Por Liga Bolchevique Internacionalista
A intensa polarização política sobre o debate eleitoral da sucessão
presidencial, antecipado em quase um ano, foi sem sombra de dúvidas o principal
motor que aqueceu as já históricas “Jornadas de Junho”.
As massas tomaram as ruas não para “derrubar um presidente”, como seria
o esperado em uma conjuntura marcada por um governo burguês desgastado,
tampouco aceitaram a desejada imposição midiática do “Fora Dilma”.
Na verdade as massas se mobilizaram em torno da luta de suas
reivindicações gerais focando um novo projeto de governo e país, que pelo
atraso de sua consciência de classe deverá ser concretizado pela via
institucional das próximas eleições.
Como o debate pré-eleitoral se encontra em seu nível máximo de ebulição
política, a população ganhou as ruas apresentando um verdadeiro “programa para
um novo governo”, e não simplesmente uma ou outra reivindicação específica,
como foi o movimento das “Diretas Já” ou o “Fora Collor”.
As “jornadas” tiveram a
capacidade de aquecer o movimento de massas, paralisado vários anos pela camisa
de força da Frente Popular, mas não acumularam o suficiente para alterar a
própria correlação de forças existente entre as classes sociais, o regime
burguês não sofreu nenhum abalo, o governo recuperou praticamente a
popularidade perdida e o mais importante: a organização do movimento operário
não deu nenhum salto de qualidade, como demonstraram as derrotas das greves
nacionais dos correios e bancários.
Como não se abriu nenhuma “janela revolucionária” (para usar um termo do
momento) nesta etapa pós-Jornadas, o debate eleitoral se polarizou ainda mais
com a entrada de Marina Silva no PSB, configurando a aliança entre o capital
financeiro (ITAÚ) e as oligarquias regionais representadas pela candidatura de
Campos.
Os revisionistas que sonhavam com uma aliança entre o REDE e a Frente de
Esquerda (PSOL e PSTU), viram seu sonho virar pesadelo quando Marina “abraçou”
Campos e agora debatem o lançamento do senador sarneysista Randolfe Rodrigues
ao Planalto, ou seja uma completa desmoralização política.
Como esta conjuntura desfavorável
nos impede de ousar uma tarefa revolucionária diante do quadro eleitoral, como
seria a consigna de “tomada de poder” pela via insurrecional das massas,
entendemos que o melhor caminho para se opor, de forma proativa, ao circo
institucional de cartas marcadas, seria o lançamento publicitário de uma
anticandidatura dos trabalhadores, agrupando o conjunto das organizações
comunistas que não se vergaram a esta “democracia dos ricos”.
Muitos ativistas de classe e militantes da esquerda revolucionária estão confusos com o atual período, onde predominam tendências anarquistas (de vários matizes) como reação ao surrado cretinismo parlamentar do reformismo e revisionismo.
O PSTU chegou ao cúmulo do seu
cretinismo parlamentar, apresentando as iniciativas legislativas de sua
vereadora em Natal como “grandes conquistas do movimento”.
Os Morenistas estão apenas reproduzindo o
reformismo, em versão liliputiana, que o PSOL e PCdoB já fazem em grande escala
no Congresso Nacional com seus deputados e senadores.
A tarefa de um verdadeiro parlamentar
comunista não reside na esfera de apresentar “projetos de lei” a serem
executados pelo governo capitalista de turno, mas como nos ensinou o “mestre”
Lenin em se converter no “tribuno do povo para publicitar a revolução e o
socialismo”.
A proposta de lançar uma
anticandidatura operária à presidência da república, totalmente alheia à
legislação vigente, vai no sentido que nos apontou Lenin, ou seja a necessidade
da agitação socialista em momentos onde a população trabalhadora ainda acredita
na senda eleitoral como instrumento de alguma mudança social.
Como uma anticandidatura operária lançada por um arco de apoio classista
e revolucionário, não terá registro eleitoral em nenhum organismo do Estado
burguês, sua campanha política equivale na prática ao boicote eleitoral ativo,
bem mais pedagógico para as massas do que o simples chamado pelo “voto nulo”.
A formação de uma “antichapa”, por iniciativa da esquerda comunista,
terá a função de explicar as massas o caráter restritivo do regime burguês
vigente, onde a legalização de um partido político custa na melhor hipótese
cerca de três milhões de Reais.
Este “mercado” das legendas institucionalizadas rende por ano no mínimo
cerca de 600 mil reais (Fundo partidário) aos “fundadores” das novas siglas,
sendo uma clara forma de cooptação direta do Estado burguês.
Nesta situação encontram-se o
PCO, PSTU e PCB que mesmo sem terem eleito nenhum deputado ou senador recebem
do TSE uma “generosa” verba federal para a realização de suas convenções
regionais, muitas vezes fantasmas como o notório caso do PCO no estado do Rio
de Janeiro.
Os genuínos marxistas revolucionários, não podem admitir por princípio
programático o financiamento de suas organizações pelo Estado capitalista, sob
pena de abrir mão de sua independência de classe.
Desgraçadamente os revisionistas do PSTU e PCO, que saudaram juntos a
destruição contra-revolucionária do Estado operário Soviético e unidos apoiaram
os “rebeldes” da OTAN contra o regime nacionalista do coronel Kadaffi, aceitam
passivamente o recebimento regular de verbas estatais abdicando de um principio
elementar do Marxismo-Leninismo.
Romper com o isolamento e sectarismo dos pequenos agrupamentos
revolucionários, no curso do profundo e franco debate de uma plataforma
programática do proletariado, este é o objetivo do lançamento de uma
anticandidatura operária em pleno processo político da acirrada disputa
presidencial que se avizinha.
Embora as classes dominantes já
tenham se perfilado majoritariamente em torno da reeleição do governo Dilma, no
sentido de garantir a estabilidade do regime, setores descontentes da burguesia
(mais vinculadas ao imperialismo ianque) insistem em outras alternativas de
“poder”, como a aposta nos Tucanos ou pseudo-socialistas “esverdeados”.
Para a classe operária e o
campesinato a ação direta continua a ser a única trilha para arrancar ou mesmo
manter suas conquistas históricas.
Mas a estratégia da mobilização permanente da classe não pode ser
confundida com a negação da luta política e a necessidade da ininterrupta
propaganda socialista.
Os revolucionários comunistas não precisam de um “CNPJ” ou da grana da
burguesia para exercerem plenamente suas atividades políticas e de organização
da classe, também por esta mesma razão não precisam da autorização ou registro
do TSE para lançarem sua própria chapa presidencial ao Planalto, na forma de
uma anticandidatura dos trabalhadores, fincada no programa da revolução
socialista!
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