Por Liga Bolchevique Internacionalista
Só idiotas, filisteus a soldo do
império ou incautos poderiam acreditar na versão fantasiosa de que o governo
sírio lançou neste 21 de agosto um ataque de armas químicas (gás Sarin) contra
seu povo (particularmente dezenas de crianças), matando mais de 200 pessoas,
justamente quando o país é “visitado” por 20 inspetores da ONU que
desembarcaram no dia 18 de agosto em Damasco com o proclamado objetivo de
“investigar” o uso desse tipo de arma em meio à guerra civil.
A notícia do genocídio se espalhou rapidamente
pela mídia (a ONG ianque Human Rights Watch - HRW chegou a anunciar 2.000
mortos) e logo a “oposição” formada por grupos financiados pelas potências
capitalistas exigiu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre o
suposto massacre cometido por Bashar Al-Assad.
No mínimo, a ONU deve aprovar novas
sanções contra a Síria ou uma retaliação ainda maior.
O chefe da Coalizão Nacional Síria,
Ahmed Jarba, homem diretamente manietado pela Casa Branca e a UE, declarou que
o Exército havia lançado foguetes com agentes químicos nos subúrbios de Damasco
de Ain Tarma, Zamalka e Jobar durante a madrugada, pondo a nu o plano dos
mercenários: “Esta é uma oportunidade para (os inspetores da ONU) verem com
seus próprios olhos este massacre e sabemos que este regime é criminoso”.
Reforçando esse coro, os governos dos
EUA, França e Inglaterra exigiram que os inspetores visitassem o local do
ataque imediatamente.
Como uma trama bem arquitetada, não
resta dúvida de que estamos diante de uma operação montada pelos “rebeldes” sob
a encomenda do imperialismo para incriminar o governo sírio e assim retirar o
foco das atrocidades cometidas pelos golpistas no Egito, apoiados pelo
Pentágono.
Desta forma, com um alto grau de
manipulação midiática e sem informações minimamente confiáveis, se consegue
colocar um sinal de igual entre Bashar Al-Assad e os generais golpistas do
Egito, afinal de contas segundo as grandes potências capitalistas, os
“rebeldes” e os revisionistas do trotskismo, Assad comanda uma “ditadura
sanguinária”.
Diante do clima de comoção mundial provocado pelo massacre no Egito perpetrado pelos golpistas, nada melhor que fabricar um “genocídio” na Síria e mandar inspetores-espiões da ONU para “provarem” que o ataque com armas químicas foi obra do governo Assad, informações não por acaso confirmadas pelo “Observatório Sírio de Direitos Humanos”, ONG financiada pelos governos imperialistas com sede em Londres, assim como pela HRW.
Embora a
“oposição” acuse o Exército pelos ataques, as forças oficiais do governo sírio
fazem a acusação contrária, demonstrando que em outros ataques registrados
foram os grupos armados e financiados desde o exterior que lançaram mísseis com
produtos químicos em regiões como Jan Al-Asal, na cidade Alepo, no noroeste,
onde morreram quase 30 pessoas em março.
Em maio, uma equipe de peritos enviada à Síria
confirmou o uso de gás Sarin pelos grupos armados que atuam no interior do país
e disse não ter evidências do mesmo uso por parte das forças oficiais, seja
contra civis ou contra os “rebeldes”.
De acordo com a agência de notícias síria, Sana, as
fontes e as emissoras que transmitiram as notícias “estão envolvidas no
derramamento de sangue dos sírios e apoiam o terrorismo” e as denúncias são
“completamente infundadas”: “Objetivo por trás das emissões de tais reportagens
e notícias é desviar a atenção da comissão da ONU de investigação sobre armas
químicas da sua missão”, escreveu a agência.
Na Rússia, o ministro de Relações Exteriores,
Aleksandr Lukashevich, disse que um ataque foi lançado desde posições ocupadas
pelos guerrilheiros da oposição: “No começo da manhã de 21 de agosto, um
foguete de fabricação artesanal, similar ao usado pelos terroristas em 19 de
março em Jan al-Asal [quando morreram cerca de 30 pessoas] e com uma substância
química venenosa não identificada, foi lançado desde posições ocupadas por
guerrilheiros”.
O chanceler, citado pelas agências russas,
ressaltou que as informações sobre o uso de armas químicas por parte do governo
do presidente Bashar al-Assad parecem uma “sabotagem planificada”: “Chama a
atenção o fato de que os meios de comunicação regionais privados iniciaram em
seguida, como se tivessem recebido uma ordem, um agressivo ataque informativo
carregando toda a responsabilidade sobre a parte governamental.
Isso parece muito com as tentativas de criar, a
todo o custo, um pretexto para que o Conselho de Segurança da ONU fique do lado
dos opositores do regime e, assim, minar as chances da convocação da
conferência de Genebra, cuja preparação prevê a realização, em 28 de agosto, de
uma reunião ordinária entre os peritos russos e estadunidenses”.
O vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores
da Duma (Câmara dos Deputados), Leonid Kaláshnikov mostrou-se irônico pela
reação do Ocidente ao suposto uso de armas químicas, e acrescentou: “Não é a
primeira tentativa do Ocidente em relação à Síria.
Na realidade, já é um velho truque que foi provado
no Iraque” (Voz da Rússia, 21/08).
Não temos a menor dúvida que dezenas de
pessoas foram mortas por armas químicas na Síria, assim como temos a certeza
que o imperialismo e seus aliados internos e externos são os responsáveis por
este massacre (independente das suas verdadeiras proporções e do número de
mortos que ele tenha provocado).
Já vimos estas farsas montadas no Iraque
e na Líbia recentemente para melhor convencer a chamada “opinião pública
mundial” da necessidade de uma agressão direta da OTAN, além de justificar a
intensificação do envio de armas pesadas aos “rebeldes”.
Esta campanha, além da mídia
“murdochiana”, tem o apoio febril dos revisionistas do trotskismo, que não se
cansam de acusar Assad de ser um “ditador sanguinário”, enquanto apoiavam o
golpe militar no Egito, apresentando a ação das FFAA como uma expressão da
vontade popular.
Como o imperialismo não pode apoiar
abertamente o massacre no Egito orquestrou a fabricação de uma terrível ação na
Síria, que deixou dezenas de mortos pelo uso de armas químicas, cinicamente
acusando Assad de ser o responsável por tal barbaridade.
Esta farsa serve tanto para reforçar a
ofensiva contra a Síria como para embotar os acontecimentos no Egito.
Como papagaios da mídia “murdochiana”,
assim como fizeram na Líbia, a canalha revisionista saiu a denunciar o
“massacre” reforçando sua “frente única” com a Casa Branca e pedindo que Obama
envie mais armas aos “rebeldes”, além de reivindicar da ONU uma “ação exemplar”
contra o governo sírio!
Por isto, usaram os dados da ONG ianque
HRW como fonte de suas denúncias. Segundo a HRW, mísseis balísticos com armas
químicas foram disparados pelo governo sírio contra “rebeldes” em zonas
residenciais matando numerosos civis, incluindo crianças.
O suposto uso desses mísseis contra áreas
populacionais segundo a HRW “faz pensar que o Exército usa voluntariamente
técnicas de guerra incapazes de fazer a diferença entre civis e combatentes, o
que constitui uma grave violação do direito humanitário internacional”.
A HRW já havia divulgado anteriormente
em um relatório que Assad mantinha 27 centros de tortura na Síria, onde os
detidos seriam supostamente “espancados com bastões e cabos, queimados com
ácido, além de sofrerem agressões sexuais entre outras violências”.
Logo a mídia murdochiana também repicou
por todo planeta tal informação fantasiosa.
A ONG baseada em Nova York, acusa tais
centros de serem usados pelas agências de inteligência do governo sírio desde o
início das “manifestações” pró-imperialistas organizadas contra Bashar al Assad
em março de 2011, apresentado como um “ditador sanguinário”, assim como o faz a
esquerda revisionista do trotskismo e a Casa Branca.
Segundo a HRW, “dezenas de milhares
foram detidos pelo Departamento de Inteligência Militar, o Diretório de
Segurança Política, o Diretório de Inteligência Geral e o Diretório de
Inteligência da Força Aérea o que significa claramente a existência de um
Estado policial baseado na tortura e em maus-tratos, o que constitui um crime
contra a humanidade” (Reuters, 03/07).
Lembremos que a mesma ONG defensora dos
“direitos humanos” foi a que apoiou a campanha contra o governo de Kadaffi,
impulsionada pela oposição de direita pró-imperialista em fevereiro de 2011 que
desejava por um fim ao controle do país pelo regime nacionalista burguês.
Na época, segundo a HWR, a mesma ONG
supostamente “democrática” que também em nome da defesa dos “direitos humanos”
ataca sistematicamente Cuba, já seriam mais de 200 mortos na Líbia, reprimidos
de forma brutal pretensamente pelas forças de segurança de Kadaffi com facas,
rifles, armas de fogo pesadas, franco-atiradores e até helicópteros.
Hoje essa fábula é repetida à exaustão
sobre a Síria por todas as redes de TV e cadeias de imprensa ligadas ao
imperialismo.
O script é o mesmo e o objetivo similar: criar
um clima de comoção internacional para favorecer a intervenção militar da OTAN!
Como vemos nas imagens amplamente
divulgadas, ainda que as informações sejam completamente manipuladas e
desencontradas, aparentemente dezenas de crianças e civis foram mortos na
Síria.
A responsabilidade por este ato de barbárie é
do imperialismo e seus mercenários “rebeldes” ainda que desejem culpar Assad
pelo massacre.
O covarde ataque deste dia 21 de
agosto, assim como os atentados anteriores por mercenários, demonstra que está
se cumprindo contra a Síria o mesmo script político montado pelo imperialismo
ianque contra a Líbia, que sempre conta com a ajuda dessa “esquerda” convertida
em porta-voz da OTAN.
Cabe aos marxistas leninistas, na
trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e
históricas das massas árabes, postarem-se em frente única com os governos das
nações atacados ou ameaçados pelas tropas da OTAN e combater os planos de
agressão das potências capitalistas sobre os países semi-coloniais da região,
sem capitular às direções burguesas, como Assad, que são incapazes de levar
adiante uma luta consequente contra o império. Impedir que a OTAN abra um
corredor militar desde a Síria, passando pelo Líbano, para atacar o Irã, é
neste momento a tarefa central da classe operária internacional em seu combate
revolucionário e anti-imperialista.
Nesse combate desmascaramos os
revisionistas do trotskismo (LIT, UIT...) que estão no campo dos mercenários e
da contra-revolução, falsos “rebeldes” que acabam de promover mais um genocídio
conta o povo sírio!
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