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segunda-feira, 28 de maio de 2012

PARA A BURGUESADA DO PT E SEUS ASSECLAS MENSALEIROS!

 

O papel da CIOLS na criação do PT e da CUT


Uma profunda análise sobre o surgimento do PT e da CUT, suas vinculações com o imperialismo, via Ciols e a formação de suas lideranças por esta organização. Para deixar claro que as posições defendidas pelo PT e a CUT, hoje, têm raízes históricas, ao contrário dos que acusam uma suposta “traição”, apresentaremos uma síntese de sua trajetória.
A CIOLS (Confederação Internacional das Organizações dos Sindicatos Livres), desde sua fundação em 1949, atua como um privilegiado instrumento ideológico do imperialismo, intervindo no movimento sindical em todo o mundo, oferecendo recursos e treinamentos a dirigentes sindicais. Pelos cursos contra-revolucionários do Iadesil (Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre) passaram inúmeros dirigentes sindicais brasileiros que geriram o sindicalismo estatal em nosso país. Luiz Inácio foi um deles. Ele entrou para o movimento sindical em 1969, durante o gerenciamento militar, fez inúmeras viagens ao USA, Europa e Japão, mantendo estreitos contatos com a CIOLS e com as centrais a ela ligadas.


Luis Inácio assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo em 1975 e um segundo mandato em 1978. Neste mesmo ano junta-se a outros dirigentes sindicais (Jacó Bittar e Wagner Benevides, petroleiros; Olívio Dutra, bancário; João Paulo Pires, Henos Amorina e José Cicote, metalúrgicos; entre outros), que como ele frequentaram cursos da CIOLS, para discutir a criação de um novo partido político.

Em 1º de maio de 1979, em São Bernardo, é lançado o manifesto de fundação do Partido dos Trabalhadores. Naquele período estava em curso o processo de transição do gerenciamento militar impulsionado pelo imperialismo e contando com a colaboração da esquerda brasileira, que, em quase sua totalidade, já havia capitulado perante a reação. A suspensão do AI-5, o pluripartidarismo e a lei da anistia, aprovados em 1979, marcavam um novo pacto social, o da concertação, da colaboração de classes. Os dirigentes sindicais fundadores do PT, notoriamente anticomunistas, ganhavam projeção pelos monopólios de comunicação com a onda de greves operárias que sacudiam o Brasil.


No plano internacional, surgem novos ingredientes na disputa entre as potências imperialistas, que deixarão marcas na conformação do PT. Em 1978, o clérigo polonês Karol Wojtyla assume o papado, sob a denominação de João Paulo II, e irá cumprir importante papel na ofensiva ideológica do imperialismo contra a revolução.

A restauração burguesa na China havia se consumado e o imperialismo tirava proveito das manifestações de descontentamento que ocorriam nos países submetidos ao domínio do social-imperialismo russo. Na Polônia, uma onda de greves levava em 1980 à fundação do sindicato Solidariedade, organização clerical dirigida por Lech Walesa, íntimo de Karol Wojtyla. Com sua pregação anticomunista e por ter conseguindo atrair relativo apoio de massas, o Solidariedade transforma-se em uma coqueluche mundial para o qual convergem todas as correntes reacionárias e contra-revolucionárias (com exceção daquelas ligadas ao revisionismo soviético).



Esta mesma aliança da Igreja Católica (todas suas alas), com as diversas correntes, os renegados e ex-guerrilheiros arrependidos, que começavam a voltar ao país, conformam o PT. O discurso de defesa do socialismo pequeno-burguês e radicalismo antipatronal, é empregado para angariar prestígio junto às massas. Os revisionistas, que se opuseram inicialmente ao petismo, logo irão se incorporar à frente popular eleitoreira de Lula presidente. Derrotado nas primeiras disputas presidenciais, o PT assume descaradamente suas posições burguesas, com sucessivos rachas internos.


A trajetória da CUT é semelhante, é parte do mesmo processo. Assim como a CIOLS, seu surgimento em agosto de 83, já traz a marca de sindicalismo amarelo. Divisionistas, os sindicalistas petistas rompem com um processo que estava em curso desde o início dos anos 80, e que apoiava-se na onda de greves do período, para a construção de uma única central sindical no país. E o papel da CUT é impulsionar a construção do PT. E, assim como ele, a CUT adotou no início um discurso ultra-radical, antipeleguista e antigetulista. Pouco a pouco, esse discurso e sua prática foram transitando do radicalismo liberal para a colaboração de classes como doutrina. Hoje, tanto o partido quanto a central estão sob domínio absoluto da corrente Articulação, oriunda da CIOLS e dirigida por Luiz Inácio.

CUT sabota, mas as massas avançam

Os próximos alvos da grande burguesia e dos pelegos são: jornada de trabalho, repouso semanal remunerado, férias de 30 dias, adicional de férias, hora-extra, 13º salário, licença maternidade e paternidade, fundo de garantia, multa por demissão sem justa causa, piso salarial, adicionais no salário (por tempo de serviço, trabalho penoso, etc.), dentre outros.


A implementação do chamado contrato coletivo de trabalho é para permitir isso. Com ele as normas que se aplicarão a cada trabalhador e empresa de um determinado ramo de produção não serão aquelas estabelecidas em lei, mas o que estiver no contrato negociado. Assim, se uma empresa ou um determinado setor alega não ter condições de pagar o 13º salário e assina este acordo com o sindicato, o trabalhador não poderá mais recorrer à justiça pois não terá direitos a reclamar. É a implantação do princípio de que o negociado sobrepõe ao legislado.

E os contratos coletivos de trabalho tenderão certamente a ser nacionais, definidos por ramos de produção e assinados pelas cúpulas das centrais sindicais. É pela aprovação imediata da reforma sindical que clamava Luiz Marinho quando os bancários decidiram pela greve à revelia da direção cutista. Com a reforma implantada, sonham os pelegos, o acordo acertado entre CNB-CUT e Fenaban estaria sacramentado sem os sobressaltos de uma assembléias de trabalhadores.

Imperialismo se regozija


Golpear a capacidade de resistência do movimento operário, impondo a pluralidade sindical e agrupando os sindicatos por centrais que se dividem pela vinculação aos diversos partidos burgueses e diferentes grupos de poder. Com isto, criar obstáculos à unidade de ação da classe na luta contra a exploração e a opressão e ao desenvolvimento do sindicalismo classista, combativo e independente. Fomentar o corporativismo, ampliar o controle da cúpula das centrais sobre os sindicatos, legalizar a ação sindical nas empresas para impor a política de colaboração de classes, identificando, perseguindo e eliminando qualquer ação classista nas empresas. Fazer dos sindicatos o que já é a CUT, a Força Sindical, a AFL-CIO, instrumentos do imperialismo para a corrupção, conciliação, o pacifismo, o eleitoralismo e a contra-revolução.


A proposta pelega, que será enviada ao Congresso Nacional ainda este ano, estabelece que as centrais sindicais passarão a ter total controle sobre os sindicatos. Por decisão de suas cúpulas, cada uma das centrais poderá organizar a qualquer tempo, em qualquer local e em qualquer ramo de produção um sindicato paralelo vinculado a ela. Isto sem ter que reunir os trabalhadores ou submeter-se a uma decisão tomada por eles sobre sua organização sindical. Assim, a patronal terá a seu dispor, além do instrumento da demissão, diferentes sindicatos que usará para chantagear e dividir a classe. Ao contrário do que afirmam, é a mais descarada e grave violação da “liberdade e autonomia sindical”.

Lutar contra as reformas antipovo

Em campanha contra as anti-reformas da gerência PT-FMI, incentivadas pela CUT/ Ciols, A Liga Operária de Belo Horizonte, em nota distribuída à população, denuncia a armação contra os direitos sindicais e trabalhistas: “A contra-reforma sindical aprovada no Fórum Nacional do Trabalho, que reuniu representantes da grande burguesia e a fina flor do peleguismo nacional (alguns com crachá de representantes da gerência, outros de centrais sindicais), pretende implantar um sindicalismo mafioso no país para atacar os direitos e garantias dos trabalhadores brasileiros, quebrar a capacidade de resistência do movimento sindical e garantir ainda maiores taxas de lucros aos monopólios implantados no país.


Na gerência Collor e FHC, os trabalhadores já perderam a reposição automática dos salários (que levou a uma redução vertiginosa dos salários), não se reconhece mais o direito adquirido, generalizou-se terceirização, foram implantados bancos de horas (é o fim do pagamento de horas-extras) e comissões de conciliação prévia (é o roubo de parcelas rescisórias do trabalhador). E finalmente, direitos trabalhistas inscritos na Constituição Federal continuam sendo solenemente descumpridos.

Mas a grande burguesia e o imperialismo querem mais. E para eles é necessário superar esta fase em que as perdas de direitos são negociadas sindicato por sindicato, pois corre-se o risco de dar projeção a direções classistas independentes que têm se insurgido contra toda esta política e podem canalizar o descontentamento das massas.


Acabar com tudo, de uma só vez. Esta é uma tarefa que os monopólios destinaram aos megapelegos do PT, da frente popular eleitoreira e da CUT.

São dois movimentos minuciosamente planejados: primeiro, extinguir as garantias trabalhistas através do contrato coletivo de trabalho e da revogação da legislação; e, segundo, promover a mais fascista intervenção nos sindicatos para transformá-los em instrumentos melhor apropriados à corporativização das massas e à colaboração de classes; transformar o movimento sindical brasileiro em uma organização mafiosa controlada e submetida às direções das centrais sindicais, leia-se, CUT e Força Sindical.'

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cachoeira fica de bico calado, restando a CPI convocar Xuxa para “soltar o verbo”

Fonte: Blogue da Liga Bolchevique Internacionalista

O depoimento monocórdio do bicheiro Carlinhos Cachoeira dado ontem (22/05) a CPI do Congresso Nacional só veio a confirmar nossa caracterização acerca desta panacéia distracionista, montada pelo Parlamento sob orientação direta do Palácio do Planalto. Com a assessoria do ex-ministro da justiça, Márcio Tomaz Bastos, petista histórico da mais alta confiança pessoal de Lula, Cachoeira seguiu o script previamente acertado com o governo Dilma e afirmou que só falaria em juízo. Alguns “revoltados” congressistas que esperavam um verdadeiro show midiático, obviamente para a própria promoção eleitoral e não para qualquer apuração rigorosa da rede de tráfico de influência da empreiteira Delta, pediram então a suspensão da sessão plenária da CPI o que equivaleu na prática a seu próprio “enterro” político. Diante da frustração da população que esperava ao menos ouvir as justificativas do bicheiro para a explicar como montou sua teia de corrupção estatal, ou com muita sorte até uma breve “lavagem de roupa suja” sob os holofotes da mídia, o congresso para “alimentar” o circo resolveu então convocar a apresentadora global Xuxa Meneguel para depor na CPI da exploração sexual de crianças. As revelações de Xuxa que “soltou o verbo” no programa “Fantástico” alavancaram em muito o combalido IBOPE da Rede Globo, fazendo crer a base dos parlamentares governistas que poderia produzir o mesmo resultado para o ultradesmoralizado Congresso Nacional.

Com a falência prematura da CPI, que na semana passada já tinha aberto mão da convocação dos principais protagonistas do “escândalo” Cachoeira, como governadores e a Delta, resta ao governo concluir o processo de transição da venda da empreiteira Delta ao poderoso grupo econômico JBS-Friboi e manter os “consorciados” estaduais da megaconstrutora em total sigilo. Quanto ao pivô da “crise”, senador Demóstenes Torres, que depõe esta semana no Conselho de Ética do Senado, tudo indica que deverá ser “degolado” pelos seus pares para fechar definitivamente mais este capítulo do “romance” das relações estruturalmente prostituídas entre a burguesia e o estado nacional. As eleições municipais de outubro se aproximam e o congresso quer limpar a pauta política do semestre, para liberar as frações das oligarquias dominantes de suas “árduas” tarefas legislativas.

Mas a questão de fundo que fez eclodir a céu aberto o “fenômeno” empresarial do bicheiro goiano permanece aberta. Estamos falando do processo do Mensalão, que está em vias de ser julgado no STF. Neste caso as forças sociais que se enfrentam são muito mais poderosas do que o escândalo Cachoeira, que não por acaso foi peça decisiva para “detonar” o capo petista José Dirceu. O julgamento dos “mensaleiros” petistas é capaz até mesmo de provocar uma grave fissura entre a ex-presidente poste e seu padrinho político Lula. Dilma está empenhada em se livrar de Dirceu e sua entourage do chamado “campo majoritário” do PT. Lula ao contrário sabe que necessita da liderança de Dirceu para manter o PT unido, inclusive na hipótese de seu falecimento físico. A burguesia nacional e a oposição Demo-Tucana está comprometida com Dilma em sua cruzada anti-Dirceu, já o PT tentou utilizar a manobra da CPI para neutralizar os futuros “algozes” dos mensaleiros, o tiro saiu pela culatra em conjunto com a próprio esgotamento precoce da CPI. A tendência dominante agora é o STF venha a banir da vida política Dirceu e seu grupo, enfraquecendo substancialmente a autoridade de Lula sobre os rumos do governo Dilma.

O movimento de massas permanece atomizado diante das lutas intestinas das classes dominantes. As greves em curso, como das universidades federais, carecem de uma perspectiva classista de combate mais abrangente ao regime político, limitando-se a reivindicações econômicas rebaixadas e um “cardápio” corporativista. É necessário lutar no seio da classe trabalhadora por outra orientação programática, capaz de colocar o movimento de massas no centro da cena política nacional. Para esta tarefa a vanguarda mais combativa do proletariado deve somar forças com o embrião do partido revolucionário, forjando a construção de uma nova direção política para a classe. As manobras distracionistas da burguesia, como as CPIs e as próximas eleições municipais devem ser totalmente secundarizadas em função da estratégia de uma alternativa de poder para as massas exploradas.

Bem, quem quiser entender o processo do Mensalão do PT é só acessar neste link seguro:


Texto em PDF - Ebook




O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, nos autos do
Inquérito nº 2245 e no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com
fundamento no artigo 129, inciso I, da Constituição Federal e no artigo 6º,
inciso V, da Lei Complementar n.º 75/93, vem oferecer
D E N Ú N C I A
contra:
1) JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA, brasileiro, casado, advogado, CI
n.º 3.358.423 SSP/SP, nascido em 16/03/1946, filho de Castorino de
Oliveira e Silva e Olga Guedes da Silva, residente na SQS 311, Bloco I,
apto. 302, Brasília/DF;
2) JOSÉ GENOÍNO NETO, brasileiro, professor, natural de
Quixeramobim/CE, nascido em 03/05/1946, filho de Sebastião Genoíno
Guimarães e Maria Laiz Nobre Guimarães, portador do RG 4.037.657-6-
SSP/SP e CPF 996.068.798-87, residente na Rua Maestro Carlos Cruz,
154, Butantã, São Paulo/SP;
3) DELÚBIO SOARES DE CASTRO, brasileiro, nascido em 16/10/55,
portador do CPF n. 129.995.981-49, filho de Joanira Alves de Castro,
residente na Al. Jaú, 66, apto 21, Cerqueira César, São Paulo/SP;Denúncia no Inquérito nº 2245  ...

                                                                

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Náufrago da Utopia: A COMISSÃO DA VERDADE EM FRASES




Náufrago da Utopia: A COMISSÃO DA VERDADE EM FRASES:

Por Celso Lungaretti
Jornalista e escritor



"...também reconheço e valorizo pactos políticos 
que nos levaram à redemocratização..."
(Dilma Rousseff, dando a outra na ferradura, pois ditadores não 
podem anistiar-se e a seus esbirros em plena ditadura, nem cabe
 a qualificação de  pacto --salvo na acepção medieval de  acordo 
com o demônio-- para o que foi negociado em posição de força 
por um dos lados, tendo a libertação dos presos políticos e a
 permissão de volta dos exilados como moeda de troca para
 impor sua vontade ao outro lado, o que configura CHANTAGEM 
pura e simples)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Comissão da Mentira... Parabéns PT e PCdoB



O medo faz coisas!


A covardia fecha com chaves  de ouro (sic) o período mais obscuro da história politica recente do Brasil...


A comissão da verdade é a pedra fundamental do reconhecimento da psicopatia estatal institucionalizada. 

Engendrada por algozes e vítimas e, sob a égide do medo e do terror, tem como objetivo principal o deleite do modo fascista de governar...





Rasguem os livros...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ocupação da Prefeitura de Florianopolis




Antiga sede da Prefeitura de Florianópolis (Foto: Mauro Vaz)





Conforme havíamos combinado no dia anterior, nossa comunidade acordou bem cedo, principalmente aqueles que iriam participar da ocupação da prefeitura da cidade.

          Estávamos todos ansiosos para aquele acontecimento que, em síntese, poderia mudar os rumos dos acontecimentos, ate então, nefastos em nosso dia a dia.

      Eu havia me preparado para aquele ato político importante pra todos nos. Na tarde que antecedia a invasão eu fui ate uma barbearia no centro da cidade e cortei os meus cabelos. Na verdade, eu era um artesão hippie e usava os cabelos compridos e encaracolados abaixo dos ombros, e por vezes, a barba acentuada ou bigode.

      Um problema que eu sempre enfrentava diante dessa condição, era o fato de poder pegar “piolhos” pelos lugares que eu frequentava, e confesso, eu tinha adquirido algumas lêndeas na minha cabeça.

     Não se trata de querer demonstrar que ser pobre ou, simplesmente morar em situação paupérrima seria sinônimo de falta de higiene, mas sim, de falta  de saneamento básico, água encanada, chuveiros, fossas, banheiros, ou seja, em condições quase sub-humanas etc.

      Naqueles dias, muitas comunidades recém-formadas tinham esta precariedade extremada, e ainda sofriam com a ausência e discriminação do poder publico, que de fato, unicamente pensava e reprimir e combater as comunidades de baixa renda formada na sua grande maioria por migrantes do interior do estado e de outras partes do Brasil.

      O município agia como se fossemos verdadeiros alienígenas ou forasteiros, como se não tivéssemos direito a moradia digna e uma vida neste sentido.

         Na verdade, na nossa comunidade, e principalmente em casa, nossa condição de higiene era limitada a banhos de canecos e bacias, sendo que a água eu retirava com bomba manual do poço que tínhamos no meu quintal, e foi o que fiz, raspei o meu cabelo num corte bastante baixo, estilo moderno daquela época. Senti-me um pouco estranho com aquele novo modo, mas enfim...

        Como íamos conviver com mais de uma centena de pessoas durante dias ate então indeterminados, não tínhamos alternativa, e eu vesti a minha melhor roupa, e preparei outras para uma possível troca. Essa tinha sido a postura que considerei mínima para aquele ato político.

        Na verdade, eu também tinha passado algumas dicas neste sentido para outros moradores. Bem, não que fossemos uns relaxados (sic), mas na verdade, era pelo fato de passarmos a conviver de forma improvisada, e ate amontoados com mais de uma centena de pessoas, afinal, não daria pra se imaginar uma ocupação confortável dentro das repartições estreitas da prefeitura da cidade...

         Naquela mesma tarde compramos vários alimentos não perecíveis e de uso imediato. Leite, pão, bolachas, margarinas, doces, sabonetes, barbeadores e papel higiênico, foram uma das providencias que tomamos. No meu caso, fiquei quase que dependente do restante do grupo de nossa comunidade ali presente.

        Bem, num grupo de moradores, que fora definido na noite anterior, nos dirigimos ao ponto do ônibus que ficava a uns 800 metros da comunidade, na verdade teríamos de pegar no trevo do Erasmo.

        Não demorou muito e embarcamos no ônibus que acabara de encostar. Estávamos todos em silencio absoluto durante o trajeto. De fato, não poderíamos estar conversando sobre o assunto, primeiramente por uma questão de segurança (sic), e segundo, porque o ônibus estava completamente lotado de pessoas que iriam para o trabalho e para o centro da cidade.

       Chegando ao terminal central nos dirigimos ate as proximidades da catedral metropolitana, local onde havíamos combinado encontrar parte do grupo formado por outras comunidades e também pelos dirigentes da ONG CAPROM.

       Após uma rápida conversa, imediatamente nos dividimos em vários e pequenos grupos de pessoas e caminhamos em direção à prefeitura da cidade que ficava a vários quarteirões do local.

        Nosso grupo ficou encarregado de entrar pela porta da frente juntamente com outro grupo de moradores de outras comunidades.

      Eu cheguei ali com os moradores de nossa comunidade e imediatamente nos dirigimos ao gabinete do então prefeito Esperidião Amim.

     Eu e o  vice-presidente da Associação dos moradores “Dodi” fomos sentando no chão de forma a impedir o fechamento da porta do gabinete do prefeito. Os demais moradores foram colocando sacos de pão, pacotes de leite, frutas e sacolas com alimentos por cima das mesas da secretaria, dos assessores e do prefeito. Na verdade, nos fomos entrando sem dizer uma única palavra.

     O pessoal ali presente nos perguntava o que queríamos, e nos não respondíamos nada. Esse comportamento havia sido decidido pela coordenação da ocupação formada pelo CAPROM e as entidades.

     Ficamos sabendo que o prefeito não se fazia presente. Uma das atendentes repetia exaustivamente: O prefeito não esta, e, por favor, retirem-se daqui, vocês não podem permanecer aqui sem autorização...

    Os demais integrantes do Movimento dos Sem Teto foram entrando pela entrada dos fundos, formada pelo estacionamento, e por outras repartições da prefeitura.

Enfim, foi um alvoroço inicial que deixou todos atônitos pelo que estava ocorrendo.

Havia funcionários e assessores ligando daqui e dali (sic), apavorados, tentando encontrar alguém que pudesse controlar aquela situação...

(rascunho)