Por Liga Bolchevique Internacionalista
O anúncio feito ontem (05/03) da morte do
presidente da Venezuela, “Comandante Chávez”, como era carinhosamente tratado
pelas amplas massas de seu país, foi o encerramento de uma crônica já anunciada
desde a contração de um agressivo câncer em meados de 2011.
Imediatamente após o trágico anúncio realizado pelo
vice-presidente Nicolás Maduro, a população ocupa as ruas das principais cidades
do país para reverenciar a memória e o combate de seu “comandante”, em uma
clara demonstração anti-imperialista, apesar de todas as limitações que
nacionalismo burguês as impõe.
Os abutres
da Casa Branca e seus acólitos não trataram de perder tempo, Obama declarou que
espera ser a morte de Chávez a abertura de um novo ciclo nas relações entre o
império e a Venezuela, já a SIP e suas “sucursais” saíram a “exigir” novas
eleições presidenciais no prazo de um mês.
Não por coincidência, o principal opositor de
Chávez nas eleições do final do ano passado, Henrique Capriles, encontrava-se
no território do seu “Tio Sam” quando foi obrigado a retornar às pressas a
Venezuela para declarar que “nunca tinha sido inimigo de Chávez”.
O certo é que um profundo sentimento
anti-imperialista percorre o país, diante das incertezas que cruzam a
conjuntura aberta com a morte do “timoneiro” que conduziu a Venezuela a um
regime nacionalista, depois de décadas de vergonhosa subordinação aos EUA que,
sob intensa pressão das massas, foi forçado a assumir uma retórica
“socialista”, algo similar ao que ocorreu no Chile de Allende em meados dos
anos 70.
O novo regime político instaurado por Chávez em
2000 baseava-se na sua forte liderança política e militar, muito mais que um
“partido socialista” ou um “movimento de esquerda”, seu carisma pessoal foi o
“passaporte” que permitiu as mudanças institucionais e sociais ocorridas na
Venezuela nos últimos dez anos. Muitos devem se perguntar se a morte de um
“jovem e vigoroso” Chávez, centro absoluto do regime, teria sido uma fatalidade
“natural” produto de uma doença letal ou provocada por um artifício de seus
opositores locais com a ajuda da CIA?
Para responder a esta questão sem parecer que estamos absorvidos por alguma “teoria da conspiração” ou influenciados pelos filmes de James Bond, se faz necessário remontar a trilha do fracassado golpe de estado ocorrido em 2002.
Para responder a esta questão sem parecer que estamos absorvidos por alguma “teoria da conspiração” ou influenciados pelos filmes de James Bond, se faz necessário remontar a trilha do fracassado golpe de estado ocorrido em 2002.
A deposição de Chávez dirigida pelo líder
empresarial Pedro Carmona, com total apoio da cúpula militar e também da CIA,
foi muito bem sucedida, à exceção do fato de que Chávez continuava bem vivo,
preso em um forte militar.
Se o regime “chavista” tinha como suporte político
a enorme liderança pessoal do “comandante” era mais do que evidente que
deixá-lo vivo, significaria manter latente mais cedo do que tarde o retorno de
seu governo.
A opção de assassinar Chávez não foi apoiada pelo
Departamento de Estado dos EUA, o que invariavelmente colocaria o país em uma
guerra civil.
A opção do imperialismo foi retornar com Chávez da
prisão militar antes mesmo que se esboçasse uma grande reação das massas.
A partir deste período ficava cristalino para a
oposição interna e seus amigos da CIA que a derrubada de Chávez teria que ser
gestada com um plano bem mais “sofisticado” do que um simples putsch
cívico-militar.
As possibilidades de uma vitória eleitoral das
oligarquias sobre Chávez se esfumaçaram completamente após as eleições gerais
de 2006, onde o Movimento V República obtém mais de 60% dos votos.
A opção posta na mesa do novo governo Obama em 2009
foi bloquear a influência chavista no continente com o golpe em Honduras e
preparar o envenenamento de Chávez, pela via da radiação nuclear, para que este
não chegasse vivo às eleições de 2012.
E, de fato, Chávez só conseguiu prolongar sua existência
após a contração em 2011 de um inesperado e agressivo câncer na altura de sua
cintura (região pélvica) em função da ajuda da avançada medicina cubana.
Hoje sabemos muito bem que basta receber um
“abraço” de alguém portando um transmissor de radiação acima dos padrões
suportáveis ao ser humano para desencadear um processo de reprodução anômala
(cancerígena) de nossas células.
Obviamente, que o agente (muito provavelmente um
popular camuflado na multidão) encarregado da missão se protegia com um colete
de chumbo para não se contaminar radiativamente também.
A cúpula do regime chavista maneja estas informações, confirmada quase que inteiramente por cientistas cubanos (não é possível comprovar 100%).
A cúpula do regime chavista maneja estas informações, confirmada quase que inteiramente por cientistas cubanos (não é possível comprovar 100%).
O próprio Chávez tratou de fazer a denúncia dos
“envenenamentos” operados pela CIA contra lideranças nacionalistas da América
Latina, logo foi ridicularizado pela mídia “murdochiana” que o acusou de
delirante e saudosista da “guerra fria”, onde a prática de “espalhar” mortes
súbitas era muito comum.
Hoje a anturragem chavista está divida sobre esta
importante questão, um setor encabeçado por Maduro e o chanceler Elias Jaua
defendem levar a frente a acusação do assassinato de Chávez, a outra fração
liderada por Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, pretende
seguir em frente calado, sem fustigar as relações diplomáticas da Venezuela com
os EUA.
Registre-se que a divisão do regime chavista acerca
da abordagem para as massas das verdadeiras circunstâncias da morte do
“comandante” transcende em muito a uma mera questão “policial” ou de
“espionagem internacional”, o que realmente está em jogo é futuro do curso
anti-imperialista que a Venezuela poderá assumir, ou não, daqui para frente.
Como marxistas revolucionários, soubemos caracterizar desde sua gênese o governo Chávez e a transição institucional que operou no regime político do país.
Como marxistas revolucionários, soubemos caracterizar desde sua gênese o governo Chávez e a transição institucional que operou no regime político do país.
Nunca
embarcamos na ilusão do “processo revolucionário”, difundida no início tanto
pelos reformistas stalinistas como pelos revisionistas do trotsquismo (UIT,
LIT, etc.) que hoje se passaram de malas e bagagens para o campo político da
oposição pró-imperialista.
O chamado
“socialismo do século XXI” não ultrapassou nenhuma fronteira do Estado
capitalista, preservando todos seus mecanismos de acumulação do capital e propriedades.
O fato do Estado ter promovido uma melhor
distribuição social de seu patrimônio monetário, oriundo do monopólio da
extração e exportação do petróleo, não significa que a Venezuela tenha
ingressado em uma “etapa socialista”.
Não existem organismos independentes de poder da
população trabalhadora na Venezuela capaz de caracterizar um processo
revolucionário ou socialista em andamento.
A falácia da
existência dos comitês armados chavistas, não passa de uma fábula
distracionista a serviço da desorganização do movimento operário, que já
protagonizou importantes combates contra a burguesia “bolivariana”.
Por outro lado não podemos negar que sob intensa pressão das massas o regime chavista feriu alguns interesses das corporações ianques, apesar de nunca ter rompido seus fortes laços comerciais com os EUA (ainda são os maiores vendedores de óleo cru para o tio Sam).
Por outro lado não podemos negar que sob intensa pressão das massas o regime chavista feriu alguns interesses das corporações ianques, apesar de nunca ter rompido seus fortes laços comerciais com os EUA (ainda são os maiores vendedores de óleo cru para o tio Sam).
O estabelecimento da ALBA, o apoio logístico a Cuba
(através do fornecimento de petróleo abaixo do preço de mercado) e um relativo
suporte militar a países muito débeis como Bolívia e Equador diante das
pressões imperialistas, foram aspectos progressivos que de forma alguma anulam
o caráter de classe do movimento chavista, no bojo de suas “contradições”.
Neste momento, onde os rumos de uma Venezuela sem
Chávez ainda estão “abertos”, se coloca como tarefa para os leninistas
impulsionar o sentimento anti-imperialista das massas (o justo ódio ao amo do
norte), potenciados pelo covarde assassinato de sua liderança nacionalmente
reconhecida, através de uma plataforma revolucionária que contemple a ocupação
de terras e fábricas, além do armamento real do proletariado.
O duros enfrentamentos que se delineiam no
horizonte, a partir da própria divisão do movimento chavista (moderados versus
“radicais”), devem encontrar uma classe operária bem mais preparada para
derrotar a ofensiva imperialista e seus “esquálidos” representantes
contrarrevolucionários.
Neste polarizado cenário as condições para a
construção do partido leninista são muito mais férteis, a questão é convocar a
vanguarda classista nesta direção.
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