Por Liga Bolchevique Internacionalista
A presidente Dilma foi alvo de
espionagem dos EUA via monitoramento das informações telefônicas e de internet
pela CIA/NSA.
Não se trata de informações colhidas
somente na época do governo FHC como revelou anteriormente a mídia
“murdochiana”, mas durante todo o governo da frente popular, incluindo
conversas e trocas de e-mails entre ministros e assessores, o que obviamente
inclui os dois mandatos de Lula.
Como já havíamos denunciado
anteriormente, quando os noticiários deram bastante destaque às revelações do
ex-agente Edward Snowden sobre a existência de bases de monitoramento
eletrônico instaladas em Brasília no período do governo tucano, a espionagem
estava plenamente ativa e detalha decisões do atual governo petista e contatos
para decisões estratégicas.
As atuais informações vieram à tona via
o jornalista do The Gardian, Glenn Greenwald, que teve seu companheiro
sequestrado em Londres no mês passado justamente porque o serviço secreto
britânico, a serviço da CIA, desejava confiscar seu telefone e notebook para
impedir que novas informações viessem a público.
Diante das denúncias veiculadas pela
Rede Globo, o próprio embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, em visita
nesta segunda-feira (02/08) ao novo ministro das relações exteriores Luiz
Eduardo Figueiredo negou que o programa de monitoramento sediado no Brasil (com
abrangência para toda a América Latina) tenha sido executado para fins de
“espionagem de cidadãos e da presidente” como já havia feito anteriormente.
O ministro da Justiça, Eduardo Cardoso,
declarou que o fato é “inaceitável” e só!
O novo chanceler Figueiredo se
pronunciou que "aguarda explicações" mostrando que segue o mesmo
estilo servil de Antônio (nada) Patriota.
A própria Dilma chamou uma reunião de
emergência para decidir o que fazer, mas nada anunciou além de se mostrar
"indignada".
Não temos a menor dúvida que sua
resolução será no máximo fazer uma declaração formal contra a ingerência de
nossa soberania e solicitar novas explicações, não estando sequer colocada no
horizonte do governo da frente popular cancelar a viagem como chefe de Estado
que Dilma irá fazer aos EUA em outubro como forma de protesto e, muito menos,
suspender relações diplomáticas e comerciais com os EUA!
A verdade é que o caráter da construção do atual gigantesco aparato de espionagem pelo governo ianque está diretamente ligado à política externa do país com a maior máquina de guerra jamais vista na história da humanidade.
No documento vazado pela imprensa, datado de junho
de 2012, a NSA explica como monitorou a presidente Dilma e seus assessores.
A reportagem da Rede Globo em parceria com Glenn
Greenwald também ter acesso a um segundo documento que diz que a NSA tem um
departamento internacional encarregado de espionar Japão, Brasil, Turquia e a
Europa Ocidental.
Um terceiro documento lista os desafios
geopolíticos que serão enfrentados pelos EUA de 2014 a 2019. Em um tópico
chamado "Amigos, inimigos ou problemas?", o Brasil aparece novamente,
mas junto do Egito, Índia, Irã, Turquia e México. Lembremos que em visita
recente ao Brasil, o secretário de Estado ianque, John Kerry, nem sequer pediu
desculpas oficiais pelas ações perpetradas pela rede de espionagem ianque
durante vários anos em nosso país, ao contrário justificou as ações lesivas à
segurança nacional brasileira com o argumento de que seriam para proteger os
interesses dos Estados Unidos e do Brasil!
A verdade é que os convênios oficiais de cooperação
assinados entre a NSA (Agência de Segurança Nacional - EUA) e o governo
brasileiro na gestão FHC permanecem vigentes até hoje, não sendo nenhuma
surpresa as informações que vieram a tona.
Na realidade são estes acordos bilaterais para fins
de “inteligência” que permitem a CIA vasculhar livremente nosso sistema de
informações e dados, valendo inclusive para o monitoramento dos computadores do
TSE ou da Presidência da República, passando por todos os ministérios.
A presidente Dilma finge-se de indignada e cobra
explicações do governo ianque, mas sua reação não terá qualquer desdobramento
concreto porque esta relação de servilismo é própria do papel semicolonial que
o Brasil assume na divisão internacional do trabalho e do comércio mundial.
O próprio ministro da Defesa, Celso
Amorim, em reunião na Comissão de Relações Exteriores do Senado, reconheceu as
vulnerabilidades do país.
Segundo Amorim, o Brasil é vulnerável
porque todas as comunicações, “incluindo as de Defesa”, passam por um satélite
que não é brasileiro (é norte-americano!), já que todo o sistema de comunicação
depende dos EUA.
Parece piada, mas como medida
distracionista, o homem das teles, Paulo Bernardo, Ministério das Comunicações
pediu para os Correios desenvolverem um sistema de e-mail “nacional”! Nesta
segunda-feira (02), houve o anúncio de que os Correios deverão desenvolver uma
“solução nacional de e-mail”.
Uma piada já que os códigos programados usados
neste tipo de comunicação são convertidos em linguagem de supercomputadores por
meio de softwares especiais chamados “compiladores” ou “interpretadores”
controlados pelos EUA. Será que o compilador também será nacional? E o sistema
operacional que será usado para abrigar esse sistema de e-mail? E o hardware
dos computadores?
Tudo isto não passa de farsa já que o
Brasil não controla tecnologicamente a cadeia de comunicação virtual, cujo
domínio pertence a um seleto grupo de países imperialistas e a Israel, assim
como a suas empresas de fachada.
A escolha dos Correios demonstra bem a
comédia de como o governo trata o problema da segurança nacional.
Qualquer criança sabe que o foco dos
Correios está no desenvolvimento de processos de logística para realização de
entregas territoriais, não no desenvolvimento de fórmulas matemáticas complexas
e de programação segura na internet, que exigiria um amplo esforço nacional de
desenvolvimento técnico-científico, política que vem sendo sabotada por Dilma.
O dois lados (Brasil e EUA) tratam com
um cinismo sem precedentes todo o debate acerca da quebra do sigilo pessoal e
corporativo na internet, por parte dos organismos de “inteligência”
norte-americanos.
Empresas como o Google e Facebook logo
se apressaram em afirmar que nunca repassaram dados e informações de seus
usuários ao governo Obama.
Na verdade, as chamadas “redes sociais”
(Face, Twitter, etc...) ou mesmo o protótipo de inteligência artificial que é o
Google, foram criadas diretamente pelo Departamento de Estado Ianque como
colaterais “privadas” de seus organismos oficiais.
Fazem parte de um projeto de monitoramento
global dos EUA, integrado à estratégia de consolidar a hegemonia imperialista
em um mundo totalmente dependente da internet, seja para troca de dados
comerciais e financeiros ou simples informações pessoais.
Estamos às vésperas da ação militar
ianque contra a Síria, sem qualquer respeito sequer aos chamados "fóruns
multilaterais" como a ONU, já que os EUA se colocam no papel de polícia do
mundo independente da vontade de seus "parceiros" e ainda mais de
seus adversários.
O governo Dilma deveria diante do
escândalo da espionagem ianque que teve como alvo a própria presidente
suspender as relações comerciais e diplomáticas com os EUA e romper
imediatamente todos os acordos firmados de cooperação policial e de
“inteligência” com os EUA além de desmarcar sua ida aos EUA em outubro, sob
pena da completa desmoralização nacional.
Entretanto, como vimos na entrevista
coletiva dos ministros Eduardo Cardozo e Figueiredo, a frente popular seguirá
fingindo indignação com a espionagem da CIA, enquanto cretinamente mantém os
tratados de cooperação militar com os EUA, que por sua vez seguirão jurando
“inocência” no caso das bases de monitoramento em Brasília.
Pateticamente Cardozo declara "Se
forem comprovados esses fatos, nós estamos diante de uma situação inadmissível,
inaceitável, por que eles qualificam uma clara violência à soberania do nosso
país.
O Brasil cumpre fielmente com suas
obrigações e gostaria que todos os seus parceiros também as cumprissem e
respeitassem aquilo que é muito caro para um país que é a sua soberania".
Longe de alimentar esta farsa cabe aos
genuínos combatentes anti-imperialistas levantar a bandeira da expulsão dos
agentes (civis e militares) ianques em toda América Latina, assim como a dos
grandes trustes econômicos norte-americanos que trazem exploração e miséria ao
nosso povo, aproveitando os escândalos de espionagem para denunciar que esta
rede de monitoramento também esta a serviço da agressão imperialista a Síria!
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