos sociais, adotando de forma oportunista esse discurso do medo, da defesa da democracia e da legalidade (burguesas e que não estão sob qualquer ameaça real), cria o ambiente simbólico (o chamado "verniz de esquerda") para os reacionários propagarem que se trata de um governo "comunista", com velhos chavões do tipo "vai pra Cuba".

Por um lado, os governistas acusam qualquer pessoa que lhes critique de "fazer o jogo da direita". Por outro, a velha direita diz que quem não marcha com eles é "linha auxiliar" do PT. Basicamente, "jogo da direita" e "linha auxiliar" são dois mantras repetidos a exaustão para impedir que surja qualquer outra alternativa aos mesmos de sempre, ainda mais com tanta rejeição a todos os tradicionais atores da política brasileira.

Pois bem, existem inúmeros motivos para a Dilma cair. Há insatisfação popular generalizada e as medidas do governo são um estelionato eleitoral. Dilma aplica tudo aquilo que acusava Aécio e Marina de pretenderem fazer. Dilma dizia que Marina governaria para os banqueiros, que agora somam lucros recordes, em plena recessão. E acusava que Aécio iria privatizar e o governo petista anuncia pacotes e mais pacotes de privatizações.

Os motivos reais para a queda de Dilma não são pauta de qualquer destas manifestações pelo impeachment, seja nas ruas, seja nas redes sociais. É irônico ver estes setores reacionários manifestarem indignação, plausível, com a corrupção do governo petista, mas defenderem com unhas e dentes o corrupto Eduardo Cunha, por óbvia afinidade ideológica e na ilusão de que ele encaminhará o impeachment de Dilma. Na (in)coerência deles, para derrubar um governo corrupto vale se aliar a um corrupto que ganhou dinheiro nos mesmos esquemas de corrupção do governo que eles querem derrubar. Vai entender.

Há razões para Dilma cair, mas isso não tem serventia se em seu lugar retomarem o poder os tucanos e o PMDB, que quando governam praticam a mesma política econômica conservadora e a mesma corrupção (inclusive com as mesmas empreiteiras e os mesmos sistemas de compra de votos). Mais ridícula e anacrônica ainda é a ideia de volta da ditadura militar, mas essa não tem qualquer sustentação na realidade, a não ser na mente de lunáticos (e também de governistas que tentam se aproveitar da surreal situação para fingir que estão sob iminente ameaça do fascismo).

Qualquer saída para a crise está em mobilizar a classe trabalhadora, a juventude e o povo pobre contra o governo, para defender as demandas reais da população. Longe tanto do governismo, que tenta se apropriar da simbologia de esquerda para defender um governo de direita, quanto do velho conservadorismo, que tenta usurpar a insatisfação popular em prol de suas pautas mesquinhas, reacionárias e preconceituosas, incapazes de produzir qualquer melhoria na vida do povo (ao contrário, só servem ao retrocesso). A saída é pela esquerda, com a construção nas ruas, nas lutas e nas greves, de uma alternativa dos trabalhadores para governar o país.


Extraído do Facebook do referido vereador:
https://www.facebook.com/babapsol/posts/867020910034349

(*) Professor da rede pública. Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

domingo, 15 de novembro de 2015

ELIO GASPARI, IMPERDÍVEL: "LULA E SUA TEORIA DO RETROCESSO POLÍTICO".


Algumas vezes é oportuno que alguns jornalistas em seus momentos de inspiração coloquem as palavras exatas, no momento exato, tudo aquilo que vemos, mas que por um lapso não conseguimos traduzir na escrita diária mesmo que em poucas palavras. Enfim, abaixo o trecho que transcrevo do blogue Náufrago da Utopia do também jornalista Celso Lungaretti...

Texto de Elio Gaspari
Lula disse na Colômbia que sente "um cheiro de retrocesso político na América Latina e na América do Sul" e pediu à plateia que não acreditasse "nas bobagens da imprensa". Nosso Guia tinha ao seu lado o ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

Falta explicar o que Lula considera "bobagens da imprensa".

Certamente não são as notícias sobre a honorabilidade de Pepe Mujica, um ex-guerrilheiro que presidiu seu país de 2010 até março passado e elegeu seu sucessor.

Ele não teve mensalón, nem petrolón. Continuou morando na mesma casa, com o mesmo carro e a mesma cachorra Manuela. Ao assumir, anunciou que doaria 70% de seu salário para a construção de casas para os pobres. Segundo a Transparência Internacional, o Uruguai, junto com o Chile, têm os menores índices de corrupção da América Latina.
Lula: alarmismo olfativo.

Talvez Lula esteja falando das "bobagens da imprensa" em relação à Argentina, que vai eleger seu novo presidente no dia 22.

Lá, 14 anos de domínio do casal Nestor e Cristina Kirchner levaram a economia para o buraco e a família da presidente para a fortuna. O país tornou-se conhecido pelos escândalos envolvendo as relações do governo e seus amigos com empreiteiros, petrogatunose exportadores.

Uma banda da esquerda latino-americana acumula duas marcas sinistras. Tem a mais longeva das ditaduras em Cuba e os dois países mais corruptos do continente: a Venezuela narcobolivariana, seguida pela Nicarágua sandinista da família Ortega. A Bolívia, Equador e Argentina têm índices de corrupção piores que o Brasil.

O que há por aí não é um cheiro de retrocesso político, mas a verificação de que existem países assolados pela corrupção e têm governos que se dizem de esquerda. O Chile e o Uruguai estão na outra ponta.
Mujica: entrou e saiu do poder com reputação ilibada.

Bolivarianos, sandinistas e petistas chegaram ao poder com a bandeira da moralidade. O que há no ar não é um cheiro de retrocesso político, mas de repúdio aos pixulecos.

Roubalheira não tem ideologia. O general Augusto Pinochet tinha o apoio de grande parte da população chilena enquanto torturava e matava opositores. Quando se descobriu que ele e sua família tinham US$ 15 milhões em 125 contas secretas, a direita chilena jogou sua memória no mar.

Quando o filho da presidente chilena Michelle Bachelet foi apanhado em traficâncias, ela demitiu-o e disse que enfrentava "momentos difíceis e dolorosos como mãe e presidente". Não culpou a elite nem viu conspiração, muito menos "retrocesso político". Viu apenas realidade: seu filho metera-se numa roubalheira.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

ESQUERDA MARXISTA ROMPE COM O PT DENUNCIANDO O “AJUSTE” DO GOVERNO DILMA, ENQUANTO NA ARGENTINA ABRAÇA A CANDIDATURA PRESIDENCIAL DO ULTRANEOLIBERAL SCIOLI





A corrente política "Esquerda Marxista" (EM) deliberou recentemente por romper com o PT, após ter militado como tendência interna do partido por quase uma década. A EM é seção brasileira da CMI, Corrente Marxista internacional, herdeira política do histórico dirigente trotsquista inglês Ted Grant. Na Argentina a seção da CMI autodenomina-se como Corrente Socialista Militante (CSM).

Como todos sabem nosso vizinho país atravessa o segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para o final de novembro, onde disputam a Casa Rosada dois candidatos e um único programa de duro ajuste neoliberal. Ao contrário das últimas eleições presidenciais brasileiras onde a postulante da Frente Popular negou até o último momento ter a intenção de atacar direitos dos trabalhadores ("Nem que a vaca tussa"), o candidato do governo da centro-esquerda, Daniel Scioli, promete promover uma forte desvalorização cambial e "ajustar" a economia argentina em direção aos fundos internacionais de "investimento". No Brasil, a EM fez sua autocrítica por ter sido "enganada" por Dilma, saindo do PT e pedindo sua imediata filiação ao PSOL, sendo duramente atacada por organizações revisionistas como o PCO que a acusaram "fazer o jogo da direita". 

No entanto parece que a trajetória "esquerdista" da EM não foi totalmente endossada pela CMI, que orientou sua seção na Argentina (CSM) na direção do apoio ao candidato direitista do governo Kirchner, o reacionário governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli. A CSM justificou sua posição de "apoio crítico" na surrada tese mal menor: "Incluso las condiciones para resistir y enfrentar el ajuste que la burguesía intentará llevar adelante serán cualitativamente diferentes en un gobierno de Scioli que en uno de Macri. Es por esto que pedimos el voto crítico a Scioli" (Declaração política da CSM). 

O interessante desta velha lógica reformista do "mal menor" não são seus argumentos, mas o cretinismo de convocar o proletariado a ser atacado pelo governo burguês mais "democrático". A grande ironia da situação é que a EM foi duramente criticada no Brasil por esta mesma lógica que sua "hermana" defende hoje na Argentina, ou seja, "ruim com Dilma pior sem ela". 

Dirigentes da esquerda do PT, como Valter Pomar, que polemizaram acidamente com a decisão da EM de cindir o partido e o governo petista, abonariam inteiramente as posições da CSM argentina. É evidente que as posições de colaboração de classe adotadas pela CSM devem causar intenso "desconforto" no discurso mais "radical" que assume atualmente a Esquerda Marxista, na véspera do seu tão desejado ingresso no PSOL, afinal todos os agrupamentos "trotsquistas" argentinos, inclusive os mais oportunistas como o MST, estão defendendo o Voto Nulo na segunda volta eleitoral. 

A EM em seu pedido de ingresso no PSOL pontuou muito bem a dinâmica dos governos da centro-esquerda neoliberal: "Outra coisa é que a vitória do Syriza e sua capitulação frente ao mercado financeiro internacional mostra que o reformismo de esquerda, hoje em dia, encontra rapidamente o caminho da falência como um partido de esquerda e da classe trabalhadora quando vai ao governo", só faltou avisar para seus camaradas portenhos.... posto que o Kirchnerismo já governa há mais de uma década a Argentina! Das duas uma, ou a CMI desautoriza a posição tomada pela CSM ou desmoraliza completamente o curso mais à esquerda traçado pela Esquerda Marxista.

Como conhecemos de longa data o revisionismo de Alan Woods (dirigente da CMI), que ao mesmo tempo em que conspirava com a contrarrevolução na Líbia e Síria, declarava lealdade absoluta ao governo Chavista na Venezuela (aliado de Kadaffi e Assad) apostaríamos que sua tendência internacional deverá avalizar a posição das duas seções... por enquanto. 

Para os Marxistas Revolucionários está colocado o combate vigoroso em todo o mundo, das variantes da esquerda burguesa que aplicam o receituário do "Consenso de Washington", em particular nos países capitalistas periféricos onde os efeitos da crise financeira internacional são ainda mais devastadores para o proletariado e o povo pobre. Tanto Scioli como Dilma são expressão política mais concentrada da demagogia falida da colaboração de classes, ambos não merecem apoio algum do movimento operário e popular latino americano.

domingo, 8 de novembro de 2015

JOSÉ PADILHA: DEFENSORES DO PT "LUTAM PELA ESCRAVIDÃO PENSANDO ESTAR LUTANDO PELA LIBERDADE".

Padilha pede "grandeza de espírito" 
Por Celso Lungaretti* 

Desde o primeiro momento avaliei Tropa de elite (2007) como um filme fascistoide, por banalizar a suprema abominação que é a tortura, heroicizando os criminosos fardados que a praticam contra delinquentes.

O próprio diretor e co-autor do roteiro, José Padilha, parece ter-se dado conta disto, pois o filme seguinte da série (2010), cujo título recebeu o significativo complemento de O inimigo agora é outro, foi uma espécie de autocrítica, com o tal capitão Nascimentose voltando contra os delinquentes maiores do País, os políticos. 

Os bandidos das ruas roubam, traficam, estupram e matam no varejo, enquanto os bandidos da Praça dos Três Poderes fazem a mesmíssima coisa com as esperanças de todo o povo brasileiro, praticando seus malefícios por atacado, em escala infinitamente maior.

E é o Padilha de 2010 que acaba de lançar o mais contundente libelo fundamentado (eu desconsidero aqueles que apenas vomitam insultos grosseiros)  contra a caricatura de si próprio que o Partido dos Trabalhadores se tornou ao trocar o digno projeto político transformador de 1980 por um indigno projeto de perpetuação no poder mediante quaisquer métodos e sob quaisquer bandeiras ideológicas.  

Vale, no mínimo, o registro:

O PT era médico em 1980...
"...a democracia confere vantagens competitivas significativas para quem sabe aplicá-la, e não é à toa que as sociedades mais desenvolvidas têm aparatos legais destinados a preservar seu bom funcionamento. Monopólios, oligopólios e leis inadequadas para o financiamento de campanhas desvirtuam o processo democrático. Concentração de mídia e riqueza promove distorções nas campanhas eleitorais.

A corrupção é especialmente danosa. Nos países em que grupos políticos hegemônicos a praticam de forma sistêmica, cria-se um círculo vicioso. O sucesso eleitoral garante o vilipêndio dos recursos públicos e o vilipêndio dos recursos públicos garante o sucesso eleitoral.

Nesses países ocorrem dois fenômenos. Em primeiro lugar, há pouca alternância de poder. Em segundo, as alternâncias acontecem depois de crises econômicas agudas, quando o estrago da corrupção chega a tal ponto que nem as vantagens conferidas por ela garantem mais as próximas eleições.

...mas, ao chegar ao poder, revelou seu lado monstro.
O custo social e institucional desse processo é elevado. Político que rouba para financiar campanha comete crime ainda mais grave do que o político que embolsa pixuleco. Fraude à democracia não é atenuante, é agravante.

Existem ainda formas indiretas de fraudar a democracia. Um governante que frauda a Lei de Responsabilidade Fiscal de um país, seja pela emissão descontrolada de moeda ou por artifícios contábeis, para ganhar eleições imputa o custo de sua campanha a toda a população.

Além de viciar o processo eleitoral e de gerar crises econômicas agudas, a impede que a democracia promova a correta avaliação das políticas públicas.

Por exemplo: ao votar no PT, os brasileiros escolheram manter a estatização da exploração do petróleo. Hoje, apesar de monopolista, a Petrobras tem uma dívida de R$ 500 bilhões e suas ações se desvalorizaram incrivelmente. Isso significa que o petróleo não pode ser estatizado? Não necessariamente, posto que o PT promoveu um tal nível de corrupção na Petrobras que é difícil separar os efeitos da estatização dos efeitos negativos da corrupção.

"...o PT promoveu um tal nível de corrupção na Petrobrás..."
Quando uma democracia se torna extremamente corrupta, como aconteceu no Brasil, o melhor que os agentes sociais podem fazer é colocar suas divergências ideológicas temporariamente de lado e unir forças para punir exemplarmente quem corrompeu o país e o processo eleitoral.
Defender políticos sabidamente corruptos por questões ideológicas –ou para não dar o braço a torcer– é trabalhar contra a democracia. Aqueles que não têm a grandeza de espírito para colocar a lisura do jogo democrático à frente das preferências ideológicas lutam pela escravidão pensando estar lutando pela liberdade".

(*) Jornalista e escritor