Caro leitor e eleitor,
Mais uma vez estamos diante de um momento
importante nas nossas vidas, ou seja, as eleições municipais nas cidades onde
vivemos.
O Prefeito é o
mandatário direto das cidades, na verdade o chefe do executivo municipal.
É aquele que determina
politicamente (na maioria das vezes) onde, como, e, quando aplicar os recursos
disponíveis na cidade.
Por outro lado, é o
legislativo municipal (Câmara de Vereadores), que fiscaliza esses recursos,
além de propor e elaborar leis para reger o funcionamento pleno do município e,
das relações entre cidade e cidadão.
É ele também (o Vereador) que discute e
sugere mudanças ou não, no orçamento municipal que é apresentado pelo chefe do
executivo, o Prefeito da cidade, e que em muitas situações é dependente
politicamente do Vereador, independente se este é de sua base de apoio ou da
oposição.
Esse integrante do Parlamento Municipal irá nos
representar enquanto cidadãos. Irá traduzir os nossos anseios, naquilo que
podemos chamar de a “cidade que queremos”.
Mas há um fator determinante para todos nós e, trata-se na
verdade, do indivíduo gostar de política, para entender a política (sic), e
poder lutar por seus direitos.
E, em outros casos, entender os meandros do jeito
humano de representar, e de administrar os nossos direitos, protagonizados por
aqueles que eventualmente elegemos.
Ora, eu faço essa ínfima introdução neste assunto, para que
possamos enxergar a importância de um mandato popular, quer seja no executivo,
ou no legislativo e, mais importante ainda, em todas as esferas do poder.
Normalmente (sic), todo esse aparato legal de
representar o cidadão está alicerçado na ética, na moral e na probidade
administrativa e, por isso, eu tomo a liberdade de resgatar esse assunto,
diante de um acontecimento passado que me trouxe lembranças de um ato
considerado ilícito, imoral e antiético para um candidato...
...Logo após os resultados das urnas nas eleições
municipais de 1992, começamos a analisar e a discutir a composição política que
se formara na Câmara de Vereadores de Florianópolis.
Ora, o objetivo era garantir aquilo que hoje chamamos de
governabilidade e, embora essa tarefa estivesse destinada ao executivo então
eleito, mas, isso não impedia que nós então candidatos fizéssemos nossa própria
avaliação...
O secretariado teria de ser formado baseado na
composição laica da própria Frente Popular que saiu vencedora diante das forças
conservadoras que governavam a capital do estado, na mais pura verdade, desde
as capitanias hereditárias, e em outras palavras, desde sempre.
Neste caso, a Frente Popular que seria composta pela
pluralidade ideológica, era formada por sete partidos políticos e um movimento
(MSR) chamado de Socialista e Revolucionário (nome pomposo), este que no meu
entendimento, apenas manchou a historia de lutas do PCB, jogando na vala comum
do fisiologismo, toda a luta que havíamos travado durante o congresso do racha
em São Paulo, ainda no inicio daquele ano de 1992.
...Apenas dando um “pitaco”
neste assunto, eu havia sido atropelado politicamente pela ambição eleitoral
daquele grupo formado por professores da UFSC, e que agiram em conluio com
outros professores universitários, então dirigentes do PCB no município.
Vale lembrar que parte do
PCB havia me lançado como candidato das bases históricas do Partido. Esse apoio
veio principalmente da camarada Marlene Soccas, do Italiano, da Terezinha e,
também do Amadeu Hercílio da Luz, que na verdade, compunham a direção estadual
do Partido juntamente com outros integrantes.
Aliás, esse apoio se
concretizou desde os acontecimentos do Congresso do racha do Partido, quando na
ocasião, eu bati de frente contra o candidato imposto pelo mesmo grupo, que,
tendo perdido a votação dentro da delegação do estado, ainda assim agira ao
contrário da decisão do coletivo catarinense, presente naquele evento
histórico.
Com uma votação dentro do coletivo, eu
havia sido indicado como candidato único para compor o Comitê Central, ou seja,
o diretório Nacional do PCB.
Enfim, eu também havia
recebido apoio de outros setores de base do partido, dentro da própria
Universidade Federal do Estado de Santa Catarina, mas esse não é o foco
principal desta matéria.
Seguindo no assunto...
Com o resultado das urnas já
conhecido de todos, houve uma grande decepção por parte de alguns candidatos,
na verdade, uma forte frustração por terem ficado a pouquíssimos votos de um
mandato popular.
Para se entender melhor, naquela eleição havia 21 vagas
para Vereadores.
Alguns Vereadores foram eleitos pela legenda e outros pelo
coeficiente eleitoral.
A última vaga ficou para o jovem Vereador Gean Marques
Loureiro - PDT, então com 19 anos de idade.
O PDT foi o partido que teve o
número maior de candidatos com uma votação praticamente “grudada” entre uma
candidatura e outra, naquele pleito eleitoral de 1992.
Gean Loureiro havia recebido exatamente 772 votos
Ricardo Barattieri recebeu 765 votos e o Arnaldo Lisboa
recebeu 757 votos.
Foi uma diferença mínima e crucial de 15 votos entre o que
assumiu e o terceiro colocado dentro da sigla PDT.
...Sem fugir do assunto, eu
gostaria de comentar o erro histórico, ou, mesmo o azar do candidato Antenor
Rodolfo da Silva Filho (conhecido por KEKA). O grande azar ou infortúnio do
Keka foi o de ter trocado de partido praticamente nas vésperas das eleições
daquele ano de 1992.
O Keka estava filiado ao PDT
desde a algum tempo, e surpreendentemente foi convencido por alguns amigos a se
filiar no novo partido PPS (oriundo do racha com o PCB).
Bem, se ele tivesse
permanecido no PDT, teria sido eleito até com alguma folga em relação ao Gean
Loureiro.
O Keka recebeu exatamente 830 votos, sendo que o Gean
Loureiro apenas 772.
Mas enfim, perdeu um momento único e
histórico de ser eleito Vereador, que na verdade, representava o seu maior
sonho político que alimentou durante as mais de 5 tentativas em eleições
seguidas para a Câmara Municipal de Florianópolis..
O Keka é meu amigo desde aquela
época. Funcionário efetivo da Câmara de Vereadores, ele era um espécie de líder
comunitário no bairro onde vivia..
O Keka é formado em direito
pela UFSC e pós-graduado, também pela mesma universidade.
Sinceramente, foi uma lástima, afinal, todos nós
torcíamos pelo sucesso do amigo Keka.
... Passado alguns dias da euforia
de alguns e da decepção de outros, eu passei a analisar os acontecimentos.
Durante as eleições eu fui
um dos candidatos (juntamente com a Vereadora Clair Castilhos PSDB, além de
outros), amplamente “massacrado” na propaganda da ARENA-PDS-PPR-PPB-PP
Camaleão, o mesmo balaio de gatos, como sendo um dos “contras” (era invasor de
terras, de área de preservação permanente, era contra o desenvolvimento da
cidade, era um forasteiro etc.).
Na verdade, neste quesito eu tinha uma
posição contrária ao então projeto de construção da Via Expressa Sul, uma obra
que previa a doação de grandes parcelas de áreas públicas para o setor privado
que participassem da sua construção.
Seria um verdadeiro paredão de
concreto travestido de edifícios e condomínios para a elite... O metro quadrado
mais caro do Cone Sul.
Bem, nos dias de hoje
vemos que a obra foi construída com recursos e participação única do poder
público.
Viva os movimentos sociais, setores progressistas da UFSC e
sindicalistas que lutaram por isso...
...Mas, diante dos resultados e do
conhecimento que eu tinha de alguns candidatos, eu passei a me preocupar com a
situação gerada no PDT.
E, afinal, o que eu tinha a
ver com esse partido...
Durante as gravações que
fora realizada nos estúdios da antiga TV RCE nos altos do Morro da Cruz, eu me
encontrei pelos corredores com o Arnaldo Lisboa.
O Arnaldo Lisboa é um cara
que pertence a uma família tradicional do bairro conhecido como Santo Antonio
de Lisboa, que na verdade, fica em direção ao norte da Ilha de Santa Catarina,
e ele era uma espécie de líder comunitário na região.
O Arnaldo Lisboa já havia
participado nas eleições de 1988, mas sem um resultado semelhante ao obtido em
1992.
Pessoalmente o Arnaldo pareceu-me ser uma cara
legal, conversamos muito sobre vários assuntos, e, ele me disse que tinha uma
admiração pelo trabalho que eu desenvolvia na comunidade de Areias do Campeche.
Ele me conhecia pela mídia e
pelo Movimento Comunitário emergente na cidade. Enfim, eu havia ficado com uma
boa impressão deste cidadão.
Ah, eu me lembro até hoje da
minha chamada na televisão. nós candidatos a Vereador do PCB tínhamos apenas
20 segundos para falar, e, eu fiz isso em 17 segundos...
“Meu nome é Carlão, sou artesão e moro na Comunidade de Areias do Campeche, sou presidente licenciado da Associação dos Moradores e sempre estive a frente das lutas dos Sem Terra do Campeche”.
“Eleito Vereador, apresentarei
projetos de alcance social e participação popular”.
“Pela moradia digna, legalização das terras e urbanização das favelas, por
justiça social, vote Carlão, número 79666, Vereador PC - Frente Popular”.
Andando pelo centro da cidade eu
comecei a analisar o que se sucedera nas eleições, e um fato me chamava à
atenção.
Esse fato foi à propaganda do candidato Gean Marques
Loureiro do PDT.
Ele dizia em algumas inserções na TV e no
Radio que “Vou dar uma Ambulância equipada para a comunidade que mais votar em
mim”
Ora, isso se caracterizou como um “crime eleitoral” e
que passou despercebido pelo TRE e, talvez por alguns partidos que viam nesse
jovem candidato uma possibilidade remota de se eleger.
De fato, eu penso que nem o
próprio imaginava essa possibilidade concreta, afinal, havia mais de uma dezena
de nomes “fortes” considerados eleitos.
Eu gostaria de deixar claro
aqui nesta postagem, de que, eu não tinha e não tenho nada pessoal contra o
então candidato e atual Deputado Federal, também candidato a Prefeito de
Florianópolis.
Tratava-se na verdade da minha visão
ética, política e moralmente correta das eleições.
Eu também já havia, sofrido e
assistido seguidas rasteiras e traições nos últimos meses que antecedera aquela
eleição. Na verdade, não passava por minha cabeça lá atrás, a menor
possibilidade de eu ser candidato a um cargo eletivo, embora eu tivesse
discernimento sobre aquela possibilidade.
Eu a também havia sido
vítima de um atentado sórdido e, felizmente fracassado dentro do movimento dos
Sem Tetos.
Tudo isso, aliado as várias
tentativas, e talvez tenham conseguido uma forte campanha sigilosa, mas que
vazou aos meus ouvidos, de desmistificação da minha liderança enquanto
integrante do movimento.
Na verdade funcionava assim: A mídia me
dava espaços, me entrevistava e publicava várias matérias seguidas sobre a
problemática vivida pela comunidade de Areias do Campeche.
Como Presidente da Associação dos Moradores, eu terminava
aparecendo com algum destaque, que mesmo sem eu saber, incomodava os dirigentes
da ONG CAPROM (Centro de Apoio e Promoção dos Migrantes) então comandada pelo Padre Wilson Groh e Pela Ongueira Ivone Perassa). que tinham como objetivo político encampar a luta urbana pela posse da
terra, então visto por eles, como um veio político e eleitoral a ser
conquistado.
Essa minha colocação, brevemente
estarei comprovando com recortes fotográfico dos jornais da época, em sintonia
com os meus relatos que também faço no Blogue: http://tijoladasnamentira.blogspot.com.br
É obvio que eu soube
na época do que rolava despudoradamente dentro de alguns coletivos, e ao pé dos
ouvidos em outras ocasiões. Eu fui avisado e informado por alguns amigos que
eram líderes de outras comunidades.
Eles me encontravam na
feira hippie então existente na Praça XV de Novembro no centro da capital,
local onde eu trabalhava.
E pasmem, essas ações
eram geradas para impor e fazer valer uma liderança plantada e uma candidatura
previamente definida, mesmo antes da formação do próprio Movimento dos Sem Teto.
Ora, gato escaldado tem medo de água fria, diz o provérbio
popular mais conhecido nessas circunstâncias.
Durante as várias reuniões que
antecedera ao processo eleitoral, nós tínhamos combinado em nível de frente
popular, de que gravaríamos os programas em nossas casas, isso independente da
obrigatoriedade dos partidos em manter a gravação arquivada para análise do
TRE, caso surgi-se alguma reclamação ou denuncia dos candidatos e dos partidos
concorrentes.
Nós tínhamos alguns
militantes que estavam fazendo isso, principalmente àqueles mais abastados.
Mas, pasme, eu tinha em casa uma miserável Televisão e Radio FM daquelas de
cinco polegadas, de cor cinza, que predominavam nos camelôs, como produto
paraguaio.
Enfim, era dali que eu
assistia aos programas sempre que podia, entre os espaços dos comícios (foram
56 se não me falha a memória), e as atividades de trabalho e de campanha de rua.
Mas retornando
ao “Crime Eleitoral” praticado pelo
Gean Loureiro, eu estava indo em direção ao edifício APLUB, onde ficava o
escritório local do Senador Nelson Wedekin, quando encontrei casualmente o
Arnaldo Lisboa.
Eu comentei com ele que tínhamos a
gravação do programa do Gean Loureiro e que eu iria fazer contato com o Senador
Nelson Wedekin para conversar sobre aquele assunto.
Bem, não me pareceu surpresa
quando toquei no assunto com o Arnaldo Lisboa, ele já tinha esse discernimento.
Muitos militantes e alguns partidos da época (imagino) ainda dispõem daquelas
fitas em VHS.
Parecia que ele estava aguardando
alguma ação nesse sentido. Depois de conversarmos sobre o assunto, ele me
perguntou quem assinaria o pedido e faria a denuncia. Eu respondi que eu mesmo
assinaria o documento, e era isso que estava fazendo quando ele me encontrou no
ali no centro da cidade.
Na verdade, no meu
entendimento, aquele cara ali (Gean Loureiro) seria mais um dos políticos
desonestos que se instalaria na Câmara de Vereadores.
Oferecer uma ambulância para a comunidade que mais votasse
nele, putz, vai ser cara de pau assim na casa do Carvalho...
Após o bate papo com o
Arnaldo Lisboa, eu sai em direção ao escritório do Senador Nelson Wedekin.
Caminhei rapidamente em
direção ao Edifício APLUB, e chegando lá onde pretendia, eu fui cordialmente
recebido pelo Senador.
Eu comentei com ele o por
que da minha ida até o seu encontro e disse que pretendia entrar com uma ação
pra impedir a posse do Gean Loureiro baseado no “Crime Eleitoral” que
ele havia cometido.
O Senador perguntou-me se eu tinha essa convicção e
eu respondi que sim, afinal, ali estava caracterizado abertamente aquele delito
eleitoral.
Eu pedi ajuda ao
Senador para elaborar um documento respectivo ao assunto, e ele me indicou uma
advogada chamada de Dra Maria Luiza (se não estiver enganado).
Bem, eu fui ao encontro dela no mesmo edifício, e lá
chegando, ela já sabia do que se tratava, e apenas me escutou alguns minutos, e
pediu que eu voltasse no outro dia pela manhã.
Eu aproveitei a leitura que tinha
feito da situação eleitoral que se avizinharia, caso o Gean Loureiro fosse
cassado, e então procurei o Ricardo Barattieri que ficou entusiasmado com
aquela possibilidade.
Na verdade, eu já o conhecia há algum
tempo, e via nele, com o desenrolar dos acontecimentos, o melhor candidato para
assumir a Câmara de Vereadores, dentro da aliança política e eleitoral do qual
participávamos, ou seja, a FRENTE
POPULAR.
Também havia outro entendimento....
Provavelmente o Sergio
Grando (nosso candidato a Prefeito que foi o vencedor naquela eleição), iria
chamar o Dr. Ricardo Barattieri para assumir a Secretaria da Saúde, ou outra
qualquer dentro da administração da Frente Popular (O que terminou acontecendo,
porém, por outras razões).
De fato, se isso ocorresse,
quem assumiria o mandato de Vereador seria o Arnaldo Lisboa.
Bem, esta sim talvez fosse a
maior expectativa no desfecho daquela ação. O meu propósito não seria fazer
aquele ou outrem assumir aquele mandato, mas simplesmente corrigir aquela
aberração durante o processo eleitoral.
No outro dia eu me dirigi
novamente ao escritório da Dra, Maria Luiza e recebi em mãos toda a
documentação preparada para ingressar com a ação junto ao TRE.
Em seguida eu pedi alguns
conselhos de como encaminhar corretamente, e a seguir desci pelo
elevador.
Enquanto ele descia, eu ia lendo
rapidamente o conteúdo, que, sinceramente, mesmo com as minhas limitações no
entendimento de algumas questões jurídicas (é obvio, eu não sou Bacharel em
direito), ainda assim deu para perceber a legitimidade da ação que se
avizinharia.
O Arnaldo Lisboa que era o
maior interessado naquela ação, e já sabia que naquele horário, provavelmente
eu estaria com o documento em mãos, me encontrou próximo da Câmara de
Vereadores.
Oi Carlão, disse ele, vamos
entrar com esse documento ainda hoje se possível né?
Eu comentei com ele que
primeiramente gostaria de conversar com o Deputado Sergio Grando, afinal, ele
era o nosso Prefeito eleito e mais do que isso, ainda um amigo, sendo que eu
deveria consultar ele antes de impetrar aquela ação, ao menos eu pensei assim
logo ao ter a posse dos documentos.
Eu também havia comentado
com o Ricardo Barattieri que mostraria o documento para o Grando e ele me disse
que talvez não fosse necessário, mas também não insistiu na questão, ficou na
dele mesmo.
Conversando e ao mesmo tempo ouvindo os
argumentos do Arnaldo Lisboa, eu ficava quase que decidido a não levar ao
conhecimento do Sergio Grando, mas confesso, minha consideração pelo
“Professor” fazia com que eu o aguarda-se até obter a sua opinião, que, mesmo
eventualmente sendo contraria a minha vontade, ainda assim eu precisaria
ouvi-lo.
Coisas estranhas existem
nessa nossa vida de terráqueos. Como num passe de mágica, surge o Sergio Grando
diante de meus olhos, me cumprimenta, dá um aperto de mãos e me pergunta se
está tudo bem comigo etc.
Eu falei pra ele, tudo bem Grando, vamos fazer um bom
governo, e, ele remendou dizendo que esse seria um bom governo com a ajuda de
todos nós.
Ele já estava quase embarcando dentro do carro que o
levaria a um compromisso, e então eu disse a ele: Grando, eu tenho aqui uma ação que pretendo entrar contra o Gean
Loureiro do PDT e, segui falando, esse cara ali cometeu um crime eleitoral
oferecendo uma ambulância para a comunidade que mais voto proporcionasse a ele,
e, essa ação já esta montada e em minhas mãos.
Comentei ainda, - fiz os documentos com a ajuda do
Senador Nelson Wedekin que me indicou uma advogada.
O Sergio Grando arregalou os
olhos, e me olhando disse, Carlão, não faça isso, esse guri ali é voto nosso na
Câmara de Vereadores. Afinal Carlão, você pretende nos ajudar ou a nos
atrapalhar. E, continuando disse, deixa isso pra lá que esse menino é bom e
está do nosso lado.
Bem, pra mim aquilo ali poderia não
ter sido o suficiente dentro daquilo que eu pretendia, mas, eu tinha que atender
aquele pedido feito por ele.
O Sergio Grando é um cara que costuma
cumprir o que promete. Mesmo ele tendo sido meu adversário no congresso do
racha do PCB lá em São Paulo, ainda assim ele nos considerava pela vertente
social do qual representávamos.
Durante as eleições de 1990, eu fui um dos cabos eleitorais
de sua candidatura para Deputado Estadual.
O Sergio Grando, juntamente
com o Senador Nelson Wedekin e a parcela progressista de então, ainda existente
dentro do PMDB (eu militei ali até parte do ano de 1989), estava seriamente
comprometida em garantir a permanência dos moradores da Comunidade de Areias do
Campeche, no seu próprio local de ocupação, e para isso faria a desapropriação
daquela área para fim social.
E, foi exatamente o que o
Professor, ex Vereador e ex Deputado Estadual, e ainda Prefeito eleito naquela
eleição de 1992, tendo como Vice-Prefeito o Economista Afrânio Tadeu Boppré
(hoje no PSOL), fez ao cumprir a promessa realizada desde os anos de 1989-1990,
ou seja, desapropriou para fim social, a área ocupada tradicionalmente pela
comunidade de areias do Campeche, fato histórico que aconteceu no ano de 1995...
Para o atual candidato a
prefeitura de Florianópolis, Gean Marques Loureiro, o Sergio Grando representou
(ainda que não tenha conhecimento anterior) o mesmo "Salvador da
Pátria" que noutra situação representou o ex Deputado Jaime Mantelli (que
também é meu amigo) aquilo que decidiria a continuação, ou não, do mandato de
Governador do Estado de Santa Catarina para o atual Deputado Federal Paulo
Afonso Vieira...
Neste caso, o Gean
permaneceu no mandato sem qualquer infortúnio, e se reelegeu cinco vezes
consecutivas, trocando de partido, e chagando a condição de deputado Federal
pelo PMDB.
Minha opinião numa linguagem popular...
Esse cara ali chamado de Gean Loureiro está
mais para governar para a elite da cidade do que para a maioria da população.
Jamais nos esqueceremos da
sua opinião e da sua votação em dezembro de 1999 a favor, e durante o governo
de Ângela Amim PP (Partido sucessor e garantidor da ditadura militar no Brasil)
que anistiou ilegalmente uma divida de mais de nove milhões de reais para
empresários locais, enquanto que na contra partida, aumentava o IPTU da cidade
em 22% e, ainda soterrava a possibilidade concreta de fazer uma licitação
publica para o transporte coletivo da capital que estava prevista também na
"Constituição Municipal".
As empresas que operam o serviço de transporte coletivo
urbano na capital são na verdade, as mesmas que a mais de 25 anos operam este
serviço com péssima qualidade e preços abusivos. Como prêmio? Tiveram
suas licenças de permissionárias homologadas por mais 20 anos prorrogáveis,
contrariando inclusive a Constituição Federal que exige que se faça licitação
pública para os serviços públicos, principalmente os considerados como "essenciais".
Na semana que antecedia as votações, os
movimentos sociais se organizavam quase que desesperadamente por conta da data
escolhida pela então Prefeita Ângela Amim.
Vários vereadores estavam
comprometidos com aquela ação nefasta que se avizinhava contra a cidade.
No dia da votação no
finalzinho da tarde daquele dia 22 de Dezembro de 1999, ali estavam reunidos
vários militantes sociais, entidades, sindicatos e parlamentares da oposição.
O Gean Loureiro não tinha conseguido
entrar a tempo na Câmara de Vereadores. O povão tinha fechado a entrada para
impedir o acesso dos que tinham ficado de fora e, isso incluía também, o então Vereador Andre Freyesleben Ferreira.
Nós fomos avisados por um grupo
de militantes de que o Vereador Gean estava na parte lateral dos Correios, na
verdade, em frente ao antigo quiosque do galego. Imediatamente nos
dirigimos num grupo de quatro pessoas e tentamos falar com ele.
Eu cheguei a questiona-lo sobre
a votação e disse que sabíamos que ele iria votar a favor do projeto da Ângela
Amim. Ele mostrou-se inquieto e não respondeu, enfim, o seu silencio falava por
si.
Repentinamente encosta uma viatura bem
em frente da porta de entrada da Câmara de Vereadores e descem escoltados pela
policia militar os dois Vereadores que faltavam para a aprovação do projeto.
Naquele mesmo instante surge ao lado
da Câmara de Vereadores um efetivo considerável de Policiais Militares
fortemente armados com instrumentos e armas letais, e não letais. Chegam dando
cacetadas em todos que estavam ali presentes.
Um policial militar jogou uma granada que
explodiu bem próxima do Vereador Marcio de Souza/PT que é barbaramente atingido
nos olhos. A correria e o quebra pau se estabeleceu por cerca de 30
minutos.
Vários jornalistas e militantes que filmavam
as ações da policia tiveram seus equipamentos apreendidos e em muitos casos,
até jogados ao chão.
Bem, esse foi o quadro registrado
naquele final de ano.
A população da cidade que já estava envolvida
com as férias escolares e a temporada de verão foi sordidamente surpreendida
por aquele projeto nefasto aos cofres públicos, também e nefastos aos direitos
dos munícipes que arcariam com os custos daquela ação, representada também pelo
aumento brutal do IPTU para o ano vindouro.
Enfim, eis ai o candidato
que se apresenta para solucionar em discurso demagogo a problemática da
mobilidade urbana na capital do estado...
Vem aí a aliança burguesa
“PP PCdoB PT PV” com os partidos nanicos burgueses a reboque, “Por amor a
Florianópolis”.
Quem viver verá!
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