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terça-feira, 28 de junho de 2016

“ACORDO DE PAZ” FARC-SANTOS: VITÓRIA DA “REAÇÃO DEMOCRÁTICA” BURGUESA CONTRA A LUTA REVOLUCIONÁRIA NA COLÔMBIA... OS MARXISTAS-LENINISTAS NÃO TEM NADA A COMEMORAR!




Por Liga Bolchevique Internacionalista

Está sendo comemorado como “histórico” pela mídia mundial e os governos de todos os matizes políticos o acordo celebrado entre o governo de Manoel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Seus representantes assinaram no final desta semana em Cuba o “acordo de cessar-fogo bilateral e definitivo” após mais de meio século de conflitos no país. O acordo oficializado em Havana (sede dos chamados “diálogos de paz” entre as duas partes) inclui cessar fogo, entrega de armas e garantia de segurança para os guerrilheiros que passariam a civis. As FARC se comprometeram a depor suas armas em até 180 dias à ONU, que as destruirá e utilizará o material na construção de três monumentos. “Hoje é um dia histórico para a Colômbia”, disse Santos. Além dele, compareceram à cerimônia o comandante das FARC, Timoleón Jiménez, e o presidente de Cuba, Raúl Castro, que atuou como um dos mediadores do processo. Serão estabelecidas 22 áreas de transição temporárias e 8 campos para os guerrilheiros das Farc, que devem existir por seis meses, onde os militantes entregarão suas armas e voltarão à vida civil. Os que tiverem que responder por crimes terão penas reduzidas, em alguns casos podendo ser convertidas para prestação de serviços. A negociação entre o governo de Santos e as FARC envolveram seis pontos. Quatro deles já estavam definidos: a participação política dos guerrilheiros, as drogas ilegais, o programa agrário e a justiça e vítimas. Na quarta-feira desta semana, chegou-se ao acordo sobre o quinto ponto, que é o desarmamento da guerrilha e depois sobre o sexto, que é a convocação de um referendo para aprovação popular do acordo. Acertada a entrega das armas pelas FARC e o plano de sua transformação em partido político subordinado as regras da democracia burguesa, o imperialismo ianque felicitou o governo colombiano por ter chegado a um acordo de cessar-fogo definitivo com a guerrilha: “Apesar de persistirem os desafios no momento em que as duas partes continuam negociando um acordo de paz definitivo, o anúncio de hoje representa um importante avanço para por fim ao conflito", declarou Susan Rice, assessora para segurança nacional do presidente Barack Obama. Durante seu discurso na cerimônia formal de assinatura do pacto em Havana, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o cessar-fogo “fortalecerá o caminho” rumo à paz definitiva na Colômbia: “Na ONU estamos fazendo todo o possível para que este processo de negociação se transforme em uma implementação da paz. Trabalhemos juntos para que a promessa da paz que se sela hoje em Havana se torne realidade”. Também participaram do ato na capital os presidentes do Chile, Michelle Bachelet, e da Venezuela, Nicolás Maduro, para demonstrar o aval dos governos da centro-esquerda burguesa. Para entrar em vigor, o acordo de paz precisará passar por um referendo popular, a ser convocado pelo governo Santos. A Corte Constitucional ainda não se pronunciou sobre a legalidade do referendo, que caso seja convocado se tornará objeto de disputa entre Santos e o ex-presidente Álvaro Uribe. Santos, comandando um governo de “centro-direita” foi ministro da Defesa de Uribe e ordenou o assassinato do comandante Afonso Cano, mas agora é acusado de ser um “traidor” pelo seu antigo chefe. Para nós, revolucionários trotskistas, não há nada a comemorar! As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC foram sendo tomadas desde 2012 no marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo venezuelano e os irmãos Castro, comandantes da burocracia cubana, elas não fortalecem a luta revolucionária na Colômbia e no mundo, na verdade a sabotam . A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria, apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é a prova do que afirmamos. Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como prega Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”. Na Colômbia, mais que em qualquer outra parte do mundo, hoje a simples luta sindical contra os patrões e as multinacionais exige a ruptura do proletariado com os limites da legalidade burguesa e a construção de milícias operárias armadas para desarmar os exércitos paramilitares e as escaramuças do aparato repressivo. Não é por acaso, que os mesmos moralistas pequeno-burgueses de “esquerda” se mostram tão preocupados com os danos que os métodos da guerrilha causam à consciência e à organização dos trabalhadores, sejam incapazes de conclamar a organização de milícias operárias para combater o assassinato sistemático de trabalhadores pelos bandos armados burgueses. Isso acontece porque tal tarefa deve ser encabeçada por um genuíno partido trotskista completamente independente da opinião pública burguesa e de sua moral, armado de um programa revolucionário capaz de preparar pacientemente a insurreição das massas colombianas. É vital para o movimento de massas colombiano organizar milícias operárias tão fortes que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias para desarmar o aparato repressivo oficial e paramilitar assassino.


Os “acordos de paz” celebrados hoje são fruto de um processo de iniciou sobre a pressão direta de Hugo Chávez já em 2008. Não esqueçamos que dias após os guerrilheiros das FARC terem sido massacrados pelo governo Uribe, cujo ministro da defesa era Manoel Santos, em uma operação militar conjunta com o imperialismo ianque no Equador, Hugo Chávez defendeu que as FARC entreguem as armas: “Que (as Farc) entreguem as armas, que formem um partido político, mas que não lhes matem” (Folha On Line, 07/02/2008). Agora seu “pedido” começa a tornar-se realidade. Tal declaração tratou-se de um chamado à completa rendição militar das FARC pela via de um acordo para esta se integrar ao simulacro da democracia burguesa colombiana. A proposta tem como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca 5 mil dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar-mestre da democracia bastarda colombiana. Essa tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas hoje patrocinadas. Ao narcotraficante regime burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em partido político desarmado, apenas sua extinção. Ainda que consideremos justo que as FARC tomem medidas de autopreservação neste momento delicado do combate, pois a guerrilha tem todo direito de negociar a liberdade de seus presos políticos através da troca de reféns, definitivamente não é anunciando o desarmamento total e sua integração ao bastardo regime democrático o melhor caminho para se defender dos ataques do genocida regime colombiano, muito menos tendo ilusões de que este possa chegar a algum acordo com a guerrilha que não seja baseado na sua liquidação enquanto força política e militar.

Somando-se ao coro reacionário daqueles que responsabilizam os “métodos” das FARC pela ofensiva militar do governo Colombiano, ou seja, o uso da luta armada e da captura de prisioneiros de guerra, na época Chávez instigou as FARC a “que humanizem a guerra, que não utilizem o sequestro como uma arma” (Idem). Fidel também aconselhou a guerrilha a libertar incondicionalmente os que continuavam retidos: “Critiquei com energia e franqueza os métodos objetivamente cruéis do sequestro e a retenção de prisioneiros nas condições da selva. Mas não estou sugerindo a ninguém que deponha as armas, se nos últimos 50 anos os que o fizeram não sobreviveram à paz. Se algo me atrevo a sugerir aos guerrilheiros das FARC é simplesmente que declarem por qualquer meio a Cruz Vermelha Internacional a disposição de pôr em liberdade os sequestrados e prisioneiros que ainda estejam em seu poder, sem condição alguma” (Cubadebate, 05/07/08). Em 2012 o conselho de Fidel começou a ser “atendido” e agora virou a base do acordo, no lastro do próprio pacto celebrado recentemente entre a burocracia castrista e Obama que vai acelerar a restauração capitalista.

Diante do cerco crescente neste momento de maior fragilidade das FARC, os marxistas revolucionários sempre declararam seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos. Defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos heróicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres, como hoje desgraçadamente defende o atual comandante das FARC, Timoleón Jiménez.

As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC são apoiadas pelo conjunto da esquerda mundial e os governos “progressistas” da América Latina. Elas estão sendo tomadas no marco de uma enorme pressão “democrática” dos “aliados” da guerrilha. A centro-esquerda burguesa na Colômbia apoiou as “negociações de paz”. Omer Calderón, presidente do partido colombiano União Patriótica (UP) junto com o Polo Democrático chancelaram as iniciativas de Santos em torno do tema. Calderón destacou que a expectativa do povo colombiano é que as negociações de paz avancem para que prevaleça a democracia no país e que o fim das agressões a militantes populares. Lembremos que por conta desta mesma política suicida a União Patriótica, surgida em 1985 teve dois candidatos presidenciais seus mortos (a candidata atual, Aida, também sofreu atentado recente do qual escapou). 5 mil militantes da UP foram assassinados incluindo oito congressistas, 13 deputados, 70 vereadores, 11 prefeitos. As “negociações de paz” entre as FARC e o governo Manuel Santos, saudadas pela esquerda reformista nacional e internacional como um grande avanço, mostraram sua real face macabra desde que começaram: mais de 200 guerrilheiros mortos desde 2012 até agora. Não esqueçamos que em meio aos “diálogos” o governo anunciou novos investimentos no combate às FARC e a aproximação com a OTAN, tanto que a proposta de formalizar um cessar-fogo durante as “negociações” foi rechaçada pelo presidente colombiano várias vezes até a celebração final. Como observamos, trata-se de uma farsa montada justamente para eliminar fisicamente a guerrilha, como a LBI já denunciava quase isoladamente na “esquerda” quando se anunciou o acordo costurado por Chávez e Fidel entre a guerrilha e o governo capacho do imperialismo ianque. Na verdade está em curso uma ofensiva geral contra a guerrilha pela via da “reação democrática” no lastro do recrudescimento global da ação do imperialismo contra os povos, nações e forças políticas que são obstáculos a seus ditames, como as FARC, a Síria e o Irã, alvos imediatos da sanha imperialista.

Fica cada vez mais claro que a única “paz” que sairá destas negociações é a dos cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC foram sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo. Não resta dúvida que Santos e Uribe são dois lados da mesma moeda na política de eliminação física e política da FARC patrocinada pelo imperialismo ianque, sendo o atual presidente partidário de uma orientação que está sendo bem mais sucedida que a do chacal Uribe, de quem foi ministro da defesa, já que vem neutralizando tanto a guerrilha como a própria “esquerda” colombiana. A direção da guerrilha nos últimos anos veio cada vez mais apostando em uma ilusória solução negociada para o enfrentamento que já dura várias décadas. Tanto que as FARC anunciaram que pretendem formar um partido político submetido as regras da democracia burguesa. A história está prestes a se repetir na Colômbia, desta vez como uma segunda tragédia, posto que as FARC parece ter esquecido o desastre do passado quando se “converteu” em partido institucional, em nome da “paz” e teve a maioria de seus quadros dirigentes assassinados pelo regime burguês. Por esta razão, denunciamos este acordo e o consideramos parte da estratégia de Obama de deixar como seu legado não só a reaproximação com Cuba, mas a aniquilação das FARC pela via da "reação democrática".

sábado, 25 de junho de 2016

VITÓRIA DO BREXIT ABRE A SENDA PARA REORGANIZAÇÃO DO IMPERIALISMO FASCISTA EUROPEU



Por Liga Bolchevique Internacionalista

A derrota da campanha eleitoral do "SIM" no plebiscito pela permanência ou não da Inglaterra no marco da União Europeia, terá consequências diretas no processo de reorganização do fascismo europeu, agora impulsionado a ingressar em uma escala estatal. A renúncia do primeiro ministro David Cameron (Partido Conservador) é um sintoma imediato de que as forças políticas do fascismo, agrupadas na campanha do "NÃO" se preparam para governar o Reino Unido nas próximas eleições de outubro e estender sua influência para os aliados franceses da Frente Nacional. Nigel Farage, dirigente do partido neonazista de extrema direita UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), um dos líderes da campanha pelo "NÃO" declarou o 24 de junho como o “Dia da Independência” do Reino Unido. É bem verdade que segmentos importantes do Tory (Partido de Cameron) também comemoraram a decisão "popular" pela saída da UE, como Boris Johnson, ex-prefeito de Londres. Cameron decidiu-se opor a campanha do "BREXIT" sob pressão direta de seu chefe ianque, Barack Obama, e de seus pares do imperialismo alemão e francês, porém estava consciente dos riscos que corria caso fosse derrotado: perder o governo e rachar seu próprio partido, conduzindo a um inexorável triunfo da extrema direita nas próximas eleições para o parlamento. O Partido Trabalhista envidou todos seus esforços políticos e materiais pela vitória do "SIM", com seu "renovado" líder de "esquerda", Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas anti-recessivas" e " mudanças políticas" na política conservadora da cúpula estatal europeia. Nem mesmo a rara unidade entre o Labour Party e o Tory foi suficiente para deter a "avalanche" de descontentamento popular com os ajustes neoliberais exigidos pela União Europeia. Na ausência de um partido revolucionário de massas que impulsionasse uma outra campanha pela "União das Repúblicas Socialistas da Europa", o neofascismo xenófobo saiu vitorioso, nada a comemorar! Entretanto uma parte da esquerda revisionista se perfilou com a direita pelo "BREXIT", como os Morenistas, e outra pela abstenção no referendum como o PTS argentino, por exemplo. Na própria UK houve uma tímida e covarde participação política da esquerda no plebiscito, como o SWP que apoiou envergonhadamente o "NÃO" (Left Exit)". Na verdade a esquerda revisionista do Trotskismo esperava que Labour Party e Corbyn convocasse o voto crítico pelo "Não", como forma de abater Cameron e fincar a "bandeira" antineoliberal, não ocorreu e "BREXIT" ficou integralmente nas mãos da direita neofascista com seu discurso reacionário do "medo da imigração". É óbvio que muito além das questões institucionais está em jogo neste "BREXIT" poderosos interesses de mercado do imperialismo ianque, que apontavam para manter a subordinação comercial da Europa a indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel econômico da UK, um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum europeu. Obama já afirmou que aceitará a derrota mas que a decisão dos ingleses trará mais recessão e desemprego, ao contrário das expectativas populares do "NÃO", que saiu amplamente vitorioso em todas as regiões operárias do país. Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do capital financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não podemos assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista ganhar fôlego com o triunfo do "BREXIT". Sabemos historicamente que o nazismo necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar" seus concorrentes imperialistas "democráticos", a Inglaterra pode servir de escada para esta escalada mundial, ao contrário da Alemanha atual que não possui contingente militar autônomo da OTAN. Sabemos muito bem que a besta do fascismo não será derrotada pelas urnas, mas isto não deve significar a adoção de nenhum tipo de abstencionismo político por parte da vanguarda mais consciente do proletariado europeu e mundial. Como Trotsky nos ensinou a negativa de conformar a frente única eleitoral entre o PC alemão e a Social Democracia custou o preço político da chegada de Hitler a chancelaria do Reischstag...