Por Liga Bolchevique Internacionalista
Nove anos
após a morte de Yasser Arafat, ocorrida em novembro de 2004, peritos forenses
do Centro de Medicina Legal da Universidade de Lousane, Suíça, revelaram que o
ex-dirigente máximo da OLP foi, na verdade, assassinado por envenenamento com o
elemento radioativo polônio 210.
Análises com
amostras de seus restos mortais e objetos pessoais confirmaram a presença deste
elemento altamente letal. Abu Yusef, um dos atuais dirigentes da OLP declarou
que “os resultados demonstram que Arafat foi envenenado com polônio, uma
substância que apenas Estados e não indivíduos a possuem, o que significa que o
crime foi cometido por um Estado” (AFP, 6/11).
Sobre esta questão a BBC (7/11) acrescenta:
“Embora o polônio-210 seja encontrado na natureza, é preciso tecnologia e
acesso a um reator nuclear para conseguir extrair a quantidade necessária para
matar uma pessoa”, ou seja, papel que coube ao enclave terrorista de Israel e a
Casa Branca.
No entanto,
muito além da “descoberta” deste envenenamento – o que há muito já era alvo de
desconfiança entre os militantes palestinos – é a forma como os abutres da Casa
Branca lidam com dirigentes e governos que se colocam como obstáculo a seus
interesses neocolonialistas em todo o mundo.
A opção de
matar simples e puramente Arafat, apesar de sua integração aos ditames
imperialistas, poderia acirrar ainda mais a revolta palestina contra o gendarme
sionista.
No entanto,
para o imperialismo ianque era necessário elimina-lo porque ainda simbolizava a
heroica luta de resistência do povo palestino e, em seu lugar o Pentágono
colocaria uma figura mais alinhada e submissa a seus interesses, como foi o
caso de Mahmoud Abbas.
Algo similar
foi feito em relação à forte liderança política e militar de Hugo Chávez que
também foi envenenado através de algum artifício letal por agentes do
imperialismo.
O próprio
Chávez costumava afirmar que outras lideranças nacionalistas latino-americanas
teriam sido alvos de envenenamentos radioativos provocados pela CIA, a fim de
debilita-los em sua saúde e, claro, na atuação política.
Em 2004, sob um intenso bombardeio diário durante dois anos de cerco por Israel em Muqata (na sede da ANP onde o dirigente palestino estava confinado), Arafat começou a passar mal em 11 de outubro após um jantar. Um mês depois viria a falecer em um hospital na França.
Em uma entrevista o
então primeiro-ministro carniceiro Ariel Sharon chegou a afirmar sem qualquer
receio “que se arrependia de não ter eliminado Arafat durante a invasão do
Líbano em 1982”.
Arafat vinha atuando como colaborador do
imperialismo até a sua morte, cujos Acordos de Oslo e de Hebron são a
consequência das traições do líder palestino.
Precisamente por
estes “serviços” prestados, Shimon Peres, atual presidente de Israel, afirmou
que Arafat era “útil”, “que era possível negociar com ele. Sem ele, foi muito
mais complicado.
Com quem mais
teríamos fechado os acordos de Oslo?”. Os acordos de Oslo efetivados sob a
batuta de Clinton em 1993 tiveram como objetivo deter a onda de revolta
palestina aberta com a primeira Intifada desde 1987.
A Arafat coube a orientação
contrarrevolucionária de iludir as massas palestinas que aceitava a existência
do Estado sionista em troca da promessa da criação de um fictício estado
autônomo palestino, restrito a um reduzidíssima faixa do território histórico,
com pouco mais de dois mil km2 do total dos vinte e sete mil km2 rapinados pelo sionismo, reduzido às terras mais
áridas e sem acesso ao mar, onde 70% da população palestina vive na extrema
miséria.
Como “beneplácito”
do sionismo, foi criada a “Autoridade Nacional Palestina”, uma espécie de
polícia política contra o próprio povo palestino que se enfrenta com o enclave
sionista.
No final, Arafat
subordinou a heroica e histórica luta palestina aos interesses do imperialismo
e das burguesias árabes a fim de “estabilizar” a conjuntura política de
revoltas em nome dos “bons negócios” capitalistas na região.
Depois do
assassinato de Arafat, em 2006 Mahmoud Abbas foi eleito presidente da ANP na
condição de interlocutor de confiança do imperialismo e do enclave sionista.
A partir de
então a OLP encontra-se dividida em vários bandos e camarilhas corrompidas
politicamente até a medula e fecha assim um ciclo da farsa pretensamente
democrática montada no território palestino, na verdade fazendo com que a ANP
seja apenas um gerente-capacho dos verdadeiros bantustões cercados pelo
exército israelense.
Nestes
territórios, o Conselho Nacional Palestino, uma espécie de parlamento simbólico
controlado pela já degenerada OLP, já não tinha qualquer autonomia frente às
forças militares e ao próprio Estado sionista, todas as decisões tomadas pela
ANP são submetidas a Israel, que impede os palestinos de ter os mais
elementares direitos soberanos, como o acesso à água, a utilização do solo e
subsolo, o uso de seu espaço aéreo e do mar, a exploração de atividades
comerciais, etc.
Como se pode
ver, enquanto Arafat se mostrava “útil” aos interesses ianques em razão de sua
autoridade perante o povo palestino o imperialismo manteve-o vivo, mas era
necessário eliminar os todos os resquícios que lembrasse a luta de resistência
e criar uma nova anturragem dócil formada no seio da ANP e cimentada na
existência dos “dois estados”, única condição que o imperialismo aceita para a
Palestina: de um lado a máquina de guerra sionista e de outro o “Estado
bantustão”.
Desta forma,
a cada nova rodada de “negociações” entre a ANP de Abbas, o imperialismo e os
sionistas exigem maiores concessões e capitulações dos dirigentes palestinos,
materializadas no não retorno dos refugiados e o controle político e militar
total de Jerusalém, enquanto os sionistas avançavam com a edificação de novas
colônias judias-ortodoxas nas áreas pretensamente autônomas controladas pela
ANP e respondem a revolta palestina com novos e sangrentos genocídios da população
civil.
Hoje a
resistência palestina está completamente fragmentada, não só a OLP foi
cooptada, setores do Hamas também vem se aproximando do imperialismo via
governos da Irmandade Muçulmana (IM) paridos da chamada “revolução árabe”.
No Egito, por
exemplo, antes do golpe de Estado, Mursi havia rompido relações com a Síria e
apoiava a intervenção militar contra Assad.
Mas da mesma
forma como ocorreu com Arafat, a IM foi rifada mesmo após se mostrar aberta a
colaborar com a Casa Branca e Israel.
Frente a
esta realidade não há outra saída: diante do grau extremo de opressão
imperialista no Oriente Médio, principalmente na Palestina e contra a utopia
reacionária da existência dos “dois Estados” acordados pela burocracia corrupta
da ANP, a única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima
reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e
trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos é a defesa de uma
Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e
judeus.
As massas
somente poderão impor suas reivindicações democráticas diante da opressão
imperialista e do sionismo através de uma luta de caráter abertamente
anti-imperialista e anticapitalista, ou seja, todo o oposto do que a esquerda
revisionista denominou como sua a “Primavera Árabe”, na realidade uma operação
conduzida pelo Pentágono.
A justa
aspiração do povo palestino pela sua pátria, a retomada de seu território
histórico e a edificação de seu Estado nacional apenas podem ser alcançados
ligando as tarefas democráticas pendentes com a luta pela revolução social, o
que também passa pela superação política e programática da orientação
contrarrevolucionária da ANP.
Somente a
expropriação do grande capital sionista e a destruição do Estado nazi-sionista
de Israel* garantirá a reconstrução da Palestina sobre novas bases, em uma
sociedade de novo tipo, socialista, trazendo para seu povo o progresso e a paz
tão almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista.
(*)Neste ponto eu tenho discordância, já que defendo a convivência pacífica entre Palestinos e Judeus. Entenda-se de que Israel é governado por "sionistas", neste caso, os responsáveis, apenas eles, pela agressão ao povo Palestino. Sendo assim, em minha opinião os governos sionistas desde os governos de Moshe Dayan e de Golda Meir tem de serem julgados e condenados por crimes de genocídio contra a humanidade que inclui também o assassinato covarde de Yasser Arafat.
Defendo ainda o retorno de Israel as fronteiras de 1948 com o cumprimento incondicional das resoluções 242 e 338 da ONU, além do pagamento de reparações e indenizações financeiras pesadas de guerra para a reconstrução do estado nacional Palestino. Que os líderes sionistas ainda vivos sejam julgados por uma corte internacional...
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