Texto de: Celso Lungaretti*
Mãe de 38 anos foi presa em Goiânia sob a acusação de haver tentado trocar a filha de 2 meses por pedras de crack. Policiais militares a encontraram num terreno baldio, depois de receberem denúncia anônima.
Testemunhas afirmaram que ela ofereceu a criança a várias pessoas num bar por 20 reais, além de haver proposto a barganha a um traficante.
Uns 15 anos atrás, morei próximo a um local onde uma instituição católica distribuía alimentos, roupas e cobertores aos viciados. Muitos acabavam ficando por lá mesmo.
Era deprimente ao extremo: fumavam seus cachimbos com a maior naturalidade, tinham acessos de violência contra transeuntes e motoristas, berravam frases desconexas, faziam sexo e defecavam em público.
Episódio grotesco. Certa vez, uma dessas moradoras de rua (como são ridículos tais eufemismos!) entrou no prédio e roubou uma colcha do varal do zelador.
Este alcançou a mulher na rua, mas ficou com vergonha de usar violência. Puxava a colcha e a fulana resistia. Os bêbados do boteco se deliciaram, zoando o Reginaldo com gracejos tipo "aposto na mendiga"...
Na sexta-feira passada, a caminho da rua Santa Ifigênia (centro velho de São Paulo), cruzei com uns 20 seres que pareciam tudo, menos humanos. Provavelmente, estavam procurando novo local para instalar-se, afugentados pela operação policial na Cracolândia.
Incrivelmente, seu aspecto era pior, bem pior que o de meus vizinhos indesejáveis do passado. Pareciam os zumbis dos filmes do George Romero: mortos se arrastando em câmera lenta, sem forças para mais nada. Duvido que algum deles veja o ano de 2013.
Por mais que me repugne a colocação de qualquer ser humano, contra a sua vontade, sob a tutela do Estado, os viciados em crack estão além de qualquer possibilidade de salvarem-se por si mesmos. Ou são recolhidos na marra e submetidos a tratamento na marra, ou morrem. É simples assim. É doloroso assim.
O horror, o horror!
P.S.: notícia de hoje do Agora, nos revela o que acontece com os que ainda querem salvar-se e aceitam ajuda médica. "Levados em vans da Secretaria Municipal da Assistência Social para a Assistência Médica Ambulatorial Boracea, usuários de crack esperaram ontem por oito horas para serem transferidos para clínicas de tratamento. Como não conseguiram vaga, voltaram para a cracolândia". Sem comentários.
(*) jornalista e escritor
Disponível em: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2012/01/zumbis-do-crack-o-horror-o-horror.html
Mãe de 38 anos foi presa em Goiânia sob a acusação de haver tentado trocar a filha de 2 meses por pedras de crack. Policiais militares a encontraram num terreno baldio, depois de receberem denúncia anônima.
Testemunhas afirmaram que ela ofereceu a criança a várias pessoas num bar por 20 reais, além de haver proposto a barganha a um traficante.
Uns 15 anos atrás, morei próximo a um local onde uma instituição católica distribuía alimentos, roupas e cobertores aos viciados. Muitos acabavam ficando por lá mesmo.
Era deprimente ao extremo: fumavam seus cachimbos com a maior naturalidade, tinham acessos de violência contra transeuntes e motoristas, berravam frases desconexas, faziam sexo e defecavam em público.
Episódio grotesco. Certa vez, uma dessas moradoras de rua (como são ridículos tais eufemismos!) entrou no prédio e roubou uma colcha do varal do zelador.
Este alcançou a mulher na rua, mas ficou com vergonha de usar violência. Puxava a colcha e a fulana resistia. Os bêbados do boteco se deliciaram, zoando o Reginaldo com gracejos tipo "aposto na mendiga"...
Na sexta-feira passada, a caminho da rua Santa Ifigênia (centro velho de São Paulo), cruzei com uns 20 seres que pareciam tudo, menos humanos. Provavelmente, estavam procurando novo local para instalar-se, afugentados pela operação policial na Cracolândia.
Incrivelmente, seu aspecto era pior, bem pior que o de meus vizinhos indesejáveis do passado. Pareciam os zumbis dos filmes do George Romero: mortos se arrastando em câmera lenta, sem forças para mais nada. Duvido que algum deles veja o ano de 2013.
Por mais que me repugne a colocação de qualquer ser humano, contra a sua vontade, sob a tutela do Estado, os viciados em crack estão além de qualquer possibilidade de salvarem-se por si mesmos. Ou são recolhidos na marra e submetidos a tratamento na marra, ou morrem. É simples assim. É doloroso assim.
O horror, o horror!
P.S.: notícia de hoje do Agora, nos revela o que acontece com os que ainda querem salvar-se e aceitam ajuda médica. "Levados em vans da Secretaria Municipal da Assistência Social para a Assistência Médica Ambulatorial Boracea, usuários de crack esperaram ontem por oito horas para serem transferidos para clínicas de tratamento. Como não conseguiram vaga, voltaram para a cracolândia". Sem comentários.
(*) jornalista e escritor
Disponível em: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2012/01/zumbis-do-crack-o-horror-o-horror.html
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