Sob pressão de Chávez e Fidel, FARC inicia “negociações de paz” com o facínora Santos''
Por
LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
As
FARC assinaram neste dia 27 de agosto um acordo para começar as
“negociações de paz” com o governo colombiano.
Não por acaso, as partes
celebraram os termos do pacto em Havana, já que a burocracia cubana e
Hugo Chávez foram diretamente responsáveis por conseguir que a guerrilha
firmasse com o facínora Manoel Santos, assassino do comandante Afonso
Cano, uma “agenda de diálogo” que está voltada a desarmar as FARC, o que
na prática significa um verdadeiro suicídio político e militar para a
guerrilha.
O processo teria sido iniciado em maio deste ano, quando
conversas secretas sobre o assunto foram estabelecidas com o
acompanhamento dos governos da Colômbia, Venezuela, Cuba e Noruega.
Tanto que a próxima reunião do grupo de “reconciliação nacional” será em
Oslo, mediada pelo ex-presidente colombiano César Gaviria.
Em um
comunicado emitido em abril, as FARC haviam anunciado que a
“reincorporação na vida civil implica e exige uma Colômbia distinta e
que confiamos que esta seja a vontade oficial do governo. Assim, sem
dúvidas, poderemos todos desenterrar a paz”. A agenda de negociação
entre o governo e as FARC teria seis pontos básicos, porém, pela
primeira vez se discutiria assuntos como a desmobilização de
guerrilheiros, o fim das hostilidades e a entrega de armas, assuntos que
segundo o governo Santos haviam “limitado” no passado as negociações.
Como se vê, tal “diálogo” está voltado a por um fim nas FARC. Isolada
pelo chavismo, que chegou a entregar vários de seus dirigentes ao
próprio governo Santos e suas masmorras, a direção da guerrilha dá
passos concretos para fechar um acordo com o governo lacaio dos EUA na
América Latina.
Não
esqueçamos que dias após os guerrilheiros das FARC terem sido
massacrados pelo governo Uribe, cujo ministro da defesa era Manoel
Santos, em uma operação militar conjunta com o imperialismo ianque no
Equador, Hugo Chávez defendeu que as FARC entreguem as armas: “Que (as
Farc) entreguem as armas, que formem um partido político, mas que não
lhes matem” (Folha On Line, 07/02/2008).
Agora seu “pedido” começa a
tornar-se realidade. Tal declaração trata-se de um chamado à completa
rendição militar das FARC pela via de um acordo para esta se integrar ao
simulacro da democracia burguesa colombiana.
A proposta do chavismo tem
como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da
guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a
experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de
seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um
partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca 5
mil dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar-mestre da
democracia bastarda colombiana.
Essa tragédia teve como base as mesmas
ilusões reformistas hoje patrocinadas de forma requentada pelo
presidente venezuelano. Ao narcotraficante regime burguês colombiano não
interessa sequer a conversão da guerrilha em partido político
desarmado, apenas sua extinção. Somando-se ao coro reacionário daqueles
que responsabilizam os “métodos” das FARC pela ofensiva militar do
governo Colombiano, ou seja, o uso da luta armada e da captura de
prisioneiros de guerra, Chávez instigou as FARC a “que humanizem a
guerra, que não utilizem o sequestro como uma arma” (Idem).
Fidel também
aconselhou a guerrilha a libertar incondicionalmente os que continuavam
retidos: “Critiquei com energia e franqueza os métodos objetivamente
cruéis do sequestro e a retenção de prisioneiros nas condições da selva.
Mas não estou sugerindo a ninguém que deponha as armas, se nos últimos
50 anos os que o fizeram não sobreviveram à paz. Se algo me atrevo a
sugerir aos guerrilheiros das FARC é simplesmente que declarem por
qualquer meio a Cruz Vermelha Internacional a disposição de pôr em
liberdade os sequestrados e prisioneiros que ainda estejam em seu poder,
sem condição alguma” (Cubadebate, 05/07/08).
Neste ano de 2012, o
conselho de Fidel foi “atendido”. O Secretariado do Estado Maior Central
das FARC anunciou em fevereiro a libertação unilateral de todos os
prisioneiros políticos de guerra e decidiu pôr um fim à chamada política
de “retenção” de adversários políticos para a o
btenção de recursos financeiros.
btenção de recursos financeiros.
Em seu comunicado as FARC declararam: “Muito se tem falado
acerca das retenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil
que, com fins financeiros, nós das FARC efetuamos para sustentar nossa
luta.
Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que, a
partir desta data proscrevemos a prática delas em nossa atuação
revolucionária. A parte pertinente da lei 002, expedida pelo nosso Pleno
do Estado Maior, no ano de 2000, fica, por conseguinte, revogada.
É o
momento de começar a esclarecer quem e com quais propósitos se sequestra
hoje na Colômbia”.
Como
se pode constatar, tratam-se claramente de medidas tomadas com o
objetivo de buscar o chamado “diálogo” com o facínora governo Santos, no
marco de um profundo isolamento político e militar da guerrilha.
Ainda
que consideremos justo que as FARC tomem medidas de autopreservação
neste momento delicado do combate, pois a guerrilha tem todo direito de
negociar a liberdade de seus presos políticos através da troca de
reféns, definitivamente não é anunciando o fim das “retenções”, a
libertação unilateral de todos os prisioneiros políticos de guerra e um
“diálogo” que coloca em pauta seu desarmamento, o melhor caminho para se
defender dos ataques do genocida regime colombiano, muito menos tendo
ilusões de que este possa chegar a algum acordo com a guerrilha que não
seja baseado na sua liquidação enquanto força política e militar.
As
“negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas
pelas FARC estão sendo tomadas no marco de uma enorme pressão
“democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo Chávez e de
Fidel Castro.
A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria,
apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é
a prova do que afirmamos. Não por acaso, o mesmo Chávez que clama pela
deposição das armas pelas FARC tem colaborado vergonhosamente com Santos
na perseguição aos quadros políticos e militares da guerrilha,
justamente porque o caudilho bolivariano deseja ter as FARC como moeda
de troca em seus acordos com a Casa Branca, ainda mais com o agravamento
de seu quadro de saúde e diante das eleições presidenciais de outubro.
Frente
a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam
publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas
medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição política e
não “só” militar.
Através de concessões crescentes como a libertação
unilateral dos presos políticos e a decretação do fim das “retenções” se
aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao
regime títere como prega a senadora Piedad Córdoba e seu movimento
“Colombianos pela Paz”.
Na Colômbia, mais que em qualquer outra parte do
mundo, hoje a simples luta sindical contra os patrões e as
multinacionais exige a ruptura do proletariado com os limites da
legalidade burguesa e a construção de milícias operárias armadas para
desarmar os exércitos paramilitares e as escaramuças do aparato
repressivo.
Não é por acaso, que os mesmos moralistas pequeno-burgueses
de “esquerda” se mostram tão preocupados com os danos que os métodos da
guerrilha causam à consciência e à organização dos trabalhadores, sejam
incapazes de conclamar a organização de milícias operárias para combater
o assassinato sistemático de trabalhadores pelos bandos armados
burgueses.
Isso acontece porque tal tarefa deve ser encabeçada por um
genuíno partido trotskista completamente independente da opinião pública
burguesa e de sua moral, armado de um programa revolucionário capaz de
preparar pacientemente a insurreição das massas colombianas.
É vital
para o movimento de massas colombiano organizar milícias operárias tão
fortes que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações
guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias
proletárias para desarmar o aparato repressivo oficial e paramilitar
assassino.
Diante
do cerco crescente neste momento de maior fragilidade das FARC, os
marxistas revolucionários declaram seu apoio incondicional à guerrilha
diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato
repressivo de Santos.
Simultaneamente, apontamos como alternativa a
superação programática da estratégia reformista da direção das FARC
baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação
da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da
revolução socialista para liquidar o regime facistóide e organizar a
tomada do poder pelos explorados colombianos.
Defendemos que uma
política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês
passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta
independência política em relação ao programa reformista das FARC.
Ao
lado dos heróicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado
pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que
morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da
estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem
patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova
Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres
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