Senador Boliviano Roger Pinto |
Por Carlos Alberto
Caro leitor,
Lí e re-li várias postagens de Blogues
revolucionários, de esquerda, de direita e até mesmo de fascistas e religiosos
que comentaram, alguns sutilmente, o asilo político “forçado” (na verdade,
autorizado pelo governo Brasileiro) do Senador Boliviano que de estrela não tem nada, neste caso, por uma razão muito simples,
trata-se ao contrário de algumas publicações, de uma “estrela nati-morta” que,
incrivelmente, não representa nem a si mesmo...
Indo na questão, pra mim o asilo político é um
direito universal que extrapola a milhões de anos luz a
questão ideológica.
O asilo político funciona, ou melhor, serve para
proteger a vida, ou ao menos adiar a morte, em alguns casos, de um perseguido
político.
Eu não quero entrar no mérito se o tal
Senador (ex, no meu entendimento, afinal, abandonou a função por conta do
asilo) é ou não é um das centenas de vagabundos (existem evidências de que é) criminosos e ladrões que
permeiam a politica, os governos e os parlamentos latino-americano, mas sim,
que tendo pedido asilo a embaixada brasileira, encontra-se nessa situação
diferenciada da liberdade...
Evo Morales - Presidente Boliviano |
Evo Morales clama por sua volta, aos brados de um
presidente que representa a nação andina mais pobre do continente, que segundo
este, o ex Senador não passa de um “bandido” acusado e condenado pela justiça
de seu país, de ter desviado dinheiro público e de estar envolvido em outras
ações criminosas.
Bem, eu não estou querendo jogar merda no
ventilador da história, mas, cá entre nós, essa ação ali, mesmo não sendo
mentira, dá uma abertura jurídica e política para que outros
“bandidos” e, neste caso, independente de suas ideologias proclamadas, façam o
mesmo aqui no Brasil...
Ora, eu faço questão de nominar suas ações sem querer comparar ou anular as suas historias de lutas,
mas, simplesmente por suas ações criminosas e, na boa mesmo, quem comete crimes
por dinheiro tem um nome peculiar na sua essência e origem que é chamado de
“capitalista” e de ladrão...
Sendo assim, esses pseudos militantes históricos de
esquerda colocaram suas histórias de lutas passadas, na vala comum dos
criminosos, tudo por dinheiro, colocando em descrédito e avalizando todo o
furor existente, hoje, naqueles que viam neles um referencial de ética e
moral na política e de exemplos a serem seguidos...
Como cidadão, eu não consigo diferenciar um ladrão
com ideologia de direita com a de outro ladrão que se proclama histórico de
esquerda, independente de sua nacionalidade, ou mesmo de partido político, com
história, ou sem história dentro do campo popular democrático ou do
populismo oligárquico...
José Dirceu (ex-ministro e asilado em Cuba) e
José Genoíno (cagueta do Araguaia), com as mãos e os bolsos cheios de
dinheiro do erário publico, poderiam fazer o mesmo em outros países e, porque
não na Bolívia?
No meu entendimento, ficar passando por uma
situação vexatória diante da condenação publica e jurídica comandada
pela burguesia (que verdadeiramente governa este país), a saída seria
a própria, através de um asilo político. Ou não seria?
O que mais deixa a militância popular
injuriada, e em alguns casos, até mesmo sem rumo, foi os
chamados políticos “históricos” do PT fazerem o mesmo que os Sarney,
os Collor, os Maluf e os governos do PSDB em São Paulo, ou outras dezenas de
"Otoridades" fizeram, ou seja, meteram a mão no dinheiro público
através de negociatas, superfaturamentos, tráficos de influencia e na compra de
votos, quer seja no congresso ou na criação de caixas 2 para financiamento
de eleições.
Essa prática é histórica no Brasil, mas como alguns
comentam, foram pegos como bodes expiatórios, que pra mim, independente desta
situação “sui generis”, não lhes tira a condição de ladrões...
Assim como milhares de brasileiros, eu fui um dos
que participaram das lutas contra a ditadura militar, a favor das diretas já,
da abertura política, inclusive em ações populares diretas.
Mas, assim como esse “Senador”
Boliviano, e também como outras dezenas de militantes, de jovens, de artista e
de cidadãos brasileiros, precisei pedir asilo político em uma embaixada. Porém,
gostaria de deixar claro que não estou fazendo comparações esdrúxulas o
teor desta postagem, mas sim pela origem dos atos...
No ano de 1982, após ter sido avisado em Porto
Alegre/RS que ainda estava sendo procurado pelo exercito (desertei em 1974) eu
entrei na embaixada da França e pedi asilo político, juntamente com minha
companheira e um filho de poucos meses.
Lembro-me como se fosse hoje, quando passava em
frente da embaixada do México no setor de embaixadas do Lago Sul de Brasilia,
veio a minha cabeça as lembranças da situação de penúria e das dificuldades que um
outro ex-militar estava passando para receber um salvo-conduto (do governo
da ditadura militar) para poder deixar o Brasil, rumo ao México, então sua
escolha, ou alternativa única de momento...
Tratava-se na verdade de um Sargento paraquedista,
também desertor, que estava a uns dois meses “pelejando” esse direito universal
de preservar a sua vida, mesmo que em outras terras...
Ora, o asilo político é uma convenção formal e, em
alguns casos, até informal entre países, e que ocorre ou não através de embaixadas, com aval
ou não de seus governos, e que serve como única via possível para que
pessoas perseguidas, expulsas ou banidas de seu território pátrio possam ter o
direito de viver.
A história política recente da humanidade, fala por si só...
A história política recente da humanidade, fala por si só...
Imagine se os governos de países convencionados
historicamente como de asilos, o fizerem por questões ideológicas?
Como disse recentemente em matéria publicada no seu
Blogue “Náufrago da Utopia” o jornalista e escritor Celso Lungaretti: Negar asilo
ao “Senador” Boliviano seria um erro, em outras palavras, isso ai poderia virar
um “Bumerangue” que atingiria nossos companheiros de luta, no tempo da história...
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